PCP critica Programa de Estabilidade, Bloco vê "importância reduzida" no debate
Os partidos da esquerda assumem posições diferentes apesar do mesmo tom crítico. O PCP avança com recomendação própria contra diplomas do PSD e CDS. BE espera pelas eleições de outubro.
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O que fazer perante um Programa de Estabilidade que "não responde aos problemas do país", sem votar ao lado do PSD e do CDS? Eis o dilema da esquerda a que BE e PCP vão responder de forma diferente: o PCP entra no debate da próxima quarta-feira com um projeto de resolução "Pela afirmação do direito soberano de Portugal decidir do seu futuro, pela resposta aos problemas do país" enquanto o Bloco opta por desvalorizar a discussão.
Esta tarde, Catarina Martins considerou que o debate parlamentar sobre o Programa de Estabilidade tem "uma importância política muito reduzida", por haver eleições este ano e aproveitou para recordar o que aconteceu em 2015 quando o Programa de Estabilidade apresentado pela então coligação PSD/CDS acabou por não ser concretizado.
"Nada disso aconteceu porque houve eleições. O Programa de Estabilidade que está agora a ser debatido tem uma importância política muito reduzida, porque as decisões que contam vão serão tomadas nas eleições", defendeu a coordenadora do Bloco.
Sobre os diplomas que acompanham o debate, já que o Programa de Estabilidade não é sujeito a votação, Catarina Martins prometeu "ler todos com muita atenção", mas aproveitou para criticar o CDS.
"Vi com alguma estranheza que o CDS passou de um projeto de mais de e 40 páginas para um, em ano de eleições, com menos de uma página A4. À partida não estamos de acordo", disse Catarina Martins.
Se, desta vez, o BE não avança com um projeto de resolução, o PCP faz questão de vincar posição apresentando um diploma no debate de quarta-feira.
Esta manhã, Jerónimo de Sousa repetiu o "sentimento crítico" em relação ao Programa de Estabilidade (PE) do Governo que "sofre dos vícios do passado recente".
"Nós confirmamos que este PE não corresponde àquilo de que precisamos para o nosso país. Precisamos, de facto, de um desenvolvimento soberano. Temos problemas estruturais que precisam de ser resolvidos. Mas, mais uma vez, aquilo que esta proposta comporta é as limitações que resultam das imposições e submissão à União Europeia. Não responde àquilo que são os nossos estrangulamentos, desde a produção nacional, a necessidade de investimento", vincou o secretário-geral do PCP.
Na próxima quarta-feira, quando for debatido o Programa de Estabilidade apresentado pelo Governo vão estar em discussão, além do projeto de resolução apresentado pelo PCP, outros dois do CDS sobre o Programa Nacional de Reformas e o Programa de Estabilidade 2019-2023 , além de outros dois diplomas do PSD, um que "Rejeita a estratégia económica e orçamental prevista no Programa de Estabilidade 2019-2023" e outro "Por uma alternativa de crescimento forte e sustentável" e que devem ter chumbo garantido através de votações cruzadas.