Presidenciais. Cotrim e Ventura respondem a Marques Mendes e afastam-se sobre lei da nacionalidade

Debate entre João Cotrim de Figueiredo e André Ventura
Foto:Nuno Fox
Os candidatos presidenciais André Ventura e João Cotrim Figueiredo alegaram esta sexta-feira nada ter a esconder sobre rendimentos, num debate marcado por divergências sobre a lei da nacionalidade
Num frente a frente transmitido pela SIC, ambos foram instados a responder ao desafio da candidatura de Luís Marques Mendes para que também divulgassem os seus antigos clientes, como o antigo líder do PSD fez esta sexta-feira.
Se André Ventura alegou não ter "nada a declarar", por já o ter feito sucessivamente na qualidade de deputado, o eurodeputado remeteu para o livro "Porque Sou Liberal" publicado há pouco mais de um mês, que conta a sua história, dizendo nada ter a esconder.
Apesar de Marques Mendes ter divulgado uma lista com os 22 clientes da sua empresa, na qual se encontram prestações de serviços em consultoria, comentário e participações em conferências, os seus dois adversários nas eleições de 18 de janeiro não se mostraram esclarecidos.
"Quando a atividade é de consultoria, gostava de ser quais são" os clientes, disse Cotrim Figueiredo, numa alusão ao trabalho do candidato apoiado pelos partidos do Governo como consultor externo, enquanto Ventura insistiu que Mendes "é o candidato menos transparente de todos".
A Lei da Nacionalidade, vetada esta sexta-feira por Marcelo Rebelo de Sousa na sequência das inconstitucionalidades declaradas pelo Tribunal Constitucional (TC), mudou o tom do debate, com o candidato apoiado pela Iniciativa Liberal a assumir que não insistiria na alteração do código penal.
"Nesta altura, um braço de ferro com o TC é adiar a entrada em funcionamento desta lei e isso é um desfavor que se faz ao controlo da política migratória que precisamos efetivamente de ter. Aqui, das duas uma: ou decidimos continuar uma birra com o TC ou usamos o conteúdo dos acórdãos do TC para corrigir a lei no sentido de ela ser aprovada", explicou.
Já o líder do Chega mostrou-se intransigente na defesa da revisão do código penal, garantindo que não vai abdicar de que "quem comete crimes em Portugal seja expulso".
"Vamos ter os princípios respeitados e não vamos ter lei dos estrangeiros. É para isto que serve o Chega", notou Cotrim Figueiredo, assumindo-se como o candidato que "quer resolver os assuntos".
Ventura recuperou, então, declarações passadas do seu adversário, e acusou o antigo líder da IL de ter cometido "o maior erro" da sua vida ao ir para o Parlamento Europeu "receber uma reforma dourada".
"Tenho uma reforma tão dourada que decidi candidatar-me a Presidente da República. Vim mesmo para a política ganhar dinheiro", respondeu Cotrim Figueiredo, que negou ainda ter despedido Manuela Moura Guedes a pedido de José Sócrates, depois de ter acusado Ventura de ter votado no antigo primeiro-ministro.
Os dois divergiram também sobre a Ucrânia, embora ambos concordem em não enviar tropas nacionais para o país, e sobre Donald Trump, com Ventura a não ver qualquer tentativa de ingerência do presidente norte-americano na política europeia e o seu opositor a pensar o contrário.
"O João é o candidato do Príncipe Real e eu sou o candidato do país real", resumiu o líder do Chega, já depois de o seu adversário justificar a transferência de votos dos jovens para a sua candidatura com o facto de apresentar soluções concretas ao contrário de Ventura, que, nas suas palavras, só faz "alarido".
No debate, André Ventura adiantou já ter pedido a suspensão do mandato de deputado e Cotrim Figueiredo, eurodeputado, afirmou que só não o fez porque a figura da suspensão de mandato no Parlamento Europeu não existe.
As eleições presidenciais realizam-se no dia 18 de janeiro de 2026.
