PS pede ao Governo “leitura mais precisa” sobre impacto económico do investimento em Defesa
Carlos César falava ladeado pelo candidato único do PS à liderança do partido, José Luís Carneiro, após uma reunião de cerca de 45 minutos com o primeiro-ministro
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O presidente do PS considerou esta quarta-feira que o Governo deve fazer “o esforço” de atingir os 2% do PIB em despesas militares este ano, mas pediu-lhe uma “leitura mais precisa” sobre o impacto económico deste investimento.
“Compreendemos que, face à emergência que estamos a viver e com que nos estamos a confrontar no espaço europeu, é importante que já neste ano de 2025 o Governo possa fazer um esforço no sentido de se aproximar dos 2% de despesa na área da Defesa Nacional”, defendeu Carlos César, também secretário-geral interino do PS, em declarações aos jornalistas na residência oficial do primeiro-ministro, em Lisboa.
O socialista falava ladeado pelo candidato único do PS à liderança do partido, José Luís Carneiro, após uma reunião de cerca de 45 minutos com o primeiro-ministro, Luís Montenegro, convocada pelo Executivo a propósito da cimeira da NATO que decorre na cidade de Haia, Países Baixos, nos dias 24 e 25.
Carlos César disse ter transmitido ao chefe do Executivo que o reforço do investimento na área da Defesa, pedido pela NATO, não deve prejudicar o Estado Social nem a “sustentabilidade das finanças públicas”.
O presidente do PS fez questão de salientar que a sua preocupação é com a sustentabilidade das contas públicas, “não necessariamente um montante de défice ou de ‘superavit’”, depois de em abril Portugal ter pedido em Bruxelas que fosse acionada a cláusula de salvaguarda, excetuando das regras orçamentais europeias, designadamente da contabilização para efeitos de défice, investimentos a realizar em Defesa nos próximos anos.
Este investimento, na ótica dos socialistas, deve também dinamizar a produção nacional associada ao setor.
“Estamos, por isso, em convergência, é certo, do ponto de vista dos valores e do ponto de vista dos objetivos. Mas para nós é fundamental que o Governo nos faça uma leitura mais precisa da que hoje tem, sobre o impacto económico, o impacto financeiro, quer em termos das capacidades militares que devem ser acrescidas, quer em termos da nossa economia nacional”, alertou.
O primeiro-ministro reiterou esta quarta-feira que o reforço do investimento em Defesa não afetará o equilíbrio das contas públicas nem as despesas sociais e manifestou abertura aos contributos da oposição, em especial dos maiores grupos parlamentares.
À saída do debate preparatório do Conselho Europeu, no Parlamento, e uma hora antes de se reunir com PS e Chega em São Bento sobre este tema, Luís Montenegro foi questionado se já pode explicar como irá acomodar o aumento do investimento em Defesa para atingir, já este ano, para os 2% do PIB.
“Já tive ocasião de dizer que este ano vamos acomodar com verbas do Orçamento do Estado e que não será necessário um Orçamento Retificativo, para futuro ver-se-á nos próximos orçamentos”, disse.
No entanto, Montenegro repetiu que o Governo nunca porá “em causa não só o financiamento de todas as despesas sociais como o equilíbrio das contas”.