PS já dá como certa candidatura de Seguro. "Preferido" Vitorino continua em silêncio (e em reflexão)
O PS reúne-se no sábado para discutir as eleições presidenciais. Trocas de galhardetes marcam pré-campanha crispada
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Depois das candidaturas de Jorge Sampaio, o PS tem-se dividido nas eleições presidenciais. Tudo começou com a ida a votos de Manuel Alegre e de Mário Soares, em simultâneo, o que abriu caminho a uma vitória clara de Cavaco Silva, em 2006. Agora, 20 anos depois, a história pode-se repetir, embora Pedro Nuno Santos já tenha avisado que “fará o que estiver ao seu alcance” para que o PS tenha apenas um candidato. A candidatura de António José Segura já é dada como certa no partido, embora o preferido seja António Vitorino.
Pedro Nuno Santos sabe, como o próprio admitiu na passada segunda-feira, que nem tudo depende do PS - “não mandamos na vontade individual das pessoas candidatarem-se” - pelo que, a área socialista pode contar com mais do que um candidato. Nesta altura, há vários nomes em cima da mesa, com destaque para dois: António Vitorino e António José Seguro.
O antigo Diretor-Geral da Organização Internacional para as Migrações mantém o silêncio, está em reflexão, e a TSF sabe que não condiciona o calendário pessoal ao calendário que o PS quer impor. Apesar de Pedro Nuno Santos já ter pedido “rapidez” aos presidenciáveis, para poderem estar “no terreno”, António Vitorino não desfaz as dúvidas.
Já António José Seguro está na estrada, em pré-campanha, depois de dez anos em que colocou a política em segundo plano. Embora garanta que ainda não tomou uma decisão, os sinais são claros. Vários dirigentes do PS, ouvidos pela TSF, garantem que o partido já dá como certa a candidatura de Seguro para a sucessão a Marcelo Rebelo de Sousa.
Embora António Vitorino seja o preferido junto da direção de Pedro Nuno Santos, um deputado socialista admite que muitos “podem ter de engolir um sapo”. E, nesta altura, “a única solução” para que o PS tenha só um candidato “é apoiar António José Seguro”.
Partido dividido. Seguro e Vitorino sem convite para reunião
O partido segue para a Comissão Nacional dividido, com trocas de galhardetes entre vários socialistas. Augusto Santos Silva, outro possível candidato, já arrasou as “banalidades” de Seguro. Enquanto Ana Gomes apontou o passado de “advogado lobista” de António Vitorino.
Embora o antigo ministro João Soares (que declarou o apoio a António José Seguro) tenha aconselhado o PS a chamar os putativos candidatos para a reunião de sábado, para “ouvir diretamente” quem pensa candidatar-se, a direção de Pedro Nuno Santos não acolheu a ideia. António José Seguro e António Vitorino, que não pertencem à Comissão Nacional, não foram convidados para os trabalhos que vão decorrer à porta fechada.
Há ainda quem reconheça que não sabe qual a “utilidade” desta reunião, quando ainda não existem candidatos assumidos: “Há um grande mal-estar com esta reunião da Comissão Nacional”, admite um dirigente do PS à TSF. Espera-se que, pelo menos, o PS trace um calendário e um perfil presidenciável. Resta saber se o perfil será feito à medida de um só candidato.