Pedro Nuno vê "sinal" de Montenegro para valorizar carreiras "até ao Verão". Socialistas fecham porta a OE da AD
Este foi o primeiro encontro da direção alargada do PS depois das eleições legislativas. O tom foi “pacífico” e “sereno”, ouviu a TSF de vários socialistas na reunião.
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Luís Montenegro registou com satisfação a disponibilidade do PS para viabilizar um Orçamento retificativo. O primeiro-ministro indigitado foi parco nas palavras, mas Pedro Nuno Santos diz-se igualmente satisfeito: para o socialista, Montenegro deu um sinal de que há margem para valorizar as carreiras até ao verão.
Os socialistas reuniram a comissão política do partido, numa reunião que durou quatro horas e terminou já depois da 01h00, no primeiro encontro da direção alargada do PS depois das eleições legislativas. O tom foi “pacífico” e “sereno”, ouviu a TSF de vários socialistas na reunião, e a conversa centrou-se na estratégia futura para a viabilização de documentos do Governo.
O primeiro passo foi dado por Pedro Nuno Santos, mostrando disponibilidade para a aprovação de um orçamento retificativo para aumentar professores, polícias, profissionais de saúde e oficiais de justiça. Luís Montenegro respondeu com “satisfação”.
“É sinal de que há condições para termos uma Administração Pública mais qualificada, para valorizarmos as carreiras. É uma declaração muito importante, quer dizer que temos condições para avançar e resolver estes problemas até ao Verão”, respondeu Pedro Nuno Santos.
Medina garante que valorizar professores e forças de segurança “é acomodável” com atual OE
À saída da reunião, Fernando Medina defendeu, no entanto, que há margem para “aumentos” sem um orçamento retificativo. O ainda ministro das Finanças explicou que “orçamentos retificativos só são necessários se forem ultrapassados tetos de despesa” e o atual Governo deixa os cofres com um excedente orçamental.
O suplemento para as forças de segurança “é perfeitamente acomodável” com um custo de 154 milhões de euros. Também os aumentos dos professores, “uma verba perto dos 300 milhões é perfeitamente acomodável sem um retificativo”.
“São matérias complexas em várias áreas, têm de ser analisadas no seu conjunto, é preciso trabalhar isto com todo o rigor. O novo Governo tem de assumir funções, tem de trabalhar, tem de fazer as suas propostas”, acrescentou.
Aprovar orçamentos só "em circunstâncias excecionais"
Se PS e PSD podem formar um bloco central nos primeiros meses da governação, com a aprovação de um retificativo, a conversa muda de figura quando o tema é o Orçamento do Estado. E até Francisco Assis defende um voto contra: aprovar orçamentos na oposição só "em circunstâncias excecionais".
“Um partido de oposição como o PS tenderá a votar contra os orçamentos do Estado que são de facto a expressão e a materialização em cada ano de um programa de Governo que não é o programa de Governo do PS. Mas é preciso dizer aqui uma coisa: quem tem a responsabilidade de criar as condições de governabilidade no país, não é o PS, é a AD”, disse.
E o PS tem sofrido uma “pressão inadmissível”, lamento o deputado eleito pelo Porto, quando a responsabilidade está do lado da direita. O deputado eleito pelo círculo do Porto vê a Aliança Democrática a piscar o olho ao Chega.
“Seria incompreensível que o PS viesse agora já dizer que está disponível para fazer isto ou aquilo quando não houve um único sinal da parte dos dirigentes da AD no sentido de solicitarem ao PS fosse o que fosse. Aparentemente, os primeiros sinais, nomeadamente na constituição da mesa da Assembleia da República, vão no sentido de que o PSD favorece o entendimento com o Chega e não com o PS”, acrescentou.
Na opinião do socialista, se o PSD quer aproveitar a disponibilidade do PS, a bola está do lado de Luís Montenegro. Francisco Assis discursou na reunião da comissão política, ao contrário de José Luís Carneiro e de Fernando Medina que optaram pelo silêncio dentro de portas, mas falaram com os jornalistas à porta da sede socialista.