Pedro Nuno cola PSD a “partido neoliberal”. Isenção de impostos na habitação “não é solução”
Num encontro com legisladores norte-americanos, o socialista deixou ainda críticas à União Europeia
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Perante uma plateia de lusodescendentes, que vão dando cartas na política norte-americana, Pedro Nuno Santos não deixou de apontar o dedo a Luís Montenegro. O socialista cola o PSD ao neoliberalismo e garante que o tempo vai dar-lhe razão quanto às políticas de habitação do atual Governo.
Num encontro com legisladores norte-americanos, o socialista começou por transmitir o seu ponto de vista quanto à economia: só melhores salários tornam “a economia mais produtiva”. E essa é a primeira diferença para o PSD.
“É aqui, aliás, que discordamos do principal partido político no Governo em Portugal, o Partido Social Democrata. O que é, claro, um termo impróprio. O PSD é um partido neoliberal há muitos anos, não um partido social-democrata”, criticou.
Foi a tentativa de Pedro Nuno Santos em isolar o PS na ideologia social-democrata, partilhada, em Portugal, com o partido liderado por Luís Montenegro, e dá o exemplo das políticas de habitação. O Governo está a reduzir os impostos para os mais jovens, na compra de primeira casa, mas o líder do PS discorda.
“O fim dos impostos não é a solução. Não é a solução. Este Governo está a fazê-lo, mas não resolve nada. Daqui a uns anos vamos ver que o fim dos impostos na compra de habitação não resolve o problema”, acrescentou.
E também soaram críticas à União Europeia. Pedro Nuno Santos afirma que as regras da concorrência prejudicam os países da periferia e dá o exemplo do regaste das companhias aéreas na pandemia.
“Sei disto em primeira mão porque era Ministro das Infraestruturas e da Habitação quando o Governo português resgatou a nossa transportadora tradicional, a TAP. O processo foi um sucesso e a TAP está a prosperar. Mas a conta foi paga pelos contribuintes portugueses e o resgate só foi aceite pelas autoridades europeias com fortes condicionalidades em linha com as regras de concorrência da União”, lembrou, salientando o sucesso do plano de reestruturação.
Por outro lado, os Estados Unidos injetaram dinheiro nas companhias aéreas, lembrou Pedro Nuno Santos, com “60 milhões de euros para manter as empresas a funcionar”.
Após o discurso, a fase de perguntas pelos lusodescendentes, que lembraram a ascensão da extrema-direita, não só em Portugal e nos Estados Unidos, mas um pouco por toda a Europa. Pedro Nuno Santos admite que os partidos democráticos têm de simplificar o discurso.
“O discurso populista é fácil, é rápido, dá-te uma resposta. Explora a divisão. Nós podemos simplificar o discurso sem simplificar os problemas. Os problemas estão lá, são reais”, disse, admitindo que tem de aprender a transmitir uma mensagem em 30 segundos, para as redes sociais, um campo onde os populistas levam vantagem.