PS precisa de "tempo para reforma profunda". Daniel Adrião defende Carlos César na liderança até às autárquicas
Em declarações à TSF, o socialista lamenta que o partido tenha perdido mais uma "oportunidade de se afirmar como uma grande força alternativa" e considera que, agora, devem ser "criadas condições" de governação. Questionado sobre se pretende ser novamente candidato à liderança do PS, prefere não responder
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O socialista Daniel Adrião, que já foi quatro vezes candidato a secretário-geral do PS, defende que Carlos César devia assumir a liderança do partido até às autárquicas, argumentando que é preciso "tempo para encontrar forças necessárias" para fazer uma "reforma profunda" e encontrar o novo secretário-geral.
Pedro Nuno Santos anunciou no domingo à noite a sua demissão do cargo de líder do partido, depois da derrota com estrondo do PS nas eleições legislativas, e convocou uma reunião com a Comissão Nacional política para o próximo sábado, onde será apresentada uma solução transitória.
Em declarações à TSF, Daniel Adrião revela acreditar que é Carlos César, atual presidente do PS, quem deve assumir a função de secretário-geral, de forma interina, até às eleições autárquicas. Adianta que é isso que vai defender na Comissão Nacional do partido por considerar que o que está em causa não é uma "questão cosmética".
"O processo deve ser feito a tempo de o PS poder encontrar as forças necessárias para que o próximo congresso não seja meramente para tratar de uma questão cosmética, substituir um líder por outro, porque isso não é a questão fundamental", esclarece, acrescentando que o partido precisa é de uma "reforma profunda, quer em termos organizacionais, quer em termos conceptuais, programáticos e estatutários", o que requer o seu tempo.
Ainda sobre o desfecho da noite eleitoral, o socialista entende que Pedro Nuno Santos "não tinha outra alternativa" que não a demissão, tendo em conta os "resultados", apontando que este podia ter "procurado unir mais o partido, ser mais inclusivo nas escolhas que fez". Não o tendo feito, "acabou por pagar por algum sectarismo que demonstrou ao longo deste processo todo". Reconhece igualmente que o PS perde mais uma "oportunidade de se afirmar como uma grande força alternativa à governação".
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Apesar de atribuir a principal responsabilidade pelas eleições antecipadas a Luís Montenegro, Daniel Adrião defende que o PS caiu na "casca de banana que a AD lhe preparou, quando chumbou a moção de confiança".
"As minhas expectativas [para a noite eleitoral] eram baixas. Eu achava que este não era o momento para provocar eleições", atira.
Agora, de olhos postos no futuro, o socialista entende que o PS "não pode inviabilizar um Governo que acabou de ser legitimado pelos portugueses", pelo que deve "criar condições" para que a AD possa governar. Sobre a possibilidade de um entendimento escrito entre os dois partidos para entendimentos no Parlamento, Daniel Adrião admite que essa é "sempre uma possibilidade".
Já quando questionado sobre se vai de novo avançar com uma candidatura a secretário-geral do PS, Daniel Adrião prefere não responder.