Pedro Nuno Santos denuncia "apagão no Governo" e critica ausência "de voz de comando"
O líder dos socialistas considera que o que se viveu esta segunda-feira não é novo e encontra até um "padrão de comportamento": "Fez-nos lembrar os incêndios de 2024 e a mais recente crise no INEM. Momentos críticos em que o Governo desapareceu"
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O secretário-geral do PS, Pedro Nuno Santos, denuncia um "apagão no Governo central", durante a crise energética que afetou o país na segunda-feira, e critica a ausência de "uma voz de comando".
O líder dos socialistas lamenta desde logo a "falta de liderança, orientação e apoio" num momento em que os portugueses "mais precisavam".
"Recordo que o responsável máximo pela Proteção Civil é o primeiro-ministro", atira, sublinhando que durante horas "milhões de pessoas" ficaram sem acesso a informação fiável, numa altura que exigia "uma resposta célere".
"O Governo falhou. Falhou na comunicação e falhou sobretudo no seu dever de proteger e informar os cidadãos em tempo útil", aponta, defendendo que faltou uma "voz de comando e serenidade".
Pedro Nuno considera ainda que o Executivo devia ter recorrido "à rádio de hora a hora" para transmitir informação e tranquilizar a população. Em vez disso, diz, o primeiro-ministro falou "mas não disse nada de relevante".
"Estivemos bastante tempo com notícias falsas e alarmantes a circular", lembra, lamentando que o Governo não as tenha desmentido mais cedo.
Mas o líder dos socialistas considera que o que se viveu esta segunda-feira não é novo e encontra até um "padrão de comportamento": "Fez-nos lembrar os incêndios de 2024 e a mais recente crise no INEM. Momentos críticos em que o Governo desapareceu", aponta.
Pedro Nuno Santos atirou também à ausência mediática das ministras da Administração Interna, Margarida Blasco, e da Saúde, Ana Paula Martins. "Alguém consegue explicar que perante a crise que tivemos ontem não tenhamos nunca visto a ministra da Administração Interna e a ministra do Ambiente?", questiona.
"Depois de vários meses em que vivemos um drama nas urgências de obstetrícia", Luís Montenegro falou na segunda-feira à noite à porta da Maternidade Alfredo da Costa. Esta decisão leva Pedro Nuno a acusar o Governo de "falhar sempre na resposta à crise", mas "nunca na propaganda".
Num tom mais elogioso, destaca o trabalho da Proteção Civil ao nível municipal, que operou sem o auxílio do comando "central", e a solidariedade dos cidadãos, a quem deixa um agradecimento por terem "mantido o país" em pé.
Embora "falte muita informação" para uma compreensão abrangente sobre as causas do apagão, Pedro Nuno Santos entende que o que se passou não teve nada que ver com a falta de capacidade de produção nacional. É, por isso, preciso continuar a reforçar a rede e garantir a sua manutenção.
"Se a REN fosse pública, nós teríamos um apagão na mesma", acredita, afirmando que o problema não se prende com a propriedade da empresa ou o encerramento das centrais a carvão que evitariam a crise que afetou ontem o país.
O líder dos socialistas lembra por isso que os próximos anos são de "grande incerteza" e que o Governo de Luís Montenegro tem demonstrado "incapacidade" para lidar com as crises que se apresentam.
"Temos um Governo que esteve ao longo do último ano em permanente campanha eleitoral em vez de resolver os problemas", acusa, contrapondo a gestão do PS nas crises dos combustíveis e da pandemia.