Pedro Nuno apresenta-se com "humildade e empatia": recusa "apontar o dedo" e reconhece erros
Pedro Nuno Santos, que reconhece "os erros", promete empatia e humildade para resolver os problemas do país.
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Humildade, empatia e confiança são as palavras-chave de Pedro Nuno Santos. No primeiro discurso perante a Comissão Nacional do PS, o secretário-geral admite que há quem esteja “zangado” com o partido, depois de oito anos de governação, mas promete reconquistar os descontentes.
Ao fim de oito anos no poder, com Pedro Nuno Santos a pertencer a grande parte deles, como secretário de Estado e ministro, o socialista admite que houve “erros” e respostas insuficientes. Mas perante os populismos e a direita, é o PS que continua em melhor posição responder aos que “sentem que a sua vida está a marcar passo, não ata nem desata”.
“Não podemos apontar o dedo a quem está insatisfeito. A culpa não é de quem se afastou de nós, temos de os recuperar. Temos de ter humildade e empatia de perceber que há problemas que ainda não estão resolvidos”, sublinhou.
Desde logo, os problemas que têm marcado a agenda, no Serviço Nacional de Saúde (SNS) e na habitação. E até com as forças de segurança, com quem Pedro Nuno Santos quer reunir já na próxima semana, numa fase de protestos. Na primeira fila estava o ministro da Administração Interna, José Luís Carneiro.
“No momento presente, que é difícil, temos de começarmos por lembrar aquilo que já fizemos. Mas precisamos de dar um novo impulso, de continuar e de intensificar a valorização daqueles que dedicam a sua vida a cuidar da segurança coletiva do nosso povo”, declarou.
E, nesse sentido, o PS “não pode negar, em nenhum momento, os problemas que os portugueses sentem”. “Empatia: a capacidade de sentir o outro, os problemas dos outros, de ouvir”, acrescentou.
“Ouvir” é o primeiro passo, na estratégia de Pedro Nuno Santos, para resolver os problemas dos portugueses. Há problemas “novos” e outros que se mantêm, mas o líder socialista puxa pela experiência governativa para explicar que só o PS sabe como os enfrentar.
“Ao longo da nossa governação surgiram problemas novos e vão continuar a surgir. Os governos têm de saber lidar com esses problemas novos que vão surgindo e há problemas de sempre cujas respostas foram insuficientes”, reconheceu.
Daí a “humildade” que deve nortear os políticos, principalmente, os que têm funções de governação para que “aprendam com o que correu bem e aprendam com o que correu mal”.
Programa para habitação “não teve sucesso”
Pedro Nuno Santos tem sido criticado pelos adversários pelas várias “trapalhadas” enquanto governante, seja nas infraestruturas ou na habitação, que foi uma das pastas do agora líder socialista. Admite que o programa para fazer frente à crise na habitação “não teve sucesso”, mas o PS sabe o que correu mal.
Foi o caso da isenção de IRS ou IRC aos senhorios que fizessem contratos de arrendamento abaixo dos valores de referência em cada zona urbana. Os senhorios não aderiram a essa medida, porque o mercado da habitação tem “uma procura avassaladora”.
“A governação também é isto. Vamos adotando medidas, algumas produzem os efeitos esperados, outras não, mas aprendemos com elas e alteramos o que é preciso alterar”, apontou.
Com a experiência governativa, o PS “continuará a fazer de Portugal um país onde valha a pena viver”, promete o líder socialista, e reconhece que a emigração “ainda é um problema” no país.
Os jovens continuam a emigrar, de acordos números do Observatório da Emigração citados pelo Expresso, três em cada dez jovens nascidos em Portugal optam por sair do país, mas o secretário geral do PS lembra que os números de hoje são metade dos de há dez anos.