Socialistas defendem que comissão de inquérito deve avançar após auditoria ao processo de resolução do Banco Espírito Santo (BES). César diz que mandato de Carlos Costa está "muito comprometido"
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O PS concorda com a sugestão feita por António Costa de se avançar para uma comissão parlamentar de inquérito ao processo de resolução do BES, mas os socialistas entendem que primeiro é preciso aguardar pela auditoria que o Governo já pediu ao Novo Banco.
"Acho fundamental que a auditoria seja feita e concluída o mais rapidamente possível, mas é importante também que não lancemos uma comissão parlamentar de inquérito numa fase em que não temos a informação e os meios suficientes para trabalhar", disse o líder parlamentar do PS, Carlos César, no final da reunião da bancada parlamentar socialista, na Assembleia da República.
Carlos César defende que é necessário não repetir alguns dos erros cometidos na primeira comissão de inquérito à Caixa Geral de Depósitos que, salienta, "não tinha conclusões porque não tinha elementos suficientes", e, nesse sentido, considera essencial que os deputados tenham os resultados da auditoria determinada pelo Ministério das Finanças aos créditos que levaram, em 2018 e 2019, o Novo Banco a pedir quase 2 mil milhões de euros ao Fundo de Resolução
"Atendendo a que estamos numa fase final da legislatura, que esta era a quarta comissão de inquérito em funções e que o resultados não seriam conseguidos até ao final da legislatura, é importante que a comissão parlamentar de inquérito - que tem de existir - seja formada subsequentemente aos resultados da auditoria, o que nos levará a que a criação não seja na atual legislatura", afirma o líder parlamentar.
Aos jornalistas, o socialista deixou ainda críticas ao processo de resolução do Banco Espírito Santo. "Transitou-se para o banco bom perdas irreparáveis que não deveriam ter tido esse destino. Portanto, é importante saber como tudo isso foi gerado, quais as razões para isso ter acontecido e porque razão a resolução foi feita nesses termos", disse.
César afirma que mandato do governador do BdP está "muito comprometido"
Insistindo nas críticas ao atual governador do Banco de Portugal (BdP) e rejeitando que o Governo do PS esteja a fazer algum "passa culpas", Carlos César lembra que era o regulador o responsável por "supervisionar a banca em geral", por "dividir o banco bom e o banco mau" ou por "decidir a resolução do BES", e que é a instituição liderada por Carlos Costa que tem "supervisionado a atividade do Novo Banco".
"Eu acho que o mandato do doutor Carlos Costa já está muito comprometido", diz Carlos César, que garante: "O Governo não deixa de assumir responsabilidades".