Grupo parlamentar socialista adianta que auditoria pedida à Inspeção-Geral das Finanças está "prestes a chegar" ao parlamento e que pode "influenciar" futuro dos Correios de Portugal.
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No dia em que o parlamento discute os projetos de lei de PCP, BE e PEV sobre o regresso dos CTT à esfera pública, o grupo parlamentar do PS diz que vai esperar que a auditoria ao processo de privatização dos Correios de Portugal chegue ao parlamento, para depois fazer uma recomendação ao Governo sobre o futuro da empresa.
No final da reunião da bancada socialista, João Paulo Correia, um dos vice-presidentes do grupo parlamentar do PS, defendeu que a auditoria pedida pelo parlamento à Inspeção-Geral das Finanças é essencial para que os socialistas tomem uma decisão.
"Esperamos que o relatório da auditoria sobre os CTT chegue rapidamente à Assembleia da República para que o parlamento possa recomendar ao Governo aquilo que pode sobre o futuro da empresa e do serviço postal universal", disse o deputado.
Segundo João Paulo Correia, a auditoria está "prestes a chegar" à Assembleia da República e pode "influenciar" aquela que será a decisão do PS sobre dos Correios de Portugal, sublinhando os socialistas que o relatório da auditoria "trará apreciações e conclusões muito valiosas.
"Recentemente, a entidade reguladora, a ANACOM, começou a intervir na sua atividade regulatória com mais profundidade e acutilância naquilo que tem sido a vida e gestão dos CTT, e isso não agrada ao CDS-PP e ao PSD, porque o anterior Governo foi a mãe e o pai da privatização e da degradação dos CTT e do serviço postal ", notou ainda o deputado.
Propostas de BE e PCP alvo de "ampla reflexão"
Adiantando que as propostas de bloquistas e comunistas devem ser alvo de "ampla reflexão", João Paulo Correia salientou, no entanto, que o PS não vai, para já, acompanhar os textos de BE ou PCP para devolver os CTT à esfera pública.
"O Bloco de Esquerda defende a reversão do serviço postal universal, o que significaria que o Estado resgataria a concessão, deixando a empresa a funcionar como está a funcionar (...) Caberia ao Estado, com o resgate da concessão, encontrar uma empresa alternativa, ou outra estrutura de base muito local. Ora, essa estrutura não existe no país, nem há tempo no curto e médio prazo para a constituir", disse o deputado do PS.
Já sobre a proposta do PCP - que pretende nacionalizar os CTT -, os socialistas referem que iria obrigar a um "esforço orçamental na ordem dos mil milhões de euros" e que, neste momento, esse investimento "não está ao alcance do país".
Em janeiro, durante um debate quinzenal, no parlamento, o primeiro-ministro, António Costa, afirmou que o "momento de intervir nos CTT é em 2020".
"Temos que cumprir as regras. E, sobretudo, não nos colocarmos na posição de oferecer ao privado desculpas de imputar ao Estado o incumprimento contratual que tem que ser ser escrupulosamente cumprido. E temos todos que esperar que a ANACOM (Autoridade Nacional de Comunicações) mantenha uma atitude exigente", disse , na altura, António Costa.