PS, BE, PCP e IL enaltecem participação massiva no desfile em Lisboa. Marcelo diz que "lições do passado colonial vão guiar-nos no futuro"
Portugal celebrou esta quinta-feira o 50.º aniversário do 25 de Abril com um programa de comemorações alargado que incluiu a tradicional sessão solene no Parlamento e vários desfiles por todo o país, nomeadamente na Avenida da Liberdade, em Lisboa. Acompanhe em direto na TSF.
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Mais de oito mil pessoas saíram esta quinta-feira à rua em Coimbra, participando numa manifestação popular que desfilou pelo coração da cidade, para "não deixar adormecer a democracia" e "continuar a regar a liberdade" conquistada há 50 anos.
De cravo vermelho ao peito, na mão, na mochila ou atrás da orelha, miúdos e graúdos arrancaram da Praça da República, por volta das 15h30, gritando "25 de Abril Sempre, fascismo nunca mais".
Entre os manifestantes despontava um cravo vermelho com 1,60 de altura, que Carla Dionísio construiu com papel Eva, com 50 pétalas, uma por cada um dos 50 anos que a revolução assinala.
"A democracia e a liberdade é o que temos de mais importante. Não podemos adormecer em democracia, principalmente quando temos 50 fascistas no nosso parlamento", afirmou.
A presidente do Instituto do Património Cultural anunciou esta quinta-feira em Cabo Verde que o país vai candidatar o antigo Campo de Concentração do Tarrafal à UNESCO. Um processo que envolve Portugal, Angola e a Guiné-Bissau e que Cabo Verde espera ter concluído até 2026.
A forte mobilização dos portugueses neste 25 de Abril não passou ao lado da imprensa internacional. A Associated Press destaca uma fotografia de Celeste Caeiro, a mulher que há 50 anos distribuiu os cravos pelos soldados. Sediada em Nova Iorque, a agência de notícias usa a imagem de Celeste, agora com 90 anos e lavada em lágrimas em frente a um chaimite, para descrever as dezenas de milhares de pessoas que estiveram na rua.
Já aqui bem perto, em Espanha, o El Mundo pergunta o que foi a Revolução dos Cravos e o que significou para Portugal no dia em que se assinala meio século do 25 de Abril. A edição online do jornal explica que, em poucas horas, a sociedade portuguesa uniu-se numa mobilização sem precedentes que emocionou o mundo e se tornou um exemplo para derrubar ditaduras.
O primeiro-ministro português agradeceu esta quinta-feira a presença do Presidente do Brasil num jantar comemorativo dos 50 anos do 25 de Abril na residência oficial da Embaixada de Portugal em Brasília.
"Na impossibilidade de acompanhar em Lisboa as comemorações dos 50 anos do 25 de abril, o Presidente da República Federativa do Brasil honrou esta efeméride com a sua presença num jantar na residência oficial do Embaixador de Portugal em Brasília. Um gesto que agradeço e assinala, também no Brasil, esta importante data na comunidade lusófona", escreveu Luís Montenegro, na rede social X (ex-Twitter).
O Presidente da República de Timor-Leste, José Ramos-Horta, considerou esta quinta-feira que Portugal soube reconhecer a derrota colonial e que a reconciliação com os países vencedores aconteceu rápida, imediata e naturalmente.
"Os portugueses souberam reagir às mudanças sem ódio nem vinganças, sem fuzilamentos, sem guerra civil, aceitaram as independências e lutaram connosco pelo longínquo Timor", disse Ramos-Horta durante a sua intervenção na cerimónia de comemoração dos 50 anos do 25 de Abril, que juntou todos os presidente dos países africanos lusófonos, em Lisboa.
O Presidente de São Tomé e Príncipe, Carlos Vila Nova, considerou esta quinta-feira em Lisboa que Portugal "se pôs do lado certo da História" com o derrube da ditadura em 25 de abril de 1974.
Caros Vila Nova, que intervinha na sessão comemorativa do 50.º aniversário do 25 de Abril de 1974, com os chefes de Estado de Portugal e das antigas colónias portuguesas, cuja independência esteve ligada ao 25 de Abril, salientou que se comemora "um evento marcante que transcende e ressoa profundamente na consciência coletiva de muitas nações".
O presidente dos Estados Unidos da América, Joe Biden, congratulou esta quinta-feira Portugal pelo "espírito corajoso" com que fez a Revolução dos Cravos, há 50 anos, que permitiu o regresso da democracia.
O presidente da Câmara Municipal de Lisboa disse esta quinta-feira que, com a "polarização dos extremos, à esquerda e à direita", o mais difícil é ser "um político moderado".
Carlos Moedas falava aos jornalistas durante a sua participação no desfile do 25 de Abril, em Lisboa, que juntou milhares de pessoas na Avenida da Liberdade, numa demonstração do que o autarca classificou de "uma festa de união" dos portugueses.
"É preciso estarmos unidos. O 25 de abril não é de uns nem de outros, é de todos, de todos os portugueses e é preciso que essa união seja real", disse.
O presidente da Assembleia da República, José Pedro Aguiar-Branco, que desceu esta quinta-feira a Avenida da Liberdade, em Lisboa, alertou que "a democracia é de uma magnífica fragilidade" e é necessário "cuidar dela", através da participação cívica.
A segunda figura da hierarquia do Estado falava aos jornalistas no tradicional desfile do 25 de Abril, que assinala o cinquentenário da Revolução dos Cravos, numa presença inédita, uma vez que é a primeira vez que um presidente do parlamento representa a instituição nesta comemoração popular.
"A democracia é de uma magnífica fragilidade e, por isso, temos de cuidar dela todos os dias. Depende de nós, só de nós, a construção de uma democracia mais sólida e mais forte. E esta é a mensagem que temos que passar: ninguém fará por nós aquilo que nós não estivermos disponíveis para fazer", defendeu José Pedro Aguiar-Branco.
Várias centenas de pessoas desfilaram esta quinta-feira pelas ruas de Faro, no tradicional desfile do 25 de Abril, para assinalar os 50 anos da revolução que pôs fim a 48 anos de ditadura em Portugal.
A concentração iniciou-se pelas 16h00 no Jardim Manuel Bívar, tendo o desfile percorrido várias artérias da cidade, durante cerca de 40 minutos, terminando no Largo Catarina Eufémia, com os participantes a empunharem cartazes e cravos vermelhos e a entoarem palavras de ordem.
"Liberdade Sempre", "Abril é mais futuro" e "Parar a guerra, oportunidade à paz" podia ler-se nalguns cartazes ao mesmo tempo que eram entoadas palavras de ordem como: "25 de Abril sempre, fascismo nunca mais", "Paz sim, guerra não" e "o povo unido jamais será vencido".
Centenas de famílias passaram esta quinta-feira de tarde pelo Largo do Carmo para assinalar os 50 anos do 25 de Abril, posar junto dos veículos militares do tempo da Revolução e reafirmar o legado da liberdade e da democracia.
Tal como há 50 anos, os blindados chegaram ao Quartel do Carmo, no centro de Lisboa, cheios de pessoas em cima, após completarem o trajeto que os trouxe desde o Terreiro do Paço. Já no local onde se consumou a queda do anterior regime e a vitória dos militares, o povo voltou a sair à rua, de cravos vermelhos nas mãos e no peito.
"É um dia de liberdade, um dia em que temos de dar valor ao que temos hoje. As gerações mais novas não passaram por aquilo que os meus pais passaram e me transmitiram, e o que eu lhes quero passar é que é um dia que tem de ser festejado, um dia de liberdade e de união. Juntamo-nos sempre aqui no Largo do Carmo para comemorar", conta à Lusa Nuno Silveira, acompanhado pela filha a tirar fotos no interior de um camião de transporte militar.
O Presidente da República cabo-verdiano afirmou esta quinta-feira que a "manifesta incapacidade" dos governos em responder às exigências dos cidadãos conduz a fenómenos como o populismo nos países desenvolvidos e à tomada do poder pelos militares nos estados pobres.
José Maria Neves discursava em Lisboa durante a sessão comemorativa do 50.º aniversário do 25 de Abril de 1974, que contou com a participação de chefes de Estado das antigas colónias portuguesas.
O Presidente da República celebrou esta quinta-feira "as pátrias e os povos irmãos" das antigas colónias de Portugal "que o 25 de Abril uniu", considerando que o futuro será guiado pelas memórias e lições do passado colonial.
Marcelo Rebelo de Sousa falava numa sessão comemorativa do 50.º aniversário do 25 de Abril, no grande auditório do Centro Cultural de Belém, em Lisboa, para a qual convidou os chefes de Estado de Angola, Cabo Verde, da Guiné-Bissau, de Moçambique, São Tomé e Príncipe, e Timor-Leste, que discursaram antes.
O Presidente da República de Moçambique, Filipe Nyusi, defendeu esta quinta-feira que a revolução de 25 de Abril foi construída não só em Portugal, mas também pelas antigas colónias, cujos presidentes se reuniram em Lisboa.
"É preciso que nas nossas escolas, em Portugal e nos países da lusofonia ensinemos a verdade: o 25 de Abril foi construído em Portugal, em Angola, em Moçambique, em São Tomé e Príncipe, na Guiné-Bissau e em Cabo Verde, e a nossa presença nesta efeméride é um tributo merecido aos heróis da luta anticolonialista e aos jovens capitães portugueses que a 25 de abril puseram fim a um regime que subjugava os nossos povos", disse o Presidente moçambicano.
Falando durante a sua intervenção na cerimónia que assinala os 50 anos do 25 de Abril, e que junta no Centro Cultural de Belém os Presidentes dos países das antigas colónias, com exceção do Brasil, representado pelo ministro dos Negócios Estrangeiros, Filipe Nyusi afirmou que esta efeméride é "a celebração da vitória numa luta partilhada".
Os líderes de PS, BE, PCP e IL enalteceram esta quinta-feira a participação cívica massiva no desfile popular que assinalou os 50 anos do 25 de Abril de 1974, em Lisboa, apesar das visões distintas para o futuro do país.
"É um ótimo sinal, é extraordinária esta participação massiva do povo português neste desfile, a celebrar os 50 anos do 25 de Abril com uma força, um entusiasmo de quem não quer andar para trás, de quem vai travar e dar combate a qualquer retrocesso social, económico ou cultural. O povo está cá para salvaguardar, proteger os valores de Abril, a nossa democracia política, mas social e cultural também", defendeu o secretário-geral do PS, Pedro Nuno Santos.
Mais atrás, na reta final do desfile, como tem sido habitual, uma comitiva da Iniciativa Liberal também se juntou à manifestação popular, com Rui Rocha a lembrar que o seu partido participa neste momento desde que foi fundado, "mesmo quando quiseram tentar que não" estivessem.
O liberal saudou a participação cidadã no desfile, considerando-a "um bom sinal".
"O 25 de Abril é uma data determinante da liberdade e, portanto, ver tantos portugueses que se juntam em festa, com diferentes visões políticas, com diferentes visões para o país, que se juntam para celebrar essa data que une os democratas e os que amam a liberdade, isso é fantástico", defendeu.
À esquerda, a coordenadora do BE Mariana Mortágua, rejeitou estar perante uma manifestação mas sim "uma ocupação pela liberdade", falando num "país inteiro que saiu à rua".
"Há uma maioria de gente que sai à rua nos 50 anos e não é só para celebrar o 25 de Abril, para marcar um dia simbólico, é para marcar uma posição: para dizer que em Portugal a democracia não se negoceia, a democracia não está em causa, há uma maioria de pessoas que apoia a democracia, que defende a democracia, que acha que é o melhor sistema para Portugal", considerou.
Também o secretário-geral do PCP, Paulo Raimundo, enalteceu a participação massiva, expressiva" e até "emotiva" manifestada pelos cidadãos, classificando-a como "uma grande afirmação de Abril".
O comunista alertou que ainda subsistem problemas no acesso à saúde, educação, e na habitação.
"Há aqui uma afirmação de Abril e, simultaneamente, da exigência que se cumpra Abril na vida das pessoas", afirmou.
O Presidente de Angola, João Lourenço, defendeu esta quinta-feira em Lisboa que o desafio que as ex-colónias têm atualmente é "o da consolidação da democracia, da diversificação e fortalecimento" das suas economias.
João Lourenço, que intervinha na sessão comemorativa do 50.º aniversário do 25 de Abril de 1974, com os chefes de Estado de Portugal e das antigas colónias portuguesas, cuja independência esteve ligada ao 25 de Abril, iniciou a sua intervenção com uma saudação ao derrube "da ditadura salazarista, responsável pela opressão não só do povo português como também dos povos das então colónias portuguesas".
Cerca de uma dezena de angolanos juntaram-se esta quinta-feira em frente ao Centro Cultural de Belém criticando a presença do Presidente da República de Angola na cerimónia que junta em Lisboa vários chefes de Estado lusófonos.
"Estou aqui para mostrar o meu descontentamento com o facto de Portugal convidar o Presidenta da República de Angola, uma vez que João Lourenço é antidemocrata e um ditador, e no entanto é convidado para a festa da democracia", disse à Lusa a manifestante Finúria Silvano, que em conjunto com cerca de uma dezena de manifestantes entoavam "Lourenço é ditador".
"Em Angola não temos condições nenhumas, e o Presidente vem aqui, desfila, gasta um balúrdio só para a viagem, enquanto há pessoas a morrer nos hospitais por falta de medicamentos, não há educação, não há saneamento, nós não temos nem o básico", disse a manifestante, considerando que Portugal está a legitimar um ditador pelo convite para a celebração dos 50 anos do 25 de Abril, numa cerimónia que decorre no Centro Cultural de Belém, em Lisboa.
Um dos documentos que faz parte do acervo do Centro de Documentação 25 de Abril (CD25A) da Universidade de Coimbra é o mapa onde Otelo Saraiva de Carvalho foi assinalando as movimentações das unidades militares na madrugada da revolução.
Joana Moreira, arquivista do centro, refere-se ao mapa do Automóvel Clube de Portugal como um “documento icónico” e “único”.
O Presidente da República recebeu esta quinta-feira dezenas cidadãos no gabinete oficial do Palácio de Belém, onde contou a história do local, aberto à população para celebrar os 50 anos do 25 de Abril, mas recusou responder a perguntas dos jornalistas.
Centenas de cidadãos visitaram esta tarde o Palácio de Belém, aberto à população entre as 11h00 e as 18h00 no âmbito das comemorações dos 50 anos do 25 de Abril.
Por volta das 16h20, Marcelo Rebelo de Sousa abriu as portas do gabinete oficial, onde se encontrava sentado à secretária a organizar e assinar documentos, trocando depois breves palavras com as dezenas de cidadãos que encheram a sala.
O chefe de Estado explicou a história das salas e jardins do Palácio de Belém, apontando também para várias mobílias do gabinete, entre as quais o sofá onde costuma receber os convidados em audiências e onde, segundo indicou, já se sentaram chefes de Estado como Xi Jinping, Barack Obama ou Vladimir Putin.
O desfile já decorre, mas no Marquês de Pombal ainda há um mar de gente. Apesar da confusão, as pessoas dizem que "vale a pena".
"Não é preciso paciência, é preciso vontade. É preciso é vir. Venham!", conta à TSF uma das pessoas no local.
Para Beatriz Rosa, da direção do Ateneu, “está muito por cumprir” 50 anos depois do fim da ditadura. A coletividade continua a marcar a chegada da liberdade na Sé Velha, onde, todos os anos, se ouve a “ Grândola, Vila Morena” e se queima simbolicamente o fascismo.
Beatriz Rosa, da direcção do Ateneu, considera que o 25 de Abril foi a libertação dos medos, das perseguições, da tortura, da censura e o fim da guerra colonial. Mas abril trouxe mais.
O primeiro-ministro, Luís Montenegro, convidou para um almoço esta quinta-feira vários jovens. Entre eles esteve Leonor Mateus, da Escola Superior de Dança. Estes alunos prepararam também vários espetáculos que decorrem esta tarde no jardim.
"Sou grata por conseguir ver o espetáculo por fora. Este espetáculo visa experienciar a energia destes 20 bailarinos num espaço simbólico como este em que nos encontramos hoje, de forma a retratarmos o poder de sermos alunos do ensino superior de dança em liberdade, sobre a experiência das sensações - como a água, a gravilha", explicou à TSF Leonor Mateus, da Escola Superior de Dança.
Com cravos vermelhos, bombos, bandeiras de Portugal e muitos cartazes, o Desfile da Liberdade junta esta quinta-feira, no Porto, milhares de pessoas que aproveitam as celebrações dos 50 anos do 25 de Abril para partilhar memórias e fazer apelos. No Largo Soares dos Reis, no início do desfile, cantou-se Grândola Vila Morena.
Sara (4 anos), Nuno (7), Tiago (8) e Vasco (10) - autores de um cartaz feito a marcador onde se lê "Viva o 25 de Abril = Liberdade" - atropelam-se para explicar à Lusa o porquê de terem escolhido a palavra "liberdade" para o centro da folha de papel A3.
"Porque antes o país era triste e agora é livre. Porque não se podia falar e porque os policias iam a casa das pessoas buscá-las às quatro da manhã ou mais tarde para as prenderem por pensarem de forma diferente", referem, repetindo as explicações ouvidas em casa.
O primeiro-ministro manifestou esta quinta-feira a convicção de que os 50 anos do 25 de Abril serão "um ponto de viragem" para quebrar "um ciclo negativo" dos últimos anos, de "incapacidade de reter em Portugal" o talento dos jovens.
Luís Montenegro assinalou os 50 anos do 25 de Abril com um almoço com 50 jovens na residência oficial do primeiro-ministro, entre os quais o tenista João Sousa, o escritor Afonso Reis Cabral, o cantor Buba Espinho, a comentadora na SIC Maria Castello Branco e elementos das Forças Armadas e forças de segurança.
Já são vários os milhares de pessoas que estão no Marquês de Pombal e por toda a Avenida da Liberdade para o tradiconal desfile do 25 de Abril. Também no Largo do Carmo, outro local emblemático, as pessoas estão em grande número neste dia em que se celebra meio século de liberdade.
Pela Iniciativa Liberal, Mariana Leitão sublinha que “esta é uma data muito importante” e desafia os portugueses “a celebrarem a data” para que se evitem os “retrocessos”. A líder parlamentar da IL lamenta que o Presidente da República tenha “ignorado o futuro”.
“Há muito para fazer e cá estaremos para continuar a construir o futuro”, acrescenta.
A deputada considera que o Presidente deveria ter dado sinais do que “pensa para o futuro”.
Inês Sousa Real, do PAN, refere que "este é um dia em que mais do que festejar, temos de renovar o compromisso de reconstruir a democracia perante os desafios que enfrentamos".
"O Presidente da República falou das dívidas para com as ex-colónias, mas esqueceu-se de outra dívida: abraçar os novos desafios e causas", considera, saudando, por outro lado, o "discurso diverso e plural" do Presidente da Assembleia da República.
“O PAN estará na rua, ao lados dos concidadãos a celebrar Abril”, adianta, defendendo que a reconciliação com a História não se “esgota” na questão patrimonial, mas também "se faz na forma como é tratado quem vem para Portugal".
Mariana Mortágua destaca a homenagem de Marcelo Rebelo de Sousa aos capitães de Abril, mas também ao protagonistas políticos que marcaram a transição para democracia. A coordenadora do BE, numa nota de futuro, rejeita as vozes da direita.
“Essa é a essência da democracia”, atira, rejeitando “impérios e polícia política em Portugal”. A bloquista quer, ainda, rejeitar as vozes da direita que falam “em corrupção”, numa mensagem dirigida ao Chega.
Mortágua sublinha que uma democracia plena “não tem medo de pensar e discutir a sua história”. Esse debate “tem de ser feito em Portugal”, como está a ser feito noutros países.
“Não há nada de mal em querer discutir esses temas”, diz.
Paulo Núncio, do CDS, volta a saudar "os 50 anos do 25 de Abril", mas sem esquecer "o 25 de Novembro".
"Saudamos o Governo por ter criado uma comissão para comemorar os 50 anos do 25 de Novembro no próximo ano", diz, após a sessão solene no Parlamento. "O 25 de Novembro tem de ser comemorado como uma data fundamental da democracia em Portugal", sublinha. Para o CDS, celebrar o 25 de Novembro é "um ato de justiça e de gratidão para com os militares".
"Não entramos em revisionismos históricos, mas estamos preparados para construir o futuro com os estados que fazem parte da CPLP", acrescenta.
Pelo PS, a líder parlamentar Alexandra Leitão reage ao discurso do Presidente da República, falando numa “alegria enorme por celebrar o 25 de Abril” na Assembleia da República. A deputada socialista diz que o 25 de Abril tem de ser uma “data de união” e “quem quer outros regimes está no sítio errado”.
Alexandra Leitão sublinha que foi “um discurso de união”, notando que “qualquer democracia é sempre melhor do que a ditadura”, parafraseando as palavras do Presidente da República. A socialista rejeita, no entanto, “fazer outros comentários” sobre a polémica em torno do encontro de Marcelo com jornalistas estrangeiros.
Pelo PS, a líder parlamentar Alexandra Leitão reage ao discurso do Presidente da República, falando numa “alegria enorme por celebrar o 25 de Abril” na Assembleia da República. A deputada socialista diz que o 25 de Abril tem de ser uma “data de união” e “quem quer outros regimes está no sítio errado”.
Alexandra Leitão sublinha que foi “um discurso de união”, notando que “qualquer democracia é sempre melhor do que a ditadura”, parafraseando as palavras do Presidente da República. A socialista rejeita, no entanto, “fazer outros comentários” sobre a polémica em torno do encontro de Marcelo com jornalistas estrangeiros.
Pelo PS, a líder parlamentar Alexandra Leitão reage ao discurso do Presidente da República, falando numa “alegria enorme por celebrar o 25 de Abril” na Assembleia da República. A deputada socialista diz que o 25 de Abril tem de ser uma “data de união” e “quem quer outros regimes está no sítio errado”.
Alexandra Leitão sublinha que foi “um discurso de união”, notando que “qualquer democracia é sempre melhor do que a ditadura”, parafraseando as palavras do Presidente da República. A socialista rejeita, no entanto, “fazer outros comentários” sobre a polémica em torno do encontro de Marcelo com jornalistas estrangeiros.
Pelo PS, a líder parlamentar Alexandra Leitão reage ao discurso do Presidente da República, falando numa “alegria enorme por celebrar o 25 de Abril” na Assembleia da República. A deputada socialista diz que o 25 de Abril tem de ser uma “data de união” e “quem quer outros regimes está no sítio errado”.
Alexandra Leitão sublinha que foi “um discurso de união”, notando que “qualquer democracia é sempre melhor do que a ditadura”, parafraseando as palavras do Presidente da República. A socialista rejeita, no entanto, “fazer outros comentários” sobre a polémica em torno do encontro de Marcelo com jornalistas estrangeiros.
Pedro Pinto, do Chega, diz que o discurso de Marcelo Rebelo de Sousa "foi praticamente uma resenha histórica". "Não foi um discurso com nada de novo, nem exuberante, sem muito conteúdo. Não tocou no tema que tocou ontem, as supostas dívidas que temos com o nosso passado colonial", diz, reforçando que o Chega "tem muito orgulho no nosso passado histórico".
"Vamos pedir a Marcelo Rebelo de Sousa que se retrate", reforça, argumentando que Marcelo já "trazia o discurso escrito de casa".
"O 25 de Abril trouxe muitas promessas e 50 anos depois a Educação ou a Saúde não funcionam e os portugueses continuam a emigrar. Foi isso tudo que Abril, a democracia e a liberdade falharam", diz.
O Chega não estará presente no desfile na Avenida da Liberdade, em Lisboa.
O líder parlamentar do PSD, Hugo Soares, lembra o dia “inteiro, limpo e livre” que permitiu o 25 de Abril. Hugo Soares nota, no entanto, que o PSD foi o único partido que deu “voz a uma cidadã independente” que mostra “futuro para os portugueses”.
Numa reação ao discurso do Presidente da República, o social-democrata fala “num discurso abrangente”, porque “celebrar os 50 anos do 25 de Abril é celebrar toda a história”, de forma “genuína”.
“Uma palavra de apelo ao consenso, diálogo e construção de políticas que melhorem a vida dos portugueses no dia a dia”, diz.
O PCP é o primeiro partido a reagir ao discurso de Marcelo Rebelo de Sousa. Paulo Raimundo lamenta que a intervenção tenha sido “circunscrita a figuras e nomes”, passando por cima "da realidade concreta da vida das pessoas” e das “soluções que é preciso concretizar”.
"A democracia exige que se dê respostas às pessoas, isso tem de ser acompanhado de medidas concretas. O Presidente da República fez uma afirmação genérica sobre as dificuldades das pessoas, passou ao lado do concreto", afirmou.
Numa sexta questão, Marcelo lembra que Portugal e a Europa mudaram, e “muitos do jovens não têm ideia do que foi a revolução”. Apareceram, também, “novos problemas”, como na saúde e educação”.
“Antes que Abril, que é partilhado com um marco histórico, fique nostalgia e mais passado do que futuro. O que fazer? Como fazer?”, questiona.
É preciso “ir recriando Portugal”, mas o valor que nunca se enfraqueceu chama-se “liberdade do povo”. O Presidente pede “humildade e inteligência” para preferir “sempre a democracia em vez da ditadura”.
Marcelo Rebelo de Sousa começou por lembrar o “jovem constituinte”, que votou a primeira constituição na última fila. “Este é um hemiciclo tão diferente, tão oposto ao de 1976. Definitivamente, o que caminho que queremos não é o da ditadura, mas o da democracia cada vez melhor”, conclui.
André Ventura, do Chega, revela que mudou o discurso “depois de ouvir o Presidente da República” e fala agora “cara a cara com os portugueses”, pedindo “perdão pelo que vão ter de aturar”.
“Toda a liberdade que conquistámos, ora a fomos perdendo, ora a fomos desconstruindo”, diz, dando o exemplo dos que “ainda não conseguiram sair do salário mínimo nacional”. E questiona: “Como é que a manhã mais bela da Europa os obriga a sair de casa de seus pais?”.
Ventura quer, isso sim, “dar dignidade ao povo português”, lembrando que nos 50 anos do 25 de Abril, “ironicamente, há 50 deputados do Chega”.
O líder do Chega lembra que o anterior Governo caiu por alegada “corrupção”, sublinhando que, 50 anos depois de Abril, “sabemos que uma grande parte nunca quis a justiça independente”. Ventura lamenta que “seja mais importante o cravo ao peito” do que dar respostas aos problemas dos portugueses.
“Não é Abril que tem de se cumprir, é Portugal que tem de se cumprir”, atira.
Ventura também não esquece “a todos os antigos combatentes desta pátria” depois das palavras do Presidente da República: “É vossa também a democracia portuguesa”.
Lembra também que há uma secretária de Estado que recebeu uma indemnização, em 2015, para sair da CP, e atira: “Portugal não é um país pobre, mas nunca abdicou dos que ficam em casa”.
Ventura admite que vão apelidá-lo de “fascista”, mas garante que “há uma oligarquia que se instalou no poder em Portugal” e “no que depender de todos esse tempo está a chegar ao fim”.
Dirigindo-se para o Presidente da República, Ventura defende que Marcelo “traiu os portugueses”, lembrando que o Presidente foi “eleito pelos portugueses, não pelos timorenses”. “É a eles que tem de respeitar, antes de tudo”, atira.
E questiona: “Pagar o quê? Pagar a quem?”. Ventura “não quer prender ninguém, nem responsabilizar ninguém”.
Mariana Mortágua começa por citar Antero de Quental, “um dos grandes poetas de Portugal”, que “afirmava que as causas da nossa decadência eram, em primeiro lugar, o fanatismo religioso que tinha criado a Inquisição e enxovalhado a educação; em segundo lugar, o império inviável; e em terceiro lugar, o absolutismo que silenciou a nação”.
A coordenadora do Bloco de Esquerda nota que “o nosso país só foi salvo pela revolução do 25 de Abril”, que estava vergado “à tristeza, à emigração forçada, à maldita guerra e à secundarização das mulheres”.
“Dizem-nos agora alguns, saídos do armário ao fim de 50 anos, que a revolução foi supérflua e um exagero, que afinal a chibata sempre educa, a masmorra moraliza e o lápis azul ilustra”, acrescenta.
As “carpideiras do salazarismo” são “perigosos” porque “culpam a democracia e a Constituição pela pobreza que persistiu, pelo amargo das promessas não cumpridas e pela corrupção que grassa nas privatizações, nas portas giratórias, no financiamento dos próprios partidos da oligarquia”.
“Os saudosistas são perigosos porque vivem para a mentira”, acrescenta, afirmando que “o Tarrafal fechou para sempre e o Aljube e Peniche são agora museus que devem ser visitados”.
Numa mensagem para os “saudosistas”, Mariana Mortágua avisa “que nenhuma mentira ocultará que, para Portugal, Abril foi o começo. Abril foi a torrente de alegria, a beleza de vencer o fascismo. Abril é a vida cheia contra o sonambulismo e a maldita guerra”.
“Quando no país mais analfabeto da Europa o povo escreveu a sua própria história e finalmente gritou que a miséria não é virtude nem folclore, é exploração.
Nesse dia, em que o medo mudou de lugar, Portugal engrandeceu e ficou do tamanho de todos os sonhos”, diz, com aplausos da bancada do PS.
Ainda assim, Mortágua recusa que “este dia seja uma consolação para um tempo encerrado”, e “alerta sobre o presente para um manifesto pelo futuro”.
“O que nos assombra chama-se capitalismo. É o poder que transforma tecnologias em ameaças, que sacrifica imigrantes para beneficiar os que exploram a sua ilegalização, que destrói o planeta de amanhã em nome dos dividendos de hoje”, atira.
Referência também para Aníbal Cavaco Silva, antigo Presidente da República, que está presente tribuna de honra do Parlamento, o que levou a um aplauso de pé da bancada do PSD, num longo aplauso.
O futuro, para Mariana Mortágua, “é garantir trabalho digno” e afirmar “o direito ao salário e ao descanso”. “Reclamar o futuro é, portanto, construir o progresso a favor da comunidade e distribuir todos os seus frutos. Contra o medo e os rancores existenciais, afirmamos a certeza de que aqui cabe o mundo todo, todos temos o direito a viver em condições iguais e a ter o que precisamos para uma vida boa”, refere.
Uma “vida boa”, para a coordenadora bloquista, é “tempo livre, respeito por cada um, fins coletivos, sonhos em comum, o imaginário descolonizado: ou seja, tudo o que nos aproxima da liberdade”.
"Portugal é e será, por isso, uma viagem que fazemos juntos. E uma grande viagem é como um grande amor. Nos 50 anos do 25 Abril, este é o nosso manifesto pelo futuro", conclui.
"Se o 25 de Abril tivesse falhado, o regime teria sobrevivido, pior mas teria sobrevivido", começa por dizer o Presidente da Assembleia da República, José Pedro Aguiar-Branco. "Este país teria um amanhã, certamente pior. Se o 25 de Abril tivesse falhado, os únicos que não teriam um amanhã seriam estes homens", diz.
"Era mais fácil optar pela neutralidade, era mais fácil não sair à rua, nenhum seria julgado por ficar, todos seriam julgados por fazer", afirma, lembrando as vítimas mortais do 25 de Abril. "Naquele dia houve gente que estava no sítio errado à hora errada. Foram as últimas vítimas da polícia política, do regime, e é tempo de dizer os seus nomes nesta sala: Fernando Giesteira, Fernando Barreiros dos Reis, João Arruda e José Barneto." O plenário aplaude de pé as famílias das vítimas mortas no dia 25 de Abril de 1974, pela PIDE.
"A liberdade de expressão, de imprensa, de associação, democracia, saúde, educação, justiça, habitação, separação de poderes, são conquistas de Abril", sublinha, lembrando que o "direito e dever de exigir mais de quem nos governa" é outros dos princípios que devem ser considerados.
"Alguns podem dizer que Abril está por cumprir, mas Abril mudou e por isso o país quer mais, exige mais" defende. "O país tem razão. Continuamos a querer concretizar os nossos sonhos. Temos é mais sonhos. Temos é sonhos maiores", reforça.
"A desilusão de uns resolve-se com boa governação, a polarização de outros resolve-se com soluções, com ações concretas", avisa. "É preciso resolver e não combater." "A casa da democracia não é um castelo fechado em si mesmo, não pode servir para defender o regime, serve para construir a democracia todos os dias, com mais políticas do que política", diz, recordando Mário Soares, como a personificação "maior de bom senso e sabedoria, que hoje se descreve como moderação".
“Muito foi mudando entre 1974, 1975 e 1976”, lembra Marcelo Rebelo de Sousa, desde logo, com o fim do PREC e a implementação da primeira Constituição. Uma saudação também para António Ramalho Eanes, o que leva ao aplausos de pé do plenário: só Bloco de Esquerda e PCP não se levantam.
Palavras também para Mário Soares que foi “o imediato vencedor civil da revolução”, que teve uma “longa luta contra a ditadura”, com um percurso “singular em democracia”. Francisco Sá Carneiro e Álvaro Cunhal também lembrados.
“Esses altos e baixos terão comparação? Não, não tem comparação. O 25 de Abril marcou o fim de uma ditadura de cinco séculos e quatro mudanças de regime económico”, lembra.
Para Marcelo Rebelo de Sousa, nenhum “outro império enfrentou estes desafios em tão pouco tempo”, com o Presidente a revisitar grande parte da história. “É injusto comparar o incomparável e esquecer os custos da revolução”, nota.
O Presidente da República saúda, por isso, “os jovens capitães de Abril”. Saúda “os que estão hoje connosco, mas também os que partiram”, aplaudido pela bancada do PS e do PSD.
Para encerrar a sessão, toma a palavra o Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, depois de ouvir várias críticas de partidos à direita (Chega, Iniciativa Liberal e CDS-PP). “Parece que foi ontem”, diz Marcelo, “mas não foi”.
Há 48 anos, Marcelo Rebelo de Sousa fez parte da Assembleia da Constituinte e, agora, “não encontra muitos desse tempo nesta sala”. Convém, por isso, “saber porque foi e quando foi o 25 de Abril”.
“Porque foi tão tarde o 25 de Abril? O império, mesmo sem futuro, agarrou-se”, atira, e “foi como foi porque só assim teria sido possível”, com jovens capitães conhecedores do terrenos.
Marcelo lembra que “não se antevia vitória” para a guerra colonial, o que também atrasou a passagem para a ditadura, e os jovens militares “não responsabilizassem o poder da ditadura, acabaram por ficar como os únicos responsáveis”.
Os portugueses são agora “os guardiões do futuro” da democracia, e o Parlamento “deve escutar o povo, para devolver ao povo a concretização das suas legítimas expetativas”.
E atira aos extremistas que “radicalizam a sociedade, dividindo-a em dois: os políticos e o povo”. “Não”, acrescenta, porque “aqui somos todos Portugal”.
“Aqui não são os partidos que ganham ou perdem, são os portugueses que têm de ganhar”, acrescenta.
Ana Gabriela Cabilhas quer “dizer não, não a quem quer dividir o país”, até porque o “futuro da nossa democracia não é certo, mas a forma como o preparamos é a chave para a defender melhor”.
“Que cada português, onde quer que esteja, saiba que o coração da pátria bate em uníssino com o seu. Porque a essência da liberdade está dentro de nós e é ela que mais ordena”, conclui.
Rui Rocha começa por dizer que, há 50 anos, "uma gaivota levantou voo". "Essa gaivota voava e nós, como ela, ficámos também livres de voar. Sabemos que é fundamental que as gaivotas voem, mas sabemos também que não é indiferente à Liberdade que temos se as gaivotas voam mais alto ou mais baixo, se voam para a frente ou se voam para trás e, voando para a frente, se voam mais depressa ou mais devagar (...) Se levantar voo para substituir uma ditadura por uma democracia, voa para a Liberdade. Se levantar voo para substituir uma ditadura por uma ditadura de sinal contrário, a praia onde aterra a gaivota tem a mesma nenhuma Liberdade que existia na praia de onde partiu", afirma.
A par do que fez Paulo Núncio, do CDS, também o líder da Iniciativa Liberal responde a Marcelo: "Quem declara ser nossa obrigação indemnizar terceiros pelo nosso passado, atenta contra os interesses do país, reduz-se à função de porta-voz de sectarismos importados e afasta-se do compromisso de representar a esmagadora maioria dos portugueses."
"Não somos menos livres porque temos uma longa História de quase 900 anos. E não, Senhor Presidente, História não é dívida. E História não obriga a penitência", atira.
Rui Rocha volta à gaivota para dizer que ela "voa mais baixo do que devia quando o coletivismo ganha terreno e determina o caminho do indivíduo, quando esse caminho tem de fazer-se contra ou apesar do Estado, quando o Estado impede de crescer pelo trabalho e quando o sucesso e o mérito das pessoas e das empresas não são celebrados, mas desvalorizados, criticados ou mesmo punidos".
"A gaivota voa mais baixo do que devia quando o Estado tira muito mais do que aquilo que devolve em Justiça, em Saúde ou Educação, quando um cada três jovens emigram obrigados, quando um cada quatro dos que ficam estão desempregados, quando um em cada quatro dos que trabalham ganham menos de 1000 euros por mês. A gaivota voa mais baixo do que devia quando o IRS deixa de ser um imposto sobre o rendimento e passa a ser um imposto sobre a idade", atira, sublinhando ainda a falta de habitação e a pobreza.
"Aos que à esquerda querem ser donos do 25 de Abril, aos que à direita se envergonham do 25 de Abril e aos outros, saudosos do ranço, da miséria e da opressão, aqui solenemente digo: saiam da frente, que atrás vem gente. Aos que têm agora o poder, digo também: façam, façam voar as gaivotas mais alto e mais depressa. E se não tiverem ambição para fazer nunca se esqueçam que, nas palavras de Torga, em Liberdade os cidadãos são sempre donos do terrível poder de recusar", termina.
Pedro Nuno Santos, secretário-geral do PS, diz que o 25 de Abril "pôs fimm a um regime assente numa elite e que condenou a maioria do povo à pobreza e ao analfabetismo". "O acesso à saúde dependia da carteira e a educação era um privilégio para uma minoria", refere.
Com o 25 de Abril, os portugueses “agarraram-se a uma ideia de país, de comunidade democrática, de povo, de prosperidade e de futuro”. Pedro Nuno Santos enumera as maiores conquistas do país nos últimos 50 anos, como o Serviço Nacional de Saúde, a escola pública, a segurança social, o sistema de pensões, o sistema de proteção laboral.
“Abril é mais do que História, mais do que memória, Abril é vitória”, afirma, sublinhando que os portugueses "mostraram que o estado de direito não é um obstáculo à liberdade".
Os problemas de hoje, passados 50 anos, "não se revolvem com um estado ao serviço de um minoria, não se resolvem com políticas fiscais e injustas, não se resolvem com populismos".
"Portugal é um país de emigrantes mas também um país de imigração", sublinha. "Os portugueses conquistaram o direito a viverem com liberdade, a amarem quem quiserem, a serem felizes sem terem de se esconderem. Abril não proíbe nenhuma família, Abril é liberdade e alegria. As mulheres emanciparam-se e libertaram-se, a partilha do poder gera resistência, mas já não há recuo possível, as mulheres em Portugal já conquistaram o direito a perseguir os seus sonhos", argumenta.
"O PS aqui estará para defender a democracia política e a democracia social e cultural dos ataques dos seus novos e velhos inimigos. Foi uma e outra que Abril construiu. Uma e outra estão sob ataque. E uma e outra terão a nossa proteção", diz.
E finaliza: "Uma memória ao mesmo tempo generosa e exigente, que tenha um pé no passado e outro no futuro, e que reconheça no espírito do 25 de abril a nossa âncora moral. O 25 de Abril é o dia inicial, não há outro igual."
Paulo Raimundo começa por evocar "a coragem e a determinação dos jovens capitães de Abril". "Esta é uma luta onde, com orgulho, o PCP esteve sempre na primeira linha de combate ao regime fascista", afirma. O PCP critica uma minoria que “tudo fez e faz para destruir conquistas e recuperar o poder perdido, que tudo fez e faz para falsificar e reescrever a história”.
"A revolução consagrou liberdades concretas", refere Paulo Raimundo. "Abril é a juventude ter condições de trabalhar e fazer a vida no seu país", considera o PCP. "Abril é Serviço Nacional de Saúde, é o direito à escola pública, direito à habitação, é cultura, é defesa do ambiente, é defesa da água como bem público, é desenvolvimento científico e tecnológico, é combate ao poder, é o fim da promiscuidade entre poder económico e político."
Paulo Raimundo diz que "Abril rejeita ódio e rascismo". "É um claro não à guerra."
O líder do PCP defende que o caminho a "retomar" é "pôr fim ao ciclo da política de direita que tem conduzido o país a crescentes desigualdades". "Este é o grande desafio que está colocado aos democratas e patriotas”, mas é sobretudo uma “tarefa da juventude”, refere.
“Podem decretar o fim de Abril que isso é como decretar o fim da esperança e é essa esperança nesse Abril que é preciso retomar, é tal como a música, uma canção sem final”, remata, dizendo: "25 de Abril sempre, fascismo nunca mais, viva o 25 de Abril."
Rui Tavares começa por lamentar o “medo da mãe”, que lhe dizia “cuidado, Lucília, se tivesse um pouco mais de educação já teria sido presa”. O próprio tio de Rui Tavares acabou preso por “simplesmente comemorar”.
Os ditadores “contavam com que os portugueses tivessem sempre medo e não coragem”. Rui Tavares pede “sonhos” aos portugueses, tal como os militares de Abril.
Rui Tavares entende que o 25 de Novembro deve ser celebrado, porque “todos esses dias que nasceram do 25 de Abril são importantes e dizem-nos muito”. Ainda assim, “esses dias as são incomparáveis com o dia que os criou”.
“O 25 de Abril foi belo. A mais bela revolução do século XX. E é nossa”, diz, com aplausos da bancada do PS, além do Livre.
Tavares lembra que, desde há 50 anos, tudo o que se tem feito é “celebrar Abril”, como o salário mínimo, Serviço Nacional de Saúde ou a educação. Os portugueses orgulham-se “do neto que está na universidade”, não é do carro que compraram, “e isso é cumprir Abril”.
“Para os inimigos do 25 de Abril a fasquia está muito alta. Reparem no ambiente atual que vivemos pelo mundo”, afirma, numa alusão à extrema-direita.
Tavares pede que “não se dê o prazer” aos “inimigos” de saltarem para o poder, dando respostas aos problemas do país para “evitar os problemas do passado”.
Toma a palavra Paulo Núncio, do CDS, recorda que o 25 de Abril "acabou com o regime onde não havia eleições livres, onde não havia liberdade de imprensa e deve ser saudado por isso".
"A revolução também colocou termo na guerra em África", lembra. "No CDS saudamos a excecional capacidade que Portugal e o estados lusófonos tiveram para, em 50 anos, estabelecer interesses comuns", afirma, sublinhando que "a lusofonia é hoje uma dimensão importante da CPLP"
Respondendo a Marcelo, Paulo Núncio atira: "Não sentimentos necessidade de revisitar heranças coloniais", mostrando, assim que o CDS está contra ao "dever de reparação".
"A história é a história e o nosso dever é o futuro", reforça.
"Portugal não mudou de regime para ser um estado insolvente, nos últimos 50 anos tivemos três bancas rotas", diz, argumentando que a ambição do novo Governo é "colocar o país no pelotão da frente da Europa".
"A taxa de emigração dos jovens é uma das mais altas", lamenta. Sobre a eutanásia, Paulo Núncio diz que "uma sociedade mais humana é uma sociedade que cuida dos seus, em especial no fim de vida"
"Só defenendo a vida de cada ser humano é possivel construir sociedade mais justa", considera.
Por fim, Paulo Núncio afirma que devemos "celebrar o 25 de Abril não esquecendo o 25 de Novembro". "O 25 de Novembro foi a continuação do 25 de Abril, separar as duas datas é um erro histórico."
A deputada do PAN, Inês Sousa Real, é a primeira a discursar, lembrando que, há 50 anos, “a rádio dava o sinal para a liberdade”. O momento desafiou o país “a deixar de ter medo de sonhar, de querer e de lutar”.
“A música que tocou inspirou-nos a lutar pela liberdade, por melhores condições de vida, pelos direitos humanos e pela justiça social e deixou-nos um legado que hoje assume uma nova dimensão perante os grandes desafios do nosso tempo, como as guerras que continuam a marcar a vida das pessoas, as alterações climáticas que desafiam o nosso estilo de vida ou a ascensão de forças políticas que põem em causa direitos humanos”, acrescenta.
A música “que hoje toca” confronta o país “com uma realidade que nos preocupa profundamente, que se espalhou pela Europa, e que hoje, se espalha por Portugal”, numa alusão à extrema-direita.
“Os direitos conquistados, aos poucos, e subtilmente, estão a ser postos em causa, não apenas os direitos humanos, das mulheres, dos mais vulneráveis, mas também os direitos dos animais e o respeito pela natureza”, diz.
Inês Sousa Real pede também “uma nova música” para que “trave o declínio da biodiversidade, que promova a abolição de atividades cruéis para com os animais e o direito a viverem, em liberdade no seu habitat natural”.
“É hora de sintonizar uma nova música da liberdade, de nos erguermos contra aqueles que procuram silenciar a voz de Abril”, atira.
A deputada quer evitar que “se construam trincheiras e alimentem a ideia de que temos de ser uns contra os outros”, pedindo que “cantemos por isso Abril e não deixemos que nos tirem a liberdade e a esperança de sonhar e acreditar numa sociedade melhor para todas e todos sem exceção”
Há grandes desafios, “mas o poder de manter viva a chama e a música de abril está em todas e todos nós”. “Contam com o PAN para continuar a cantar, com novas estrofes, a música de abril e lutar por um país que respeite as pessoas, os animais e a natureza”, conclui.
Pelo PSD, uma jovem deputada toma a palavra: Ana Gabriela Cabilhas. Naquele dia, lembra, “o vermelho do sangue deu lugar ao vermelho dos cravos”. “Os cravos fluíram nas armas e a esperança iluminou um novo futuro”, acrescenta.
A deputada cita Camões, mas também Miguel Torga, para “renovar um compromisso com o futuro”. A geração da deputada já nasceu em democracia, pelo que questiona: “Vivemos com igual empenho a democracia?”.
“Não podemos admitir que a melhor versão da nossa democracia tenha ficado no passado, cristalizada na Revolução dos Cravos”, diz.
Marcelo Rebelo de Sousa chega à Assembleia da República, recebido pelo presidente do Parlamento, José Pedro Aguiar-Branco. Ouve-se o hino nacional.
Arranca a sessão solene para comemorar os 50 anos do 25 de Abril. Todos os partidos têm quatro minutos para intervir. A cerimónia termina com o discurso do Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa.
Acompanhe ao minuto.
A família de Otelo Saraiva de Carvalho doou o arquivo do estratego do 25 de Abril ao Arquivo/Biblioteca Ephemera, o que ajudará a compreender "o ambiente de 1974/75", disse à Lusa o historiador Pacheco Pereira.
São "documentos fundamentais porque têm imensos manuscritos" do próprio e de outras pessoas, "notas de reuniões, correspondência", são "milhares de cartas enviadas a Otelo", afirmou José Pacheco Pereira, fundador do Ephemera, maior arquivo privado em Portugal.
O espólio de Otelo "é enorme", abrange o período inicial de 1974 em que está no Conselho da Revolução, o tempo do COPCON, e, até agora, foram recebidas no Ephemera duas estantes e muitos dossiês.
Aníbal Cavaco Silva não tem estado nas cerimónias do 25 de Abril, mas marca presença nas comemorações de meio século do regime democrático, na Assembleia da República. O antigo Presidente da República chegou acompanhado pelo ministro da Presidência, António Leitão Amaro.
O antigo Presidente Ramalho Eanes chegou pouco depois, pela porta principal do Parlamento.
Nas cadeiras na sala das sessões, colocadas para convidados, já está sentada a Procuradora-Geral da República, Lucília Gago.
A cerimónia militar terminou no Terreiro do Paço. Daqui a 30 minutos, às 11h30, arranca a sessão solene comemorativa dos 50 anos do 25 de Abril na Assembleia da República. O encerramento estará a cargo de Marcelo Rebelo de Sousa.
Setenta e seis capitães de Abril marcaram presença na primeira fila do espectáculo de teatro "Esta é a Madrugada que eu Esperava" na ex-escola prática de Cavalaria, na quarta-feira à noite.
Do espectáculo fez parte também a recriação da saída da coluna militar liderada por Salgueiro Maia, numa homenagem aos militares que lutaram pela liberdade.
Algures de Moçambique, em 1968, partiu a primeira de centenas cartas trocadas ao longo de dois anos entre Tiago Rosa e Zaida Pereira, ele de Chaminé (Abrantes), destacado para o Ultramar, ela de Castelo Branco. Não se conheciam, mas Tiago pedia a Zaida que aceitasse ser sua madrinha de guerra (a 19.ª). Com o sim, vieram as palavras escritas e nasceu uma história de amor que redundou em casamento numa união que resiste até hoje.
Um dos pontos altos desta cerimónia militar foi a homenagem àqueles que morreram ao serviço da pátria. Um momento que começou com o toque de silêncio e terminou com a passagem de uma esquadrilha de caças F-16 da Força Aérea.
Agora, desfilam os três ramos das Forças Armadas portuguesas perante a tribuna de honra, onde estão algumas das principais figuras do Estado. Participam nesta cerimónia cerca de 1100 militares.
Sob o olhar atento e emocionado da população, que enchia as ruas de Santarém, sete viaturas transportaram os militares da ex-escola prática de Cavalaria (EPC) que, há 50 anos, participaram nas operações que desmantelaram o Estado Novo.
Sob o cântico "25 de Abril sempre, fascismo nunca mais", os militares percorreram algumas das ruas mais importantes de Santarém, entre elas o Jardim da Liberdade, onde está patente uma exposição sobre o exército português e o Jardim dos Cravos, um espaço construído em homenagem ao capitão de Abril, Fernando Salgueiro Maia.
Foi ao som da marcha do Movimento das Forças Armadas que os militares entraram nas viaturas e percorreram as ruas da cidade, sempre rodeados pela população que, com os cravos na mão, aplaudiam e proferiam cânticos alusivos à revolução.
Meio século depois, a democracia ainda não satisfaz 51% dos inquiridos, com destaque para as mulheres e 60% dos jovens. Do lado dos 47% que se dizem satisfeitos, estão mais de metade dos mais velhos. Entre os partidos, é junto dos eleitores da Iniciativa Liberal que reina maior insatisfação, enquanto quem assume votar no PS e no PSD tem mais tendência a declarar-se satisfeito com a democracia.
O Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, e o primeiro-ministro, Luís Montenegro, já chegaram ao Terreiro do Paço, em Lisboa, onde decorre a cerimónia militar que dá início às celebrações oficiais dos 50 anos do 25 de Abril.
O General Ramalho Eanes, antigo Presidente da República, chegou ao Terreiro do Paço pelas 09h10 na companhia de Nuno Melo, atual ministro da Defesa.
O presidente da Câmara de Lisboa, Carlos Moedas, também já está no local.
O primeiro ponto das celebrações dos 50 anos do 25 de Abril, esta manhã, é o Terreiro do Paço. É lá que acontece a cerimónia militar que marca o arranque das celebrações oficiais. O hino nacional já se fez ouvir, tocado pela banda do Exército.
O Estado-Maior-General das Forças Armadas, o chefe do Estado-Maior da Armada, o chefe do Estado-Maior da Força Aérea e o chefe do Estado-Maior do Exército já estão no Terreiro do Paço.
O Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, chegará ao Terreiro do Paço às 09h30. Depois, a partir das 11h30, vai para a Assembleia da República para assistir e encerrar a tradicional sessão solene comemorativa da Revolução dos Cravos.
Portugal celebra esta quinta-feira o 50.º aniversário do 25 de Abril com um programa de comemorações alargado que inclui a tradicional sessão solene no parlamento e o desfile na avenida da Liberdade, em Lisboa, mas com iniciativas em todo o país.
O programa da Comissão Comemorativa dos 50 anos do 25 de Abril começa com uma cerimónia militar no Terreiro do Paço, em Lisboa, com a presença do Presidente da República.
Marcelo Rebelo de Sousa segue depois para a Assembleia da República, a partir das 11h30, para assistir e encerrar a tradicional sessão solene comemorativa da Revolução dos Cravos.
Para assinalar no parlamento a passagem de meio século sobre o golpe de estado que pôs fim à ditadura de Oliveira Salazar e Marcello Caetano, o PS, Chega, Iniciativa Liberal, BE, PCP e Livre escolheram os seus líderes para discursar.
O tradicional Arraial dos Cravos não se vai realizar, este ano, no Largo do Carmo, em Lisboa. Ainda assim, centenas de pessoas reuniram-se no local para passar a meia noite de 24 para 25 de abril e gritam, em conjunto: "25 de Abril sempre, fascismo nunca mais".
A revolução do 25 de abril de 1974 é, com larga margem, o acontecimento mais importante dos últimos 50 anos em Portugal, de acordo com a sondagem da Aximage para a TSF, DN e JN. O 25 de Novembro de 1975, embora importante para a democracia, é visto como um episódio secundário nos últimos 50 anos quando comparado com outros feitos.
O 25 de Abril leva nota amplamente positiva pelos inquiridos (94%), com 68% a considerarem a data “muito importante”. Das pessoas que responderam à sondagem, 5% dão pouca relevância ao 25 de Abril para “a democracia e para a sociedade portuguesa”.
Os números são taxativos: as notícias falsas são uma ameaça elevada ou muito elevada para a democracia, para o sistema político e para o equilíbrio na sociedade. Isso mesmo dá conta a sondagem da Aximage para a TSF, DN e JN com um total de 84% dos inquiridos a olharem para a desinformação como um grave problema.
Sendo a consideração transversal às várias faixas etárias, classes sociais e géneros, o número para a exposição a desinformação baixa um pouco, mas ainda assim, mais de metade dos inquiridos (56%) admite que já foi confrontado com notícias falsas ou incorretas.
Noventa e quatro por cento dos inquiridos concordam que a corrupção representa um problema para o regime democrático e, entre eles, 66% consideram até que o risco é “muito grande”, só para 6% a corrupção é um problema “pequeno”.
A sondagem não questionou sobre se os inquiridos tiveram contato direto com casos de corrupção, trata-se, portanto, da perceção face ao fenómeno.
