Portugal e Angola de acordo no "irritante". "Foi um irritante para ambos os países"
A questão sobre o "caso Manuel Vicente" voltou à tona num passeio na Baía de Luanda. António Costa e o ministro das Relações Exteriores angolano entendem que o caso foi "irritante" na "mesma proporção".
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Em dia de feriado nacional em Angola e com pouca gente nas artérias principais da cidade, o passeio de António Costa pela Baía de Luanda - durante o qual foi acompanhado pelo ministro das Relações Exteriores de Angola, Manuel Augusto -, foi tranquilo e pacífico, à semelhança do tom que o primeiro-ministro quer dar à renovada relação entre os dois países.
Mas, já o passeio junto ao mar estava a terminar, quando surgiu novamente o tema de que todos falaram no período que antecedeu da visita oficial: o
caso que envolve Manuel Vicente
, antigo vice-presidente de Angola, no âmbito da Operação Fizz. "Esse caso, como eu e o senhor ministro dos Negócios Estrangeiros [Augusto Santos Silva] costumávamos dizer, era um irritante", atirou, desde logo, o primeiro-ministro.
No último ano e meio, o "irritante" fez correr muita tinta em Portugal e Angola, e só esfriou depois de o Ministério Público português ter enviado para a justiça angolana o processo em que Manuel Vicente é acusado de corrupção e branqueamento de capitais. Em Luanda, ao lado de um membro do Governo de Angola, António Costa fez questão de sublinhar que este é um problema que faz parte do passado.
"Eu tive, ao longo deste ano, três encontros com o presidente João Lourenço, outros tantos com o ministro Manuel Augusto, e deixámos claro que as relações políticas eram excelentes, as relações económicas muito boas e que havia um pequeno irritante que estava a complicar a vida e o nível de relacionamento entre os dois países, mas, uma vez ultrapassado, está tudo bem", assinalou.
Nesta visita oficial de dois dias, já se sabe, o chefe do Governo português quer relançar o relacionamento com Angola, e se, nos últimos meses, houve algumas críticas de parte a parte, agora, até o ministro das Relações Exteriores de Angola, Manuel Augusto, dá uma ajuda na explicação do que, para muitos, ainda está por explicar. "Foi verdadeiramente um irritante para ambos os países", admitiu Costa, com Manuel Augusto a concordar e a acrescentar: "E na mesma proporção".
Outro dos problemas por resolver entre Portugal e Angola diz respeito às dívidas do estado angolano a empresas portuguesas. Também em relação a este assunto o primeiro-ministro garante que não há qualquer "irritante".
"O caminho faz-se caminhando e as questões das empresas - muitas delas são problemas privados - irão encontrar boa solução", disse, sublinhando que há "interesse e motivação" de Angola para resolver a situação.