PPM eurocético e possíveis recuos na IVG: Temido atira à direita num distrito que deu vitória ao Chega
O Partido Popular Monárquico foi o primeiro alvo de Temido quando se referia aos que "querem desfazer-se da União Europeia"
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Foi no Algarve, no congresso do PS de agosto de 2021, que Marta Temido recebeu o cartão de militante das mãos de António Costa. Regressa agora como cabeça de lista do PS às eleições europeias e de mira apontada à Aliança Democrática e ao Chega que venceu no distrito, nas eleições legislativas.
“Como é bom pertencer à família socialista”, começou por afirmar a antiga ministra da Saúde, antes de apontar as diferenças entre a sua família política com as da direita: não só dos partidos da Aliança Democráticas, mas também dos extremistas.
O Partido Popular Monárquico (PPM) foi o primeiro alvo, quando a candidata se referia aos que “querem desfazer-se da União Europeia (UE)”, porque defendeu “um referendo para sairmos da UE”. Marta Temido deixou a pergunta: “Como é possível construirmos a UE com partidos que querem sair da UE?”.
Na verdade, o PPM não tem qualquer nome na lista da Aliança Democrática, embora avance com o PSD e com o CDS-PP às eleições europeias, numa lista encabeçada por Sebastião Bugalho.
Marta Temido avisa também que a 9 de junho está em causa a autodeterminação das mulheres, com o possível crescimento de partidos que defendem posições mais à direita, e a socialista “não está disponível para deixar as nossas filhas e netas terem de passar por situações” que a candidata conheceu.
“Ainda sou do tempo em que a IVG não era permitida neste país. Não foi assim há tanto tempo”, avisou.
Até porque, acrescenta Marta Temido, “há muitas coisas que embora sejam dadas como garantidas, estamos em risco de as perder”, já depois de falar do regresso da guerra ao continente Europeu.
“O resultado desgraçado” no Algarve
A extrema-direita foi, de resto, o ausente presente no comício socialista em Faro, o único distrito onde o Chega venceu nas eleições legislativas. O PS ficou em segundo lugar, num distrito habitualmente à esquerda.
“Desgraça” e “vergonha” foram as palavras utilizadas pela número sete da lista, Isilda Gomes, que tem o mandato como presidente da câmara de Portimão em suspenso, do qual vai abdicar caso seja eleita para o Parlamento Europeu.
“Todos somos poucos para virar o resultado desgraçado que tivemos nas últimas eleições legislativas”, apelou a candidata, pedindo que “não se volte a repetir”.
Seja no Algarve ou no resto da Europa, João Soares mostra-se confiante “num dos melhores resultados da família socialista na Europa”, para “afirmar os valores socialistas no plano europeu”.
“Nós temos uma autoridade política e uma autoridade histórica que mais ninguém tem”, acrescentou.
Foi com o PS que Portugal aderiu à então Comunidade Económica Europeia, pela mão de Mário Soares, pai de João Soares, que é agora o último candidato da lista socialista, em lugar simbólico, para homenagear o pai da adesão de Portugal à União Europeia.