Plano do Governo para desporto é "ponto de viragem", mas é preciso "não olhar sempre para centralismo"

Carlos Carneiro (arquivo)
O plano apresentado na quinta-feira pelo Governo para o desporto foi discutido no Fórum TSF e recolheu elogios, mas também avisos
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O Comité Olímpico de Portugal (COP) saúda o reforço do apoio do Governo definido no Plano Nacional do Desporto apresentado na quinta-feira, mas espera que a execução do plano seja adequada.
"É certamente um ponto de viragem nesta visão estratégica para o desporto em Portugal. No entanto, queremos reafirmar mais uma vez que a mera existência deste plano exige agora uma garantia de recursos financeiros adequados para a sua execução. Nesse sentido, eu quero recordar a proposta que o Comité Olímpico apresentou já em julho à senhora ministra da Cultura, Juventude e Desporto, em que a solução que lhe apresentámos e que queremos aqui reforçar é que o Orçamento do Estado deve assumir integralmente os custos de funcionamento e desenvolvimento do IPDJ. Acreditamos que esta alteração permitirá a transferência do valor alocado dos jogos sociais ao IPDJ para apoiar diretamente as federações desportivas no seu desenvolvimento e nas suas atividades regulares", disse Diana Gomes, secretária-geral do COP, no Fórum TSF.
Já o presidente do Comité Paralímpico de Portugal, José Manuel Lourenço, também se mostra satisfeito: "A necessidade de intervenção está nas condições de treino dos atletas. Nós temos que perceber que é fundamental que as federações possam enquadrar tecnicamente os atletas, não apenas com treinadores, mas também com equipas multidisciplinares, desde nutricionistas a psicólogos, médicos de diversas especialidades, a treino, também com abordagens diferentes em termos de em termos de técnicos. Por isso é isso que nós podemos pensar e permitir às federações que possam, de facto, poder capacitar as suas equipas técnicas das melhores tecnologias, nomeadamente porque o desporto hoje também se faz com tecnologia para podermos ter a esperança de melhorar os resultados desportivos."
O Governo prevê que os atletas que representam Portugal possam ter saída profissional para as forças de segurança e Forças Armadas. Bruno Pereira, presidente do Sindicato dos Oficiais de Polícia considera que a medida faz sentido, mas não é uma novidade.
"Eles já existem em termos de quotas de acesso à administração pública. É um regime que tem pouco mais de dois anos. Já existe um regime de incentivos também, por exemplo, para quem tenha sido militar nas forças armadas em regime de contrato, possa também ter um acesso privilegiado com quotas percentuais de acesso à GNR e à PSP. Portanto, tudo isto é muito positivo no sentido de criar exatamente aqui um canal possível mais prolongado e ainda por cima cativado para quem esperemos nos represente e nos traga muito sucesso e que nos deixe extremamente orgulhoso", afirma Bruno Pereira.
E acrescenta: "Agora, isso provavelmente ajudará estes atletas, ajudará estes desportistas, mas não resolverá um problema de fundo que é a carreira nas forças de segurança devia ser como outrora foi. Uma carreira muito atrativa, muito digna e que muitos jovens procurariam. À data de hoje vemos que assim não é, porque o Governo teima em claramente não reformar, não rearranjar e não dignificar a carreira policial."
O presidente do Conselho Nacional de Associações de Profissionais de Educação Física e Desporto, Avelino Azevedo, considera que a formação dos professores de educação física no primeiro ciclo é vital.
"A questão da coadjuvação e a educação física, nomeadamente esta questão da formação de professores no primeiro ciclo, no sentido de os alunos do primeiro ciclo, onde se desenvolvem aquelas bases, nomeadamente o lançar, o agarrar, o atirar, onde se desenvolvem essas situações todas que são dadas apenas por professores de educação física, e nós defendemos há mais de 40 anos que esta questão dos professores de educação física no primeiro ciclo em termos de coadjuvação é uma solução clara. Este implemento deste Programa Nacional de Formação espero que vá ao encontro, agora depende muito de como ele for feito", explica.
Também no Fórum TSF, Filinto Lima, presidente da Associação de Diretores de Agrupamentos e Escolas Públicas, pede que o plano abranja todo o país e não seja centralista.
"14%, 15% do investimento destes 130 milhões vai para, na verdade, um sítio que todos prezamos, todos gostamos, que é o Centro Desportivo Nacional do Jamor, mas o país não é Jamor só. O país tem escolas em Bragança, tem escolas na Guarda, tem escolas no interior, tem escolas no litoral, escolas do primeiro ciclo que precisam de facto de ser apetrechadas com estruturas desportivas. Portanto, é preciso também cuidar do interior do nosso país e não olharmos sempre para o centralismo de Lisboa", argumenta.