Pedro Nuno atira à "vitimização" de Montenegro, desvaloriza ausência na posse e reitera lugar na "oposição"
O líder do PS considera que o discurso de Montenegro, durante a cerimónia de posse do novo Governo, foi "muito focado na oposição".
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A ausência de Pedro Nuno Santos na posse do Governo foi notada, mas o secretário-geral do PS não se alonga na justificação. Nota que o PS fez-se representar por Alexandra Leitão, que ouviu um discurso "muito mais focado na oposição do que propriamente em Portugal". E quanto às promessas eleitorais, o socialista avisa que Montenegro está a “preparar terreno” para deixar as medidas na gaveta.
"Foi um discurso de um Governo da vitimização, da lamentação, do queixume em vez de um Governo de ação", afirmou Pedro Nuno Santos, na primeira reação depois da posse do novo Governo da Aliança Democrática.
O socialista referiu que o PSD "não pode esperar que o PS resolva dar-lhes a maioria que o povo não deu à AD" e apontou o dedo a Montenegro por ter criado uma "chantagem sobre o PS, como se o PS estivesse obrigado a sustentar o Governo com o qual discorda".
"Se o não é não é para levar a sério, também é para levar a sério votarmos contra o que não concordamos", atirou, reforçando que os socialistas dificilmente viabilizarão o Orçamento do Estado da direita. "O PS será oposição, uma oposição responsável", garantiu, sublinhando que Portugal precisa de "um Governo para governar, não de um governo de combate com a oposição".
Pedro Nuno disse que irá conversar com Luís Montenegro sobre o orçamento retificativo, “por iniciativa própria”, lamentando que, até agora, ainda não tenha existido “uma reação” à disponibilidade socialista. Já sobre o excedente orçamental, o secretário-geral do PS indica que "não é o excedente que coloca pressão sobre a governação, mas o programa económico do PSD e da AD".
"A teoria dos cofres cheios não nasceu com o PS nem resulta do excedente. Resultou de uma campanha eleitoral em que a AD prometeu tudo a todos", afirmou, avisando que "assistimos à preparação do terreno político para a não concretização de tudo aquilo que foi sendo prometido".
O discurso de Montenegro foi, de resto, “típico dos governos da direita e do PSD” com a ideia de que “não há dinheiro, a propósito de um debate nas últimas semanas sobre o excedente orçamental”: O que coloca pressão sobre esta governação é o programa económico do PSD, da AD. A pressão vem daí”, defendeu.
O líder socialista sublinhou que o PS "fará o seu trabalho na oposição" e deixou uma garantia: "O trabalho do PS não é ser bengala do PSD." "O PS não cede nem tem receio de chantagens de que nos encostem. O PS é fiel e firme na defesa daquilo em que acredita", referiu.
Pedro Nuno Santos assinalou que é "praticamente impossível" que haja uma convergência do PS e do PSD na proposta de Orçamento de Estado para 2025. "Se levam a sério o não é não de Luís Montenegro, levem também a sério quando dizemos que é praticamente impossível", disse.