Presidente da República detalha números da imigração para desmontar discurso do Chega
Marcelo Rebelo de Sousa responde por escrito aos alunos da Universidade de Verão do PSD para lembrar que, ao "falar-se de imigração", é preciso "saber do que estamos a falar". "Ter presentes estes números é ter presente a diferença entre a realidade e discursos ou narrativas sobre ela", vinca o Presidente
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Marcelo Rebelo de Sousa não marca presença na Universidade de Verão, mas não perdeu a oportunidade para desmontar a narrativa anti-imigração do Chega quando questionado pelos "alunos" sobre o referendo proposto pelo partido. "Ter presentes os estes números [da imigração] é ter presente a diferença entre a realidade e discursos ou narrativas sobre ela", nota o Presidente.
A pergunta feita por um dos alunos da Universidade de Verão foi: "Qual a análise que faz à recente proposta do referendo à imigração?", acrescenta ainda: "Qual o enquadramento constitucional e supraconstitucional?"
Na resposta escrita - e publicada esta quarta-feira no Jornal da Universidade de Verão -, Marcelo começa por dizer que "é fundamental, ao falar-se de imigração, numa Pátria como a nossa, que foi sempre de emigração, saber do que estamos a falar".
Daí o Presidente da República passa para a matemática: "Quantos são os imigrantes? Um milhão em quase onze milhões que são a população residente no nosso território físico."
"Desse milhão, quantos integram a comunidade brasileira e luso-brasileira? Porventura mais de trezentos mil, a crescerem rapidamente e a poderem ser acima de quatrocentos mil em 2026 ou 2027. Quantos ucranianos, de radicação antiga e vítimas da guerra? Setenta mil ou perto disso. Somados são perto de quarenta por cento do total", diz Marcelo Rebelo de Sousa.
Aos números de brasileiros e ucranianos, Marcelo soma comunidades "antigas e sólidas": britânicos, cabo-verdianos, angolanos e indianos que são duzentos mil. Juntando outros "europeus clássicos" como italianos e franceses, chegamos a "dois terços do total".
O chefe de Estado não esquece outros países africanos de língua oficial portuguesa e americanos, juntando-lhes aqueles que têm sido mais vítimas do discurso do Chega como os nepaleses e os bengali.
Além de nacionalidades, o Presidente aborda as religiões. "Destas todas comunidades, religiosamente qual a maioria? Cristã, de vários credos e Igrejas. Que peso têm muçulmanos, incluindo ismaelitas? Provavelmente, menos de dez por cento. Africanos uns, Asiáticos muito menos. Europeus e latino-americanos residuais. Resta aditar que a maioria é de nacionais de pátrias irmãs de língua portuguesa."
Posto isto, Marcelo termina desmontando que "ter presentes estes números é ter presente a diferença entre a realidade e discursos ou narrativas sobre ela". Para bom entendedor...