PS confirma voto favorável a inquérito a Tancos, mas critica "foguetório" do CDS
Carlos César, líder parlamentar do PS, diz que CDS-PP faz "foguetório" na tentativa de sobreviver à "luta fratricida" da direita. Comissão faz parte de estratégia para "denegrir o Estado".
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Confirmando que o PS vai votar "favoravelmente" a proposta do CDS-PP de criar uma comissão parlamentar de inquérito para apurar as responsabilidades políticas do Governo e Exército no furto de armas em Tancos, o líder parlamentar do PS criticou, esta quarta-feira, o que entende ser o empenho dos centristas em "denegrir o Estado, contribuindo para o desprestígio das Forças Armadas".
No final de uma reunião do grupo parlamentar socialista, na Assembleia da República, Carlos César afirmou que a proposta de avançar com uma comissão sobre o caso é uma "ação de foguetório" do CDS-PP - por entre uma "luta fratricida que hoje se vive na direita -, mas garantiu que o PS também vai trabalhar em prol da comissão.
"O PS nunca desvalorizou o que aconteceu em Tancos, nunca deu por encerrado esse assunto e nunca se sobrepôs à investigação judicial, aguarda as suas conclusões. Entendemos que, se a Assembleia da República pretende investigar de modo paralelo o que passou, tem o direito de o fazer. O PS não se constitui como obstáculo a que isso aconteça", disse.
De acordo com Carlos César, o PS vai "trabalhar para que seja esclarecido o que há para esclarecer", salientando que é objetivo dos socialistas que tal "seja bem e bem feito". O líder parlamentar do PS, considera, no entanto, que, tendo em conta a investigação criminal em curso, não seria prioritário avançar já com uma comissão parlamentar de inquérito sobre o caso, até porque, assinala, muitos dos envolvidos podem chegar a não ser ouvidos pelos deputados.
"Coexistindo um processo criminal, muitas das pessoas que importa inquirir são arguidos neste processo e, portanto, terão o direito de não depor em sede de comissão de inquérito, para além de estarmos a trabalhar em matérias que também podem estar a ser abrangidas pelo segredo de justiça", acrescentou o líder parlamentar.
A Assembleia da República vai debater e votar no dia 24 de outubro a proposta do CDS-PP de criar uma comissão parlamentar de inquérito sobre as consequências e responsabilidades políticas no furto de armas em Tancos. Como o próprio Carlos César afirmou será o PS a indicar o nome do deputado que irá presidir à comissão.