PS quer mudar eleição das direções escolares. Pisca olho ao diálogo, mas aponta à "polarização" do ministro
Os socialistas notam que, em muitos concelhos, há uma circulação entre candidatos autárquicos e as direções escolares e defendem uma gestão mais democrática e participada
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O PS quer que as direções das escolas de ensino básico e secundário passem a ser eleitas pelos professores, técnicos e representantes dos alunos da comunidade escolar, retirando essa competência ao conselho geral. Os socialistas notam que, em muitos concelhos, há uma circulação entre candidatos autárquicos e as direções escolares, pelo que é necessária uma gestão mais democrática e participada.
“O conselho geral deixa de eleger a direção, falamos em evitar a contaminação da vida da escola pela política partidária de nível local. Sabemos que, em muitos sítios, há uma espécie de circulação entre candidatos autárquicos e candidatos dentro das escolas ou agrupamentos”, afirma o deputado Porfírio Silva, defendendo que as direções devem passar a ser eleitas pelos professores, técnicos, representantes dos alunos e representantes dos encarregados de educação.
“É um processo em que a direção da escola resulta mais diretamente daqueles que têm uma implicação direta com a vida quotidiana da escola", explica.
São vários os projetos que o PS apresenta com recomendações ao Governo para que valorize a carreira dos professores, assegurando a contabilização de todo o tempo de serviço. Esta não é uma forma de abrir divergências com o PSD, garante o líder parlamentar socialista Eurico Brilhante Dias.
“A escola pública ganhará se coletivamente pensarmos em soluções e não numa tensão contínua para onde muitas vezes somos empurrados por uma certa polarização da vida política", atira, piscando o olho ao diálogo com o Executivo, que ainda não definiu o parceiro preferencial entre o PS e o Chega, embora Brilhante Dias aponte o dedo ao ministro da Educação.
"O Partido Socialista adota esta posição hoje por contraponto à forma cada vez mais agressiva e polarizada como o senhor ministro da Educação olha para muitos destes temas", acrescenta.
Na segunda-feira, o ministro da Educação, Fernando Alexandre, lembrou que foi promulgado o diploma que visa dar apoios a docentes deslocados e falou no concurso extraordinário direcionado aos horários que não são preenchidos sistematicamente.
“Mas eu quero voltar a repetir: falta de professores não significa que os alunos estejam sem aulas”, sublinhou.
O governante acrescentou, ainda, que este problema “resultou de uma falta de investimento de décadas” e por isso “não se vai resolver de um ano para o outro”.
“Não há maneira de, de um momento para o outro, resolver um problema que foi ignorado durante anos. Eu lembro-me de, em 2021, o governo do PS ter encomendado um estudo que identificava exatamente isto que acabámos de dizer: 4000 professores iam, em média, reformar-se por ano e não fez nada. E não fez nada. Nós chegámos há um ano e meio e estamos a fazer desde o primeiro dia e vamos continuar a fazer”, concluiu.