PCP diz que é "possível" uma nova política "mantendo os compromissos" assumidos
Na abertura Festa do Avante, Jerónimo de Sousa afirmou que o programa do PS "dificilmente" seria a solução para as "questões de fundo" do país, mas que apoio do PCP evitou caminhada de PSD/CDS-PP.
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"Sim, é possível. O PCP, mantendo os compromissos e a palavra dada, não regateará nenhum esforço na sua ação e intervenção, na sua proposta para que se concretize uma nova política que enfrente e resolva os problemas nacionais", disse Jerónimo de Sousa no arranque da 40.ª edição da "Festa do Avante!".
Rodeado de dezenas de militantes e simpatizantes, junto do Espaço Central, na Quinta do Cabo - o novo espaço adquirido pelo PCP e que alarga o recinto da festa comunista -, o secretário-geral do PCP garantiu que o partido não vai fugir aos compromissos assumidos aquando do apoio ao atual Governo, mas que, no mesmo sentido, também não irá desarmar na luta por uma política "alternativa, patriótica e de esquerda".
E deixa o apelo: "Certo e seguro é que, sem a luta dos trabalhadores e do povo, sem o reforço do PCP, sem a convergência dos democratas e patriotas, mais tempo demorará a concretizar a possibilidade real de uma vida melhor, num país que terá tanto mais futuro quanto mais soberano for e mais força tiver o povo para decidir".
Perante os jornalistas, no discurso de abertura, Jerónimo de Sousa justificou ainda o apoio do PCP ao governo liderado pelo Partido Socialista com aquilo que os comunistas entendem como os sucessivos ataques do anterior governo PSD e CDS. O secretário-geral comunista não poupa, no entanto, críticas ao PS.
"Tínhamos e temos consciência de que com um governo do PS, e com o programa do PS, as questões de fundo e problemas estruturais dificilmente encontrariam as respostas necessárias, mas havia duas questões urgentes: impedir que o governo PSD/CDS-PP prosseguisse a sua política de terra queimada; e, em segundo lugar, com uma nova fase da vida política nacional, que fosse encetado o caminho da reposição dos salários, dos rendimentos e direitos, da reposição dos horários de trabalho, e de salvar os serviços públicos como a saúde, a escola pública", sublinhou.
E, não esquecendo os quatro anos de governação PSD/CDS-PP, Jerónimo de Sousa, acusou social-democratas e centristas de governarem "a toque de caixa dos centros de decisão da União Europeia (UE)" e sob o "manto protetor" do então presidente da República", Cavaco Silva, acrescentando que, atualmente, ambos os partidos vivem "zangados" e a anunciar desgraças" com a "esperança de que os centros de decisão da UE castiguem os portugueses".