Quando arranca o congresso do PS, o BE, um dos parceiros de maioria, nota a ausência de referências à esquerda na moção de António Costa e vê o PS em modo de "autoafirmação".
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Bem podem várias vozes socialistas, incluindo António Costa apregoarem a intenção de prosseguir o caminho com os partidos de esquerda num cenário depois das legislativas de 2019. Olhando para a moção que o secretário-geral socialista leva ao congresso da Batalha, o deputado do Bloco Jorge Costa apenas encontra "uma posição deliberadamente vaga e indefinida sobre a relação com os parceiros que compõem atual maioria".
"Ao fazê-lo, acaba por apresentar um Partido Socialista como se não existisse a dinâmica dos últimos três anos.", critica Jorge Costa para quem a atual solução foi "extraordinária" para a dinâmica do PS e do país.
Jorge Costa adivinha um PS " em posição de autoafirmação que revela a tentação da maioria absoluta sem fazer um balanço profundo daquilo que o PS podia ter aprendido ao longo destes três anos com o trabalho que fez com o Bloco de Esquerda e o Partido Comunista Português".
Questionado sobre as declarações de Francisco Assis, que em entrevista ao Público, considerou que a atual solução de Governo foi "um expediente" e "como os iogurtes, tem prazo de validade", Jorge Costa diz que Assis faz lembrar Passos Coelho,"na sua amargura e na sua e incompatibilidade radical com a atual realidade política".
"Francisco Assis é como aqueles iogurtes amargos que ficam na prateleira. É esse o lugar onde Francisco Assis se colocou", ironiza Jorge Costa.
Congresso "virado para o futuro"
Já para o eurodeputado socialista Pedro Silva Pereira, "mais do que para balanços", o congresso deve servir para definir as próximas metas do PS, desde logo, o combate às desigualdades.
"É evitar que o congresso seja apenas um prestar de contas mas mostrar que se tem uma agenda para o futuro e uma ambição para Portugal que não está esgotada. Uma agenda para a modernização do Estado e da economia. Depois do "desempobrecimento" o que está no futuro próximo é um grande investimento para a redução das desigualdades, um tema onde existem grandes possibilidades de existirem consensos à esquerda", diz Silva Pereira.
O congresso do PS decorre entre os dias 25 e 27 de maio na Batalha.