"PS pode temer o pior nas comunidades portuguesas." Paulo Pisco fala em erros cometidos pela direção socialista
O apuramento dos votos dos emigrantes portugueses, que decorre na Feira Internacional de Lisboa, deverá estar terminado ao final da tarde
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Pela primeira vez na sua história, o Partido Socialista pode perder a representação nas comunidades portuguesas. Durante 18 anos eleito deputado pelo Partido Socialista no círculo da Europa, Paulo Pisco lamenta o que está a acontecer e considera que o PS "pode temer o pior".
É muito mau, é péssimo e estou bastante desapontado
O ex-deputado, que não foi indicado como candidato pela direção de Pedro Nuno Santos nestas eleições legislativas, afirma que houve compromissos que foram assumidos e não chegaram a ser cumpridos pela direção socialista. E na última reunião da Comissão Nacional, onde os resultados das eleições foram analisados, Paulo Pisco deixou o seu desagrado. O compromisso “era a criação de um departamento de comunidades portuguesas que permitisse a reestruturação da ligação com os militantes, com as secções, e também com a sociedade civil nas comunidades”, adianta, em declarações à TSF.
Paulo Pisco considera que a campanha também não decorreu da melhor forma e que, quem se candidatou, não teve recursos para ter mobilidade na Europa e deslocar-se a países como o Luxemburgo ou a Suíça, onde o partido Chega tem aumentado a sua votação.
O deputado defende que é preciso que os emigrantes portugueses sintam que contam no país e lamenta que muitos acreditem no discurso que o Chega quer fazer passar: que existe demasiada imigração e corrupção em Portugal.
Desde a primeira hora apoiante de José Luis Carneiro, Paulo Pisco acredita que é possível "levantar a cabeça" e que o trabalho do candidato a secretário-geral do PS — que foi secretário de Estado das Comunidades — fará toda a diferença na relação com os portugueses emigrados.
É alguém que é extraordinariamente reconhecido (…), gostam muito do seu mandato quando esteve à frente das comunidades e ele tem essa sensibilidade genuína, de proximidade e de olhar as pessoas nos olhos
A contagem dos votos da emigração termina esta quarta-feira e irá decidir os quatro mandatos para os círculos da Europa e Fora da Europa. Nos últimos 20 anos, o PS e o PSD dividiram os mandatos, mas este bipartidarismo terminou em 2024, quando o Chega elegeu um deputado por cada um dos círculos.