PS admite "viabilizar" OE, mas "não tem medo de eleições". Cavaco entra no discurso para atingir Montenegro
Pedro Nuno Santos rejeita “linhas vermelhas” para a discussão do Orçamento
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A palavra é “viabilizar”. É esse o tom do PS para o Orçamento do Estado, mas não parece ser essa a ideia do Governo, nas palavras de Pedro Nuno Santos. Montenegro “ameaçou” com eleições antecipadas, mas o PS não tem receio de ir a jogo.
A líder parlamentar socialista, Alexandra Leitão, admitiu “viabilizar” o Orçamento do Estado, em novembro, e agora Pedro Nuno Santos reforça a ideia. Lamenta, no entanto, que Luís Montenegro tenho respondido com “ameaças de eleições”.
“Quem acha que o PS fará qualquer cálculo em função de resultados eleitorais ou que tem medo de eleições está completamente enganado”, respondeu o líder socialista.
E para não haver eleições, o PS está disponível “para negociar e ceder”, desde que a postura do Governo seja idêntica. Até porque, no Parlamento, o Governo não tem uma maioria que suporte a governação.
“O PS não pode abdicar mais do que outros daquele que é o seu programa, daquela que é a sua ideia de sociedade e das suas propostas. Não pode abdicar da sua visão para a resolução dos problemas”, acrescentou.
O Governo já anunciou a redução do IRC para as empresas, além de um IRS Jovem que não olha a rendimentos, o que afasta os socialistas das posições de Luís Montenegro. Ainda assim, Pedro Nuno Santos não define “linhas vermelhas”.
“Não estabelecemos linhas vermelhas, mas temos as nossas críticas em matérias que são importantes e estruturantes para a forma como se organiza e se financia o Estado português”, disse.
Cavaco entra no discurso para atingir Montenegro
E os socialistas ainda estão a digerir as 60 medidas do Governo para a economia, anunciadas no final da semana passada, e para argumento serve o último artigo do antigo primeiro-ministro Aníbal Cavaco Silva, “onde volta a defender uma estratégia para a política industrial”.
“Deve ser, quase tanto como nós, um dos desiludidos com o chamado pacotão que foi apresentado ao país”, atirou Pedro Nuno Santos, em palavras que atingem diretamente Luís Montenegro, que tem em Cavaco Silva a principal referência política.
Pedro Nuno Santos é muitas vezes criticado por aparecer à esquerda do PS, sendo apelidado de “esquerdista”, mas para o secretário-geral do maior partido da oposição, é Luís Montenegro que está agora à direita do PSD.
“Nós não queremos sovietizar nada. Não alteramos a forma como olhamos para o Estado social e para a política económica. Quem é que ao longo dos anos foi-se aproximando da direita liberal? O PSD. Não fomos nós que nos distanciamos do centro”, notou.
Garante ainda que o PS “não ficará aprisionado a uma má estratégia”, apesar das pressões para a aprovação do Orçamento do Estado, e garante que não tem medo de eleições antecipadas.
Pedro Nuno Santos encerrou as jornadas parlamentares do PS, em Castelo Branco, as primeiras com o novo líder socialista, por “justiça social e crescimento”. A recente aprovação do fim das portagens nas antigas SCUT, que beneficiam o concelho, entrou em praticamente todos os discursos.