Pedro Nuno rejeita equivalência a Montenegro e apela ao voto útil, Tavares concentra-se em “quem não tem casa” e em esforço contra AD
Pedro Nuno Santos e Rui Tavares admitiram pontos de contacto a pensar num futuro Governo
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Pedro Nuno Santos garante que não se quer imiscuir no trabalho da justiça, quando critica o momento da averiguação preventiva, em tempo de eleições, mas aponta à denúncia anónima. O socialista fala numa tentativa de o comparar a Luís Montenegro, mas rejeita qualquer equivalência. Em debate com Rui Tavares, na SIC, o líder do Livre concorda com Pedro Nuno Santos, mas prefere centrar-se nos reais problemas dos portugueses, por exemplo, “em quem não tem casa e não de quem tem sorte de ter duas casas”.
Num debate entre potenciais colegas de Governo, caso exista um acordo à esquerda, Pedro Nuno Santos voltou a apostar na estratégia do voto útil, enquanto Rui Tavares aconselhou o PS a “roubar votos” à AD.
Um dia depois de o Ministério Público dar conta de uma averiguação preventiva à compra de duas casas, por parte de Pedro Nuno Santos e da mulher, o debate começou pela “surpresa” do socialista quanto ao momento do inquérito.
“A minha declaração não era dirigida ao Ministério Público. O Ministério Público recebe denúncias e faz o seu trabalho e eu não tenho nada que ver com isso. Eu estava a referir-me às denúncias. Acho que qualquer pessoa percebe que as denúncias anónimas tinham um objetivo político, acho que tinham mesmo dois objetivos: intimidar-me e passar uma ideia de equivalência nomeadamente entre mim e Luís Montenegro”, responde.
Para Pedro Nuno Santos “não há equivalência nenhuma”, até porque “não está a receber dinheiro todos os meses de nenhum empresário português”, nem existem suspeitas de que as habitações tenham sido compradas com dinheiro fora do âmbito familiar.
Rui Tavares nota que Pedro Nuno Santos já disponibilizou vários documentos e, quando um político o faz “porque o pode fazer sabe que depois não resta dúvida nenhuma”. Concentra-se, por isso, em “falar das pessoas que não têm nenhuma casa, não em falar de quem tem a sorte de ter duas casas”.
Sobre um possível acordo entre o PS e o Livre, para um futuro Governo, os partidos admitem que têm pontos de contacto, mas distanciam-se, por exemplo, no valor de uma herança social. O Livre avança com uma proposta para um apoio à nascença de cinco mil euros, já o PS quer dar 500 euros em certificados de aforro a crianças nascidas a partir de 2025.
Pedro Nuno Santos sublinha que o programa do PS é mais realista do que o do Livre, embora com propostas mais “generosas”, até porque, quando se ambiciona ser Governo é necessário “avaliar a aplicabilidade prática das medidas”.
"É preciso, para as ideias serem implementadas, que quem apresenta as ideias tenha força com elas. Por que é que a herança social não deve ser de 500 euros e deve ser de cinco mil euros? Porque há muita gente que tem a sorte na vida de ter uma herança que recebe de um parente distante, de ter pais que os ajudam nos momentos cruciais da sua vida, mas a maior parte dos portugueses não tem e, desculpem, não se desenrascam com 500 euros que, mesmo com juros, aos 18 anos, vão ser 700 a 800 euros”, responde Rui Tavares.
Em apelo ao voto útil, Pedro Nuno Santos dirige-se aos eleitores do Livre: “Temos propostas que, do ponto de vista dos princípios, se aproximam, não se distanciam. Mas, sobretudo, mesmo que o nosso projeto esteja aberto a ser influenciado pelo Livre, só será se o PS ganhar as eleições e isso implica que não haja dispersão de votos”.
Esta não é uma questão de “chantagens”, garante Pedro Nuno Santos, que dá o exemplo de círculos eleitorais “onde os votos no Livre não dão a possibilidade de eleger um deputado, mas que no PS permitem derrotar a AD”.
Rui Tavares aconselha Pedro Nuno Santos a concentrar-se em “roubar” votos a Luís Montenegro: “Não precisas de roubar 50 mil votos ao Livre, só precisarias de ir buscar 25 mil à AD, foi o que te faltou da outra vez”.