Pedro Nuno encosta Montenegro e mostra-se disponível para viabilizar orçamento retificativo
O PS está disponível para dialogar em "matérias de consenso", como aumentos dos professores ou polícias, e ainda sobre a localização do futuro aeroporto de Lisboa.
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Pedro Nuno Santos mantém que o lugar do PS será na oposição, deixa a liderança do Governo para a Aliança Democrática, mas começa a nova fase a tentar condicionar a agenda do futuro primeiro-ministro, Luís Montenegro. O PS está disponível para viabilizar um orçamento retificativo para aumentar professores, polícias, profissionais de saúde e oficiais de justiça, apenas em “matérias de consenso”.
A ideia foi transmitida, em primeiro lugar, ao Presidente da República, em audiência no Palácio de Belém, e agora é tempo de ouvir Luís Montenegro, recebido por Marcelo Rebelo de Sousa na quarta-feira.
“Foi notório para todos que haviam um largo consenso, que extravasa, aliás, o próprio PS e a AD, sobre a necessidade de valorizarmos as carreiras e as grelhas salariais de alguns grupos profissionais da administração pública”, sublinhou Pedro Nuno Santos.
Pedro Nuno Santos recusou revelar a resposta de Marcelo Rebelo de Sousa à intenção socialista, mantendo dentro de portas a conversa com o Presidente, mas reforça que, quanto ao Orçamento do Estado, o PS continua a colocar-se de fora de uma possível viabilização. O orçamento retificativo tratará apenas de “matérias de consenso”.
“Tendo em conta que pode ser necessário alterar limites de despesa, nós estamos disponíveis para viabilizar um orçamento retificativo que esteja limitado às matérias de consenso”, anunciou.
Também sobre a futura localização do aeroporto, Pedro Nuno Santos mostra-se disponível para “participar” num trabalho conjunto com a Aliança Democrática, para “parar a indecisão de 50 anos que o país precisa de resolver”. Se Luís Montenegro aceitar o repto, o PS vai indicar “dois nomes” para negociar diretamente com o Governo.
“Eu próprio farei o contacto com o líder da coligação para disponibilizar, para demonstrar esta disponibilidade do PS, indicarmos mesmo dois nomes que possa, no prazo de 30 dias, construir um acordo que nos permita encontrar uma solução até ao verão para resolvermos a situação destes profissionais da administração pública, ainda antes do início das férias de verão”, acrescentou.
Pedro Nuno espera que AD apresente “Governo forte e estável” a Marcelo
A resposta de Luís Montenegro deve chegar na quarta-feira, depois de uma nova audiência no Palácio de Belém, para a qual Pedro Nuno Santos fez questão de deixar um novo aviso: Montenegro deve apresentar solução “forte e estável”.
“Aquilo que se espera é que o líder da coligação amanhã [quarta-feira] apresenta uma solução de Governo estável. O país precisa de um Governo forte, estável, mas precisa também de uma oposição estável, forte e sólida. É isso que nós seremos”, salientou.
O PS, por outro lado, não “tem uma solução apoiado por uma maioria” de esquerda, pelo que o partido apresentou-se perante Marcelo Rebelo de Sousa “sem uma solução de Governo”: “É ao líder do PSD e ao potencial primeiro-ministro, o mais que provável primeiro-ministro, que tem de se pedir as condições de governabilidade necessárias e que o país precisa”.
Pedro Nuno Santos liderou a comitiva socialista no Palácio de Belém que contou ainda com o presidente do partido, Carlos César, e com a deputada e responsável pelo programa eleitoral do PS, Alexandra Leitão.
Notícia atualizada às 19h17