Portugal tem de mudar como disse Marcelo? "Ainda há muito a fazer" para construir um Portugal "mais igual e justo"
O Fórum TSF analisou os elogios e alertas do discurso de Marcelo Rebelo de Sousa no 5 de Outubro
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A pobreza, o envelhecimento, a inconsistência no ensino e as desigualdades territoriais foram esta segunda-feira os temas centrais de discussão no Fórum TSF. O discurso do Presidente da República, na sessão solene comemorativa do 114.º aniversário do 5 de Outubro, foi pautado pela defesa da democracia e da liberdade, sem deixar de enumerar os desafios que Portugal tem pela frente, para construir "um país mais igual e justo". "A República e a democracia estão vivas, mas têm de mudar e muito", defendeu.
Ouvida no Fórum TSF, na manhã desta segunda-feira, Isabel Jonet, presidente da Federação Portuguesa dos Bancos Alimentares Contra a Fome, admite que partilha da mesma ideia do Presidente da República e reconhece que "ainda há muito a fazer".
A pobreza e as dificuldades económicas nas faixas etárias mais envelhecidas indignam Isabel Jonet: "Ao fim de 50 anos do 25 de Abril é muito importante estas chamadas de atenção do Presidente da República porque ainda não podemos dizer que todos os portugueses vivem verdadeiramente em liberdade quando alguns dependem de ajudas para comer, que é aquilo que é mais básico."
Também no Fórum TSF, o físico Carlos Fiolhais sublinhou que o país não tem apostado na Educação e essa falta de investimento pode sair cara. O envelhecimento do corpo docente, a carência de profissionais em todas as disciplinas e a existência de crianças sem acesso às escolas são problemas que considera "trágicos" para o futuro de Portugal.
Carlos Fiolhais alerta ainda que "é um problema" que o país tem em mãos e que pode custar o futuro. "Cada semana, cada mês que passa com as crianças sem aulas é um problema para o nosso futuro, um atraso do desenvolvimento intelectual das crianças numa idade crítica", sublinha.
Outro problema passa pela desertificação do interior. Sebastião Feyo de Azevedo, presidente da Associação Círculo de Estudos do Centralismo, entende que o problema está num poder político centralista e que o interior está a pagar por isso. "No horizonte alargado dos últimos 60 anos, de Miranda do Douro até Alcoutim, há um escoamento e uma desertificação brutal", alerta.
O mesmo responsável acrescenta que o declínio populacional no interior de Portugal é evidente. "A população está na ordem dos 35% da que se verificava há 60 anos.", afirma.
