Pedro Nuno quer "agarrar-se" à geringonça. Raimundo disponível, mas sem ceder a "pressões"
O secretário-geral socialista admitiu que o PCP teve um "papel importante" nos tempos da geringonça, até ao momento em que decidiu romper com o Governo.
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Num debate entre antigos parceiros, Pedro Nuno Santos apelou a Paulo Raimundo que “se agarre” às conquistas da geringonça, apesar de terem mostrado pontos de vista diferentes no aumento imediato dos salários ou no caminho para a paz na Ucrânia. O diálogo continua, no entanto, a ser possível.
Pedro Nuno Santos lembrou que o país “tinha dúvidas” quanto à geringonça, mas 2015 mostrou que um entendimento à esquerda é possível. O socialista deseja “o melhor” ao PCP, ao Bloco de Esquerda e ao Livre, mas assume que quer o maior número de votos para o seu partido.
“Queremos convencer o eleitorado português que temos a melhor resposta para resolver os problemas do país. E é isso que nós vamos fazer. Achamos que temos melhores condições para dar estabilidade ao país. Mesmo trabalhando com partidos com quem já trabalhámos”, disse.
Nos tempos da geringonça “conseguiram-se avanços muito importantes”, destacou Pedro Nuno Santos, admitindo que o PCP “teve um papel importante” até ao momento em que decidiu romper com o Governo socialista.
Na resposta, Paulo Raimundo defendeu que “o PCP e a CDU são um porto seguro”, e disse “sim” para afastar a direita do poder, em 2015, mas “quando foi preciso dizer não, não cede a chantagens e a pressões”.
Mais à frente no debate, o secretário-geral do PS tentou refrescar a memória ao homólogo comunista, reforçando os ganhos políticos da geringonça, e lançando um convite implícito para o futuro.
“O país tinha dúvidas de que conseguiríamos. Aquilo que provámos em 2015 é que era possível aumentar salários, aumentar pensões e baixar a dívida pública. Conseguimos mostrar que era possível fazer diferente do que a direita tinha feito. Vamos agarrar-nos a isso”, apelou Pedro Nuno Santos.
Paulo Raimundo foi reforçando que a CDU “não cede a chantagens”, mas está disponível para contribuir para a “resolução dos problemas”. Questionado se os comunistas admitem integrar um Governo, o líder do PCP traçou o mantra do partido: “a forma não é fundamental, mas o conteúdo”.
Pedro Nuno atira ao PCP: "Aumento dos salários não se faz por decreto"
O aumento imediato dos salários dividiu os dois candidatos, com Pedro Nuno Santos a colocar como prioridade a transformação da economia portuguesa. Paulo Raimundo sublinhou que as respostas têm de ser dadas no imediato.
Para o socialista, a modernização da economia “é a única maneira de conseguirmos aumentar os salários de forma sustentada”, rejeitando o aumento por decreto “porque a economia não funciona assim”.
Paulo Raimundo respondeu lançando uma questão: "Como é que as pessoas conseguem viver e sobreviver com os salários que têm?".
O debate passou também pela crise no Serviço Nacional de Saúde, com o comunista a travar as promessas eleitorais do PS para o setor. Desde 2022 com uma maioria absoluta, Paulo Raimundo lançou uma nova pergunta: “Porque é que não foi feito?”. E a resposta: “Fez-se muita coisa, mas é preciso fazer mais e melhor”.
De Pedro Nuno Santos ficou também a certeza que para resolver os problemas na saúde, ou noutros setores, “não há balas de prata”. E desafiou os restantes políticos "de uma vez por todas a construírem uma relação de honestidade com o povo".
Os minutos finais do debate centraram-se no papel de Portugal na NATO, com Pedro Nuno Santos a reiterar que “os compromissos são para manter”. Paulo Raimundo entende que “o caminho para a paz” não é compatível com “a corrida ao armamento”.