Primeiro-ministro indigitado promete reforma sem paralelo na administração pública

Filipe Amorim/Lusa
Luís Montenegro gasta parte da intervenção a fazer as contas ao novo figurino parlamentar, considera que o resultado das legislativas foi inequívoco e vinca a distância entre os 91 deputados da AD e os 60 do Chega ou os 58 do PS, para antever um novo relacionamento
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É perante o Conselho Nacional do PSD que Luís Montenegro fala, mas quase todos os recados são para fora: desde logo para a Iniciativa Liberal, que anunciou a intenção de abrir um processo de revisão constitucional. O primeiro-ministro indigitado, com uma mão, tenta adiar esse processo.
Não contam connosco para isso e, como não contando connosco para isso, não há isso, esse assunto está arrumado até haver uma altura considerada adequada.
E, com a outra mão, promete avançar com uma reforma sem paralelo na administração pública, uma das bandeiras dos liberais.
"O país tem de perceber que, se quer quebrar este ciclo de complexidade, de burocracia, isto traz mudanças. E a confiança exige punição a quem trair a confiança", defendeu.
Luís Montenegro gasta parte da intervenção a fazer as contas ao novo figurino parlamentar, considera que o resultado das legislativas foi inequívoco e vinca a distância entre os 91 deputados da AD e os 60 do Chega ou os 58 do PS, para antever um novo relacionamento.
"Há condições na relação do Parlamento com o Governo que são diferentes e que fazem antever uma dinâmica diferente", admitiu.
Luís Montenegro interpreta, por exemplo, o chumbo da rejeição ao programa do Governo, apresentada pelo PCP, como um compromisso para a estabilidade que, sublinha, deve ser a "pedra de toque" de toda a legislatura.
Para dentro, para os governantes que vai contactar nos próximos dias, fica o aviso: "Aqueles que vierem a ser escolhidos e nomeados para exercício de funções governativas receberão uma orientação imediata, para não perdermos tempo com lateralidades, com debates estéreis, com politiquices e pôr-mos mãos à obra."
A fazer lembrar o conselho de António Costa 'das mãos do volante', apesar das eventuais distrações.