Pedro Nuno Santos recusa "fazer política" com Albuquerque, mas pede "coerência" a Montenegro
O secretário-geral do PS "resiste à tentação" de falar em casos "que prejudiquem o adversário".
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Quando António Costa se demitiu, Pedro Nuno Santos recusou fazer política com o caso. Agora, quando o foco judicial se vira para um dirigente social-democrata, o secretário-geral do PS mantém o mantra, mas deixa um recado a Luís Montenegro: os políticos têm de ser coerentes.
O dia de Pedro Nuno Santos, de pré-campanha eleitoral, foi dedicado à ação social, com a visita a dois centros de dia na Amadora. Sentou-se ao lado dos mais velhos, trocou dois dedos de conversa, mas as declarações aos jornalistas centraram-se na operação que envolve políticos madeirenses.
“Não vamos aproveitar nenhum caso judicial para fazer política, a justiça tem o seu tempo, faz o seu trabalho, e os políticos devem fazer em cada momento o seu juízo próprio sobre as condições para exercerem os respetivos cargos e protegerem as instituições”, afirmou Pedro Nuno Santos.
O presidente do Governo Regional da Madeira, Miguel Albuquerque, é arguido num processo em que é suspeito de corrupção, mas mantém-se em funções. Em novembro, António Costa demitiu-se na sequência de um alegado caso de corrupção.
Na altura, a oposição partilhou da decisão do ainda primeiro-ministro, desde logo, Luís Montenegro, que agora “mantém a confiança” em Miguel Albuquerque.
“É muito importante para a população confiar nos políticos que sejamos coerentes. Que sejamos sempre coerentes nas posições que tomamos. É fundamental para garantirmos confiança”, atirou Pedro Nuno Santos.
Sem se alongar nas palavras, Pedro Nuno Santos admite, no entanto, que este é um caso que o preocupa porque “os portugueses e os cidadãos têm de confiar nas instituições e nos seus eleitos”. “Cada situação destas é geradora de preocupação para os cidadãos”, acrescentou.
Programa do PSD? “Carta ao pai Natal fora de tempo”
Apesar da insistência dos jornalistas, Pedro Nuno Santos “resistiu à tentação” até para “não fazer comparações” entre casos que o “beneficiem e prejudiquem o seu adversário”. Mas o tom subiu quando a pergunta foi sobre o programa económico do PSD, apresentado na quarta-feira à tarde.
“É uma carta ao pai Natal fora de tempo”, retorquiu.
Pedro Nuno Santos nota que o PSD “faz depender o sucesso da economia portuguesa da redução do IRC”, apresentando a medida como uma “bala de prata”, mas mostra que “não tem uma estratégia de transformação da economia portuguesa”.
Para o PS de Pedro Nuno Santos, a prioridade é “dar um novo impulso à economia” e a apresentação do programa eleitoral fica, desde já, prometida para a segunda semana de fevereiro.