Pedro Nuno considera "possível fazer campanha com elevação" sem fugir dos casos de Montenegro
"Tivesse o primeiro-ministro sido escrutinado como eu fui antes das últimas eleições e provavelmente não teríamos problemas que temos hoje"", considera o líder socialista
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O secretário-geral do Partido Socialista (PS), Pedro Nuno Santos, afirma que, se Luís Montenegro tivesse sido alvo do mesmo escrutínio feito ao líder socialista antes das últimas legislativas, não haveria o problema que levou à queda do Governo.
"Em qualquer ato eleitoral, nós precisamos de primeiros-ministros honestos. Fala muito de que foi muito escrutinado, não sei de onde é que tirou essa ideia, porque tivesse o primeiro-ministro sido escrutinado como eu fui antes das últimas eleições e provavelmente não teríamos problemas que temos hoje", disse Pedro Nuno Santos em entrevista à RTP.
O socialista aponta que é possível manter a elevação do debate e discutir os casos relativos ao primeiro-ministro na campanha: "Nesta campanha em particular, nós não podemos também ignorar o que é que nos trouxe ela. Mas eu acho que é possível fazer uma campanha com elevação, sem deixar de falar de um tema que é muito importante, que é o da ética e da transparência no exercício dos cargos públicos. Portanto, esse é um tema que, não tendo de ser central ou de ocupar todo o espaço, é um tema importante, porque foi, aliás, esse tema que nos faz ir para eleições."
Pedro Nuno Santos considera que, caso os socialistas tivessem viabilizado a moção de confiança, estariam condicionados na discussão do Orçamento do Estado para 2026.
"Não foi o Partido Socialista que precipitou o país numa crise. Como é que nós chegaríamos a outubro, quando depois de darmos um voto de confiança, continuar-nos-iam a pedir esse voto de confiança no Governo",
O líder socialista reitera que a culpa da crise política é de Luís Montenegro e volta a explicar que os socialistas não poderiam votar a favor da moção de confiança.
"Se em janeiro deste ano nunca poderia viabilizar uma moção de confiança, porque não estava comprometido com a governação, nem queria estar comprometido com a governação, muito menos depois do que aconteceu nestas últimas três semanas. O primeiro-ministro decidiu que queria apresentar uma moção de confiança que sabia de antemão que seria chumbada e, portanto, não deve ser assacada ao Partido Socialista a responsabilidade que, na realidade, é só de uma pessoa", explica o líder do PS.
Pedro Nuno Santos rejeita a ideia que esta crise política venha a beneficiar a eventual candidatura de Henrique Gouveia e Melo às presidenciais do próximo ano por não ser político.
"Eu não consigo aceitar essa ideia, porque eu não percebo sequer porque é que o almirante possa beneficiar de uma crise política. A partir do momento que decide ser candidato a Presidente da República está a decidir ser político. Depois, não há democracia parlamentar em nenhum país do mundo que se faça sem partidos políticos e é muito importante e, apesar de nós não desejarmos eleições, ainda bem que nós vivemos num país que pode resolver uma crise política com recurso a um ato eleitoral. Isso é uma grande vitória que os portugueses conseguiram há 50 anos que nós não poder (...) Eu espero bem que não beneficie o almirante, que obviamente não é o candidato do apoiado pelo Partido Socialista", afirma.