Presidenciais: divisões no PS, "coragem" de Marques Mendes e só Cristina Ferreira poderia "defrontar" Gouveia e Melo
No programa da TSF e CNN Portugal, O Princípio da Incerteza, Pacheco Pereira defende que "nem de perto, nem de longe" os nomes já conhecidos para Belém chegam a ser "obstáculo" a Gouveia e Melo. Perante conflitos internos no PS, Alexandra Leitão considera que "dividir" o espetro político "seria obviamente muito mau"
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A um ano das eleições presidenciais são já conhecidos alguns nomes daqueles que poderão suceder a Marcelo Rebelo de Sousa: André Ventura, líder do Chega, Luís Marques Mendes, que terá o apoio do PSD, e Mariana Leitão, líder parlamentar da Iniciativa Liberal. Por sua vez, o PS segue em guerras de palavras e o possível avanço de Gouveia e Melo continua uma incógnita.
Na leitura do historiador Pacheco Pereira, as personalidades que o Partido Socialista e o PSD se preparam para apresentar à corrida a Belém não vão ter qualquer hipótese frente a uma eventual candidatura de Gouveia Melo. A ideia foi defendida pelo social-democrata no programa da TSF e CNN Portugal, O Princípio da Incerteza.
Numa aproximação ao "populismo contemporâneo", a "força" do almirante é a "ideia de pôr o país na ordem": "A maioria dos candidatos que andam aí a movimentar-se nos vários partidos não chega nem de perto, nem de longe a ser um obstáculo a este processo", acredita Pacheco Pereira.
Já em tom irónico, o historiador acredita que só Cristina Ferreira, que no sábado à noite falou, em entrevista à CNN Portugal, na possibilidade de concorrer à Presidência da República, seria capaz de "contestar e defrontar" Gouveia e Melo.
Sobre a situação vivida no núcleo de Pedro Nuno Santos, o especialista salienta que "não há problema nenhum" em apontar um nome "mais tarde", apesar da "pressão da comunicação social, que quer nomes, quer nomes, quer nomes".
"O Partido Socialista e o Partido Social Democrata deviam olhar para o conjunto da sociedade. Ao fecharem agora, abrem o caminho ao senhor almirante. Arriscam-se à circunstância de ter à segunda volta um cenário parecido com o que houve em França: ter o almirante e o Ventura, do Chega, a passar à segunda volta. E, então, aí vão todos votar no almirante."
Com os nomes dos socialistas José Seguro e António Vitorino em cima da mesa, Alexandra Leitão afirma que apenas um deveria seguir em frente. "Dividir" o espetro político "seria obviamente muito mau", considera ainda a líder parlamentar do PS.
Já questionado sobre quem preferiria que avançasse, confessa "genuinamente" que tem "dificuldades em saber".
E aponta as caraterísticas que importam: "O Partido Socialista tem de ter um candidato que desejavelmente abra a sua área política, capitalize e galvanize os votos."
À direita, o antigo ministro da Administração Interna Miguel Macedo defende Marques Mendes, considerando que tem o perfil ideal para o cargo, sobretudo em termos de ética e "coragem" política. Prova disso foi quando, "enquanto líder do PSD, nas eleições autárquicas, e não foi só em Oeiras, não apoiou a recandidatura de uma série de presidentes de câmara e, com isso, o resultado foi, perder algumas autarquias muito relevantes".
