"Piaram tarde." Esquerda critica PSD e CDS por elogiarem passes únicos, depois de votarem contra
PSD e CDS admitem que a medida de reduzir o valor dos passes sociais é "positiva", mas reclamam "mais qualidade e quantidade de transportes" e "igualdade no tratamento dos cidadãos".
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Os partidos foram unânimes no apoio à medida de redução dos passes sociais, que entra em vigor na próxima segunda-feira, com a esquerda a lamentar que não tenha acontecido há mais tempo e a direita a questionar a sua justiça territorial.
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"É um passo de gigante para desbloquear anos e anos de falatório político, mas vazio de concretização. Não é uma medidinha insignificante", defendeu o deputado socialista Carlos Pereira, no arranque do debate desta sexta-feira, que contou, desde logo, com questões das bancadas do PSD e do CDS.
Pela bancada social-democrata, o vice-presidente do grupo parlamentar, Emídio Guerreiro, começou por dizer que "o PSD concorda com a medida, que é positiva, necessária e ajuda muito na mobilidade das pessoas", mas criticou o facto de "criar fronteiras e barreiras na mobilidade do país".
"É [uma medida] justa para todos os portugueses que dela usufruem e injusta para os portugueses que dela são excluídos", afirmou o social-democrata, desafiando os socialistas a iniciar um processo político para que seja dada "a mesma resposta em todo o país".
Pelo CDS, Hélder Amaral considerou que "os princípios são bons, mas é preciso acautelar a qualidade e quantidade dos transportes" disponíveis.
E enquanto o Bloco de Esquerda, pela voz de Heitor Sousa, admitiu que há "buracos negros" na medida que é preciso preencher, João Oliveira, do PCP, acusou a direita de contradição: "É natural que quem se opôs a esta medida, particularmente o PSD e o CDS, agora procure fazer das tripas coração para dizer que é uma medida boa e que está de acordo com ela".
"Senhores deputados, tarde piaram. Se estavam de acordo com a medida deviam ter votado a favor dela no Orçamento do Estado, e não contra", atirou João Oliveira.
Na mesma linha, Carlos César, do PS, que encerrou o debate, usou casos concretos de cidadãos que beneficiam da redução dos passes sociais para lembrar o voto contra da oposição.
"Não somos como aqueles que ignoram ou pedem desculpa porque pouco ou nada terem feito [pelas famílias portuguesas], por quase nunca se terem lembrado delas e até terem votado contra esta medida dos passes sociais como foi o caso do PSD e do CDS", criticou o líder parlamentar socialista.
Críticas para expor contradições dos partidos de direita, num debate proposto pelo PS e marcado pela ausência de membros do Governo.