Plataforma de polícias diz que "primeiro-ministro é o responsável por tudo o que está acontecer"
À TSF, Paulo Santos diz que esta é a única reação aos acontecimentos em Famalicão e à resposta do gabinete do primeiro-ministro em que diz não ter recebido a carta da plataforma.
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Sobe de tom, o protesto das forças de segurança. O porta-voz da plataforma de sindicatos da PSP e associações da GNR culpa António Costa pelos protestos que se sucedem. O mais recente aconteceu este sábado, e culminou com o cancelamento do jogo da Primeira Liga entre o Famalicão e o Sporting. 13 dos 15 agentes da polícia apresentaram baixa médica. Paulo Santos, porta-voz da plataforma sindical, diz que o incidente é o espelho do cansaço extremo a que chegaram os elementos da polícia
"Nos últimos 2 ou 3 anos, alertamos o governo para um efetivo cansado, doente, fustigado e injustiçado. Aquilo que se passou é a tradução desse estado de cansaço físico e psicológico e mesmo de burnout coletivo. Ninguém nos ouviu, o poder político não nos ouviu... o senhor primeiro-ministro nada disse sobre as manifestações que foram levadas a cabo. O senhor primeiro-ministro é o responsável pelo que está a acontecer ao nível das forças de segurança", diz à TSF Paulo Santos
Na noite deste sábado, o Gabinete do primeiro-ministro emitiu uma nota para dizer que não recebeu a carta que a plataforma de sindicatos da PSP e associações da GNR diz ter enviado. S. Bento acrescenta, que apesar de a missiva não ter sido entregue, quando chegar vai merecer a devida análise e a resposta de António Costa. As estruturas sindicais das forças de segurança davam conta, na carta enviada ao primeiro-ministro, que os polícias chegaram ao limite, e por isso, pedem a António Costa que acabe com o silêncio.
Questionado se uma reunião, na próxima semana, com o chefe do governo poderia acalmar os ânimos, Paulo Santos responde que "gostava de ouvir uma explicação para que tenha sido atribuído um suplemento de missão à PJ, e muito bem, e os agentes da PSP e os militares da GNR ficaram de fora. Queremos o mesmo tratamento. Não há muita ciência para resolver este problema em concreto. Estamos muito cansados."
Este domingo há mais dois jogos da Primeira Liga, com um Benfica-Gil Vicente e um Braga-Moreirense. A plataforma sindical não garante que tudo corra dentro da normalidade.
"Os polícias estão fustigados. Se os polícias que lá estiverem de serviço tiverem condições físicas e psíquicas, vão trabalhar com dignidade, como sempre. Vamos esperar que corra tudo bem."
Paulo Santos, porta-voz da plataforma de sindicatos da PSP e associações da GNR, diz que vai esperar para ver, e considera extemporâneo pensar num boicote às eleições legislativas de 10 de março. Depois de o Sindicato Nacional da Polícia admitir iniciativas cada vez mais radicais que podem pôr em causa as próximas legislativas, Paulo Santos refere que "temos que analisar com calma aquilo que está a acontecer e perceber o que está a acontecer. Daqui para a frente temos de ver em que condições os polícias se encontram para levar a cabo a segurança pública e a segurança às populações".
A partida entre o Famalicão e o Sporting, que estava marcada para as 18h00 deste sábado, está em risco de não acontecer, devido à falta de polícias no local, mas acabou adiado para as 19h00. No entanto, a essa hora ainda não havia condições para a realização da partida e os clubes, a equipa de arbitragem e a Liga voltaram a reunir-se para decidir que o jogo seria adiado para data a definir.
A Polícia de Segurança Pública assegura que estava tudo planeado, mas baixas médicas de última hora e indisposições que levaram a deslocações a unidades hospitalares impediram que fosse mobilizado um dispositivo de segurança.