PCP considera que eleição de Trump traduz "acentuado nível de degradação" do sistema político
Os comunistas lamentam "o apoio à política genocida de Israel contra o povo palestiniano" e "a promoção de uma perigosa escalada de confrontação no plano mundial"
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O PCP considerou esta quarta-feira que a eleição de Donald Trump como Presidente dos Estados Unidos traduz o "acentuado nível de degradação" do sistema político norte-americano e o "descrédito das elites dominantes" após os anos da administração Biden.
Em comunicado, os comunistas alegam que a eleição de Trump é resultado de "uma acentuada crise económica e social, com a deterioração das condições de vida dos trabalhadores", que consideram ter defraudado "a vontade e a expectativa de uma efectiva mudança de política no plano interno e externo".
Como exemplo, o PCP aponta "o apoio à política genocida de Israel contra o povo palestiniano" e "a promoção de uma perigosa escalada de confrontação no plano mundial".
Após este comunicado, e em declarações aos jornalistas no parlamento, a líder parlamentar do PCP, Paula Santos, reiterou que as eleições norte-americanas revelaram "uma acentuação da degradação do sistema política dos Estados Unidos da América, que se arrogam o direito de querer dar lições de democracia ao mundo".
Questionada que resposta deve dar a Europa, a deputada defendeu que "não pode ser um caminho de reforço do militarismo".
"Nem pode ser, a pretexto destes resultados, o caminho de se avançar numa perspetiva quase de transformação num bloco militar complementar à NATO. O que é necessário é o respeito pelos povos, pelos seus direitos, de soluções pacíficas para os conflitos e combatendo este caminho armamentista, de militarização", considerou.
No comunicado, os comunistas criticam "o degradante espetáculo da campanha eleitoral, assim como o caráter opaco e antidemocrático do sistema eleitoral", que "traduzem o acentuado nível de degradação a que chegou o sistema político dos EUA, que entretanto se arroga no direito de dar ao mundo lições de "democracia".
"Um sistema onde se multiplicam mecanismos e manobras que visam subverter a expressão da vontade popular, desde logo, o controlo a partir do financiamento das campanhas pelos grupos económicos e financeiros, incluindo os do sector do armamento", sustentam.
Para o PCP, a eleição de Trump, "com a sua agenda profundamente reacionária, não só representa a continuação e aprofundamento da política ao serviço dos interesses do capital financeiro, como da estratégia de confrontação, ingerência e agressão que visa impor o domínio do imperialismo norte-americano no plano mundial, com o que representa de séria ameaça à paz, à soberania e aos direitos dos povos, à segurança internacional".
Depois de reafirmar a sua solidariedade com os comunistas e as forças e setores progressistas dos Estados Unidos, o PCP salienta que, "ao contrário do que sugere a generalidade da comunicação social dominante, não serão os EUA, qualquer que seja o seu presidente, mas a luta dos trabalhadores e dos povos pelo progresso social e a paz, que em definitivo determinarão o rumo do evolução mundial".
O republicano Donald Trump foi eleito o 47.º Presidente dos Estados Unidos tendo já conquistado mais do que os 270 votos do colégio eleitoral necessários à eleição, quando ainda decorre o apuramento dos resultados. Trump segue também à frente da adversária democrata, Kamala Harris, no voto popular, com 51,1% contra 47,4% dos votos.
O Partido Republicano recuperou ainda o Senado ao ultrapassar a fasquia de 51 eleitos, enquanto na Câmara dos Representantes segue igualmente na frente no apuramento com 201 mandatos, a apenas 17 da maioria.