PS e Chega concordam em reforçar investimento na Defesa perante "cenário de guerra aberta" na Europa
Com o cenário que se vive atualmente na Europa, o PS receia mesmo que o investimento de 2% do PIB já esteja desatualizado.
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Numa altura em que a NATO quer que vários países da Aliança Atlântica antecipem já para este ano o investimento de 2% do PIB na Defesa e sabendo-se que Portugal estendeu o prazo até 2030, o socialista Marcos Perestrello defendeu, esta segunda-feira de manhã no Fórum TSF, que vai mesmo ser necessário antecipar esse investimento.
Com o cenário que se vive atualmente na Europa, Marcos Perestrello receia mesmo que estes 2% já estejam desatualizados.
"Esse objetivo de 2% foi estabelecido em 2014 numa altura em que a Rússia já se constituía como uma ameaça e já perturbava largas partes do continente europeu, na Moldávia, na Geórgia e na própria Ucrânia, mas ainda não estávamos propriamente num cenário de guerra aberta. Hoje temos um cenário de guerra aberta em que a NATO está a reforçar as suas capacidades, a implementar os seus planos de defesa e isso obriga a que todos os Estados respondam de uma forma mais pronta e capaz. Nesse quadro, esses 2% se calhar já estão a ficar obsoletos e há muitos países que já ultrapassaram largamente essa meta", lembrou Marcos Perestrello.
Também no Fórum TSF, Jorge Pereira, assessor do Chega para a Defesa, considerou que esse investimento deve ser reforçado.
"Isto é uma questão de soberania nacional, de prioridade nacional. Nós precisamos de um amplo consenso, de uma discussão profunda e séria daquilo que nós queremos das forças armadas e, acima de tudo, temos de ser realistas. A tecnologia militar, de defesa é a tecnologia mais avançada que a humanidade tradicionalmente sempre desenvolveu, portanto é uma tecnologia pioneira que custa muito dinheiro e nós temos que suscitar essa essa essa discussão. Relembro que Putin e Medvedev, principalmente Medvedev, têm sistematicamente ameaçado o mundo com uma guerra nuclear. Nós temos que pensar se assumimos isso e investimos, de facto, na nossa segurança e na nossa defesa ou então fazemos de conta que estamos muito longe, que nada nos vai atingir e continuamos encostados ou de mão estendida perante os nossos aliados", defendeu Jorge Pereira.
Já na opinião de Nuno Melo, deputado eleito do CDS, Portugal deve respeitar os compromissos dentro das possibilidades.
"Os compromissos assumidos no âmbito da NATO devem ser para cumprir. Portugal é um país que está atrás desse esforço e desse compromisso. Portugal vive também dificuldades ainda do ponto de vista económico e financeiro que são conhecidas. Portugal deve caminhar para essa meta na medida da possibilidade do seu esforço, tendo em conta que a defesa é um patamar de soberania fundamental e uma área na qual devemos sempre investir na medida em que é possível, com lucidez e caminhando para essas metas que são compromissos assumidos livremente e que são a razão de ser de estarmos, inclusivamente, na NATO, porque a NATO é pertença, mas é também esforço e esse esforço passa pelo compromisso financeiro", sublinhou Nuno Melo.
Todos os partidos políticos foram convidados para participar nesta discussão no Fórum TSF, mas o PSD e a Iniciativa Liberal não responderam ao convite.
