PS posicionou-se como "partido de contrapoder" em vez de mostrar "vocação de Governo"
O socialista Jorge Lacão sublinha, na TSF, que o "legado histórico" do partido não pode ser evocado "apenas numa lógica saudosista". É preciso que seja "criado permanentemente no quotidiano" para aproximar a relação política do sentimento popular
Corpo do artigo
O antigo líder parlamentar do Partido Socialista (PS) Jorge Lacão não diz quem prefere para ser o sucessor de Pedro Nuno Santos, o atual secretário-geral demissionário.
Em declarações à TSF, Jorge Lacão considera que o PS se apresentou na campanha eleitoral como um “partido de contrapoder” em vez de “um partido com vocação de Governo”. O militante socialista afirma ainda que os resultados eleitorais de domingo mostram que o país se esqueceu da história e avisa que o Partido Socialista tem de se aproximar das novas gerações.
"De geração em geração, a perceção que se tem daquilo que ocorreu em anos transatos nem sempre é aquele que nós imaginamos que seja. E, na verdade, este risco de corte geracional sobre a perceção do país que fomos e do país que somos é algo que importa muito", defende.
Jorge Lacão sublinha, por isso, que o "legado histórico" do PS não pode ser evocado "apenas numa lógica saudosista". É preciso que seja "criado permanentemente no quotidiano" para aproximar a relação política do sentimento popular.
Para concretizar esse objetivo é preciso desde logo que o partido não seja apenas "o arauto do Estado social" e, apesar de reconhecer que essa é uma "marca identitária", defende a existência de uma "lógica muito mais abrangente" que permita abordar os problemas do quotidiano dos portugueses.
"Sendo de maneira certa ou errada a perceção que as pessoas têm sobre certos fenómenos sociais, em Portugal, o PS tem de ter sobre eles uma maneira inequívoca de os olhar e de fazer sentir que está junto daquilo que é a perceção e atitude das pessoas", sugere.
Elogia igualmente a entrega de Pedro Nuno Santos durante a campanha eleitoral, apesar dos resultados desastrosos do partido, apontando que acredita que o secretário-geral demissionário tenha "procurado fazer o seu melhor para transmitir a mensagem" do partido.
A coligação encabeçada por Luís Montenegro é a vencedora da noite de 18 maio. Com quatro mandatos por atribuir, PS e Chega estão empatados, com 58 deputados cada. Bloco de Esquerda fica reduzido a Mariana Mortágua, mas Livre cresce. PAN mantém-se vivo, entra JPP na Assembleia da República.
