Política atingiu "grau zero": "centrado" em mais explicações, PS acaba a "ilibar" Montenegro de "tudo aquilo que disse até hoje"
No programa TSF/CNN O Princípio da Incerteza, Fernando Alexandre acusa o PS de estar no Parlamento "convencido de que continua a influenciar a governação". Alexandra Leitão nota que essa é a "função da oposição" e justifica a ação do partido com a "própria geometria parlamentar"
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O ex-deputado do PSD José Pacheco Pereira considera que a gestão da crise governativa em Portugal prova que a política "atingiu um grau zero" e acusa o PS de ter "ilibado" o primeiro-ministro "de tudo aquilo que disse até hoje", ao estar "centrado" em apenas obter "mais explicações".
No programa O Princípio da Incerteza da TSF/CNN Portugal, Pacheco Pereira começa por apontar o dedo ao primeiro-ministro, Luís Montenegro, por ter inicialmente cometido a "asneira" de seguir aqueles que lhe terão dito 'Não responda mais, não diga mais nada' - ainda que mais tarde se tenha apercebido do erro cometido e procurado "tentar responder".
Perante o volte-face, o social-democrata fala numa gestão da crise política "conduzida com os pés".
Mas também o PS não ficou imune às críticas de Pacheco Pereira, que lamenta que os socialistas se tenham "centrado" no facto de o primeiro-ministro "ter de prestar esclarecimentos", numa altura em que Montenegro "já tinha dito muita coisa que poderia implicar uma discussão política".
A ideia de que apenas queria mais explicações, na verdade, iliba o primeiro-ministro de tudo aquilo que ele disse até hoje. Isso é uma salgalhada. Mostra o grau zero em que, neste momento, a condução política existe em Portugal e esse grau zero, evidentemente, faz asneiras.
Já o ministro da Educação acusa o PS de querer governar a partir do Parlamento. Fernando Alexandre, que substituiu Miguel Macedo no painel de comentadores, foi questionado sobre o chumbo socialista à moção de confiança ao Governo. Na resposta, o governante acusa o PS de ser incapaz de estar na oposição.
"Foi uma incapacidade que o PS teve de se colocar na oposição, de repensar aquilo que fez, de pensar numa estratégia para o país e, no fundo, ocupar o seu lugar na oposição. O Partido Socialista está no Parlamento convencido de que continua a influenciar a governação", atira, afirmando serem "vários os exemplos" na área em que atua.
Do lado do PS, Alexandra Leitão recusa a acusação. A líder parlamentar socialista nota que tentar influenciar o Governo "é o papel" da oposição, algo que também pode ser feito a partir da Assembleia da República.
É essa a função da oposição: tentar influenciar a governação. Isto é limpinho. Claro que, quando a oposição tem praticamente, para não dizer o mesmo, número de deputados que tem o partido do Governo, é evidente que isto permite a aprovação de medidas da oposição, que noutras geometrias parlamentares não acontece.
Alexandra Leitão insiste que a tentativa de governação através do Parlamento acontece pela "própria geometria parlamentar, que resulta da vontade popular dos portugueses".
No arranque do programa foi feita uma homenagem a Miguel Macedo, comentador que fazia parte do painel do programa e morreu na quinta-feira aos 65 anos.