Presidenciais: PS "crispado" perde "razão ao insultar", Gouveia e Melo "ganha se estiver calado"
Para Vitor Ramalho, em declarações no Fórum TSF, a campanha será decisiva: só aí se saberá como pensa o almirante, caso entre na corrida a Belém. Já Marques Mendes "faz bem" em avançar já: "Arriscava aparecer como um candidato comentador B, uma segunda versão de Marcelo", defende Miguel Poaires Maduro
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Vários candidatos à direita, zero à esquerda. É este o espetro a um ano das eleições presidenciais, tema que subiu a debate no Fórum TSF desta segunda-feira. Vitor Ramalho critica a "crispação" vivida no Partido Socialista e desafia a comunicação social a "forçar a apresentação oportuna" de Gouveia e Melo, para haver tempo de conhecer as opiniões do almirante "para o futuro do país". Já Miguel Poaires Maduro elogia a "experiência política" de Marques Mendes, bem como a "inteligência" de António Vitorino e a integridade de José Seguro.
O antigo dirigente do PS Vitor Ramalho defende que Pedro Nuno Santos deveria ter feito uma "análise profunda" sobre a derrota do seu partido nas últimas legislativas. Se vencer as autárquicas, pode ganhar algum fôlego para as presidenciais. Mas avisa que o ambiente de divisão "fragiliza" uma candidatura da área socialista: "A política deve ser exercida com P grande."
"Nenhum agente político que se queira credibilizar pode ter êxito se não tiver grande coragem e sustentar as suas posições em princípios e valores. Esta crispação, para utilizar um termo modesto e fraco, a que eu assisto e que o povo português assiste de insultos contra candidatos... Quem insulta nunca tem razão."
Guerras internas à parte, Vitor Ramalho sublinha que a campanha pode ser decisiva: "tudo está para jogar" e ainda há tempo para conhecer os pensamentos políticos de Gouveia e Melo, caso ele se candidate.
"Os titulares de funções soberanas do Estado em Portugal, seja na Justiça, seja nas Forças Armadas, quando optam por essas profissões, não podem exercer atividade política e/ou partidária", começa por explicar, assinalando que é por isso que "ninguém" sabe em que ideologia se posiciona Gouveia e Melo. Só se descobrirá "nos debates", acredita.
"Qual é a lógica do almirante? Apresentar a candidatura o mais tarde possível, porque ganha se estiver calado. Qual é a função dos media? Forçar a que se apresente oportunamente, tal como os outros candidatos partidários. Para quê? Para que ao menos se saiba o que Gouveia e Melo pensa sobre o futuro do país."
Por sua vez, para o militante do PSD e professor universitário Miguel Poaires Maduro, Luís Marques Mendes "faz bem" em avançar já. Contudo, ainda é "cedo" para dizer se ele tem ou não condições para sair vitorioso na corrida a Belém.
"Corria um risco, por um lado, se permanecesse como comentador televisivo e de ser visto a explorar esse lugar para fazer campanha. Por outro lado, de aparecer como um candidato comentador B, digamos, uma segunda versão de Marcelo Rebelo de Sousa, [o] que não seria positivo."
Nesta linha, Marques Mendes tem "um perfil adequado", pois "é alguém que tem experiência política, que pode ser importante num contexto de profunda polarização e fragmentação do sistema político".
Do lado do PS, ainda não há qualquer candidato assumido. Há, sim, "uma guerra entre duas fações", na qual se vão criticando e que, no final, só prejudicará o escolhido: "A campanha contra já está feita com base no que os próprios socialistas andaram a dizer."
Os nomes mais falados têm sido os de António José Seguro e António Vitorino. Miguel Poiares Maduro afirma, com ironia, que talvez esteja a ser mais simpático para com os socialistas do que com o próprio partido. O professor universitário reconhece qualidades aos dois.
"Vitorino é uma das pessoas mais inteligentes, não apenas na política portuguesa, mas em Portugal. É importante num contexto em que a geopolítica está em profunda alteração e compulsão. Por outro lado, não sei se esse apelo se circunscreve a uma determinada bolha e terá capacidade de gerar empatia com a população em geral. José Seguro é uma pessoa extraordinariamente séria. Foi dos poucos do Partido Socialista que assumiu um corte claro com Sócrates e teve a coragem de o criticar."
Resta esperar até 25 de janeiro de 2026 para desfazer as dúvidas.

