Carlos César sublinha que o "caso das bofetadas" não teve origem "política". PSD e CDS dizem que a questão política "relevante" é forma como o Governo se relaciona com a crítica.
Corpo do artigo
O PS afasta reflexos políticos ou uma "fragilização" do Governo, na sequência da demissão de João Soares.
A notícia do pedido de demissão foi conhecida quando os deputados estavam a votar. Na Sala das Sessões, à saída, o líder parlamentar Carlos César tentou desvalorizar o assunto, sublinhando que o caso não teve "decorrência política". César disse compreender e respeitar as razões invocadas por João Soares e considerou o assunto "encerrado".
O PSD que, ainda esta manhã tinha considerado "insuficiente" o pedido de desculpas deixado pelo primeiro-ministro, insistiu, depois de conhecida a demissão, em colar António Costa a João Soares.
Luís Montenegro, líder parlamentar do PSD, considera que a decisão era "inevitável" e que resulta da relação, no interior do Governo, entre Costa e Soares. Montenegro afirma que a "questão política 'relevante mantém-se' e prende-se com a forma como o governo se relaciona com a crítica", que resulta da liberdade de expressão. O líder da bancada social-democrata acusa Costa de ter tentado "condicionar um jornalista através de um sms".
Pelo CDS, António Carlos Monteiro classifica o episódio de "lamentável" e diz que a demissão era "inevitável" sobretudo depois das declarações de ontem de António Costa.
Agora, o CDS espera que o o Governo aproveite para ter "realmente" um ministro da pasta porque, diz, "até agora só se ouviu falar de João Soares por razões que nada tinham a ver com a Cultura".
À esquerda, Pedro Filipe Soares, do BE, diz que João Soares foi "um ministro que disse o que não devia, mas tomou a decisão certa, no momento certo". Para os bloquistas, o Governo do PS "não fica fragilizado" com este episódio, uma vez que se tratou de uma "decisão individual".
Tanto Bloco como PCP sublinham que é mais relevante saber "quais são os planos do próximo ministro da Cultura".
Ana Mesquita, deputada do PCP, defende que "mais do que nos focarmos no episódio que deu origem à demissão" é preciso saber "qual é a política que o próximo titular vai seguir".