Pedro Nuno Santos quer “colocar Portugal no topo” com melhores salários porque reforma fiscal "não é suficiente"

O secretário-geral do PS, Pedro Nuno Santos
Rita Chantre / Global Imagens
Melhores salários com uma economia mais sofisticada: a receita de Pedro Nuno Santos para “Portugal voltar a ser grande”.
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Se a direita oferece redução de impostos, Pedro Nuno Santos contrapõe com melhores salários. Num encontro com empresários, organizado pela Confederação do Comércio e Serviços de Portugal (CCP), o secretário-geral do PS assumiu que os portugueses devem “ambicionar o topo”.
Pedro Nuno Santos foi recebido pela CCP, para um almoço/debate, por onde também vai passar Luís Montenegro (mas mais tarde). A Aliança Democrática já assumiu que, se chegar a Governo, o IRS e o IRC são para baixar, mas o socialista deixa o aviso.
“Podemos andar sempre atrás da reforma fiscal para ver se conseguimos aumentar o rendimento disponível das famílias. Nunca será suficiente. A única forma de as famílias em Portugal viverem melhor é se pagarmos melhores salários”, atirou.
Para que os portugueses recebem “melhores salários” é necessária uma “economia mais forte” e, tal como definiu no congresso socialista, é esse o grande objetivo de Pedro Nuno Santos: “desenvolver e sofisticar” a economia.
Portugal tem crescido acima da média europeia, em grande parte dos anos da governação de António Costa, mas o novo líder socialista aparece com uma ambição redobrada a pensar no futuro do país.
“A minha ambição, na medida da ambição do povo - que fez este país - é colocar Portugal no topo. Os portugueses não podem ter uma ambição menor do que essa”, desafiou.
E a função dos governantes “é decidirem” e “não terem medo de errar”, até porque “o país fez-se derrotando os velhos do Restelo”. “Quando os velhos do Restelo tiveram mais poder, nós estagnamos”, acrescentou.
Política de incentivos mais seletiva
Falando para os empresários, o secretário-geral do PS avisou, desde já, que é necessária uma “nova política de incentivos” para as empresas, rejeitando o método que “dá tudo a todos” para evitar “que existam conflitos”.
“Ao longo dos anos, fomos sempre distribuindo sistema de incentivos para que garantisse alguma coisa para cada gaveta. Quando comparamos o nosso sistema de incentivos com a maior parte dos sistemas europeus, nós concluímos que Portugal é dos países onde a política económica é menos seletiva”, notou.
Em Portugal, há dinheiro “para todos os setores e para todas as empresas”, o que faz com que o dinheiro “seja pouco”, de acordo com Pedro Nuno Santos. Daí a necessidade de uma “política de incentivos transformadora” para que o país “deixe de arrastar os pés”.
"Acreditar na capacidade de Portugal voltar a ser grande”
Pedro Nuno Santos lembra ainda que o mercado laboral português necessita de imigrantes para continuar a funcionar, numa mensagem dirigida à direita populista, depois de André Ventura tecer palavras contra a imigração.
“Qualquer político consegue recorrer ao populismo, não precisa de saber muito. Neste caso, da mão de obra, é muito fácil explorar fenómenos como o da imigração. Mas a nossa economia precisa”, respondeu.
Melhores salários com uma economia mais sofisticada: a receita de Pedro Nuno Santos, perante empresários, para “acreditar na capacidade de Portugal voltar a ser grande” para que os “jovens não tenham necessidade” de sair do país.