De visita ao Hospital de Portalegre, onde registaram os problemas de fixação de médicos, os comunistas afirmaram que continuam a "participar na discussão" sobre a morte medicamente assistida.
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A palavra de ordem é reflexão. No dia em que o Bloco de Esquerda anunciou a entrega, no parlamento, do projeto de lei sobre a despenalização da morte medicamente assistida, João Oliveira, líder parlamentar do PCP, diz que é preciso continuar a debater e a ouvir especialistas.
"É uma matéria sobre a qual continuamos a refletir, a acompanhar e a participar na discussão", afirmou João Oliveira, no final de uma visita ao Hospital de Portalegre, no dia em que terminam as jornadas parlamentares do PCP, dedicadas ao tema "Investimento Público e Desenvolvimento do País".
Segundo o líder parlamentar do PCP, os comunistas remetem uma posição oficial para mais tarde: "No momento em que essa discussão for suscitada na Assembleia da República - e, de resto, já está, com um conjunto de audições que estão a ser realizadas, e que certamente ajudarão ao debate político e ao debate público -, tomaremos posição sobre ela".
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Em Portalegre, depois de ouvir o conselho de administração, alguns profissionais e diretores de serviço, o líder da bancada do PCP registou ainda a importância e a necessidade de uma resposta eficaz em matéria de cuidados paliativos.
"Em concreto neste hospital há uma experiência própria e uma avaliação positiva do percurso que foi feito com a unidade de cuidados paliativos", disse, acrescentando: "Há um aspeto que foi sublinhado, que é o investimento que é preciso fazer também para desenvolver e concretizar a resposta que é dada nos cuidados paliativos, independentemente do resto da discussão".
E, a propósito da discussão sobre a morte medicamente assistida, João Moura Reis, presidente do Conselho de Administração da Unidade Local de Saúde do Norte Alentejano, considera que os médicos estão preparados para o debate.
"Acho que a preparação existe e que sim, estamos", disse, defendendo ainda que, sobre os cuidados paliativos, se deve "pensar tudo em conjunto", em "vários tipos de níveis de serviços que vão ser prestados, quer sejam primários, hospitalares, continuados integrados ou paliativos".
PCP pede mais recursos humanos e avisa para os problemas de fixação de médicos no interior
Durante a visita da comitiva comunista, O administrador João Moura Reis deu conta da dificuldade em atrair médicos para a região, sublinhando a falta de especialistas em áreas como anestesia, oftalmologia, pediatria ou otorrinolaringologia.
João Oliveira, líder parlamentar do PCP, diz que está à vista de todos que os atuais incentivos à fixação de profissionais não chegam. "Em muitas circunstâncias, os incentivos remuneratórios são devolvidos pelos próprios médicos que, mais tarde ou mais cedo, acabam por se ir embora destas zonas mais carenciadas".
Nesse sentido, os comunistas pedem mais incentivos de natureza social ou familiar, mas também melhorias na valorização das carreiras dos profissionais, para que se possa garantir a permanência de médicos no interior do pais.
"Quando tratamos do investimento e desenvolvimento do país, a área da saúde é uma daquelas em que mais evidentemente se constata a necessidade de intervenção pública. As necessidades de investir nos recursos humanos, dignificação das carreiras, condições de trabalho e adequação do número de profissionais às necessidades do Serviço Nacional de Saúde são absolutas", afirmou.