PS vai fazer "atualização séria" ao programa eleitoral: baixos salários e crise na habitação são "prioridades"
Pedro Nuno Santos reconhece que "a maioria dos políticos" não enfrenta as mesmas "dificuldades" do que os portugueses e isso "distancia-os". Ainda assim, garante que os socialistas fazem um "esforço de aproximação"
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O secretário-geral do PS avançou esta sexta-feira que, apesar de o partido ter apresentado há um ano um programa "sólido", as mudanças no mundo "exigem" uma "atualização séria" do documento. Pedro Nuno Santos revelou, por isso, que os socialistas vão organizar cinco dias de sessões setoriais, uma espécie de mini Estados Gerais, "sobre diversos temas que são prioritários", desde logo os baixos salários, a crise na habitação e ainda a ética e a transparência da política.
Em declarações aos jornalistas, a partir da sede do PS, no Largo do Rato, o líder dos socialista notou que o "debate de trabalhos e atualização do programa" do partido vai ter início na quarta-feira (dia 26 de março), estendendo-se até à terça-feira da semana seguinte (1 de abril). Além de militantes, vai também contar com independentes.
Destacando a "grande experiência governativa do PS", que permite ao partido saber "o que correu bem e o que correu mal", os socialistas apresentaram um programa eleitoral "sólido" aquando das eleições legislativas de 2023. Ainda assim, e porque a adaptação à volatilidade do mundo assim obriga, o partido vai levar a cabo uma "atualização séria" do documento, procurando responder os problemas que os portugueses enfrentam e que são "reais".
Pedro Nuno Santos dá o exemplo dos baixos salários e lamentou que a população tenha de "contar cêntimos até ao final do mês". Reconhece que "a maioria dos políticos" não enfrenta as mesmas "dificuldades" do que os portugueses e isso "distancia-os". Ainda assim, garantiu que os socialistas fazem um "esforço de aproximação".
Mas é a crise na habitação que vai iniciar a semana de trabalhos, na quarta-feira, tendo o líder do PS classificando este tema como um "dos maiores dramas nacionais", que afeta também a classe média do país.
Adiantou ainda que, "por mais voltas que se dê", é impossível esconder o "óbvio": "Vamos para eleições porque este primeiro-ministro está envolvido num caso sobre o qual não deu explicações, que todos nós temos pedido, e porque decidiu apresentar uma moção de confiança que ninguém lhe tinha pedido para apresentar."
Considerou, contudo, que as eleições legislativas antecipadas, marcadas para 18 de maio, são uma "oportunidade" para discutir os problemas do país e encontrar soluções. Faz, contudo, uma retrospetiva sobre o último ano de governação liderado pela coligação da AD.
"Eu já tive oportunidade de dizer o que hoje é apresentado pelo primeiro-ministro já estava bem há um ano. Aquilo que estava mal há um ano está pior hoje. Mas mesmo o que está bem hoje não está tão bem quanto estava há um ano", defendeu, acrescentando que "não há propaganda do Governo que consiga contrair os factos".
Justifica esta afirmação salientando que o "crescimento económico em 2024 foi mais baixo do que a média dos oito anos anteriores", o reflexo do "crescimento estagnado" que o PS ouviu a AD "criticar". O mesmo aconteceu, diz, em relação ao crescimento do emprego, que "foi mais baixo do que a média do crescimento dos oito anos anteriores". A taxa de execução do investimento público e o crescimento dos preços da habitação foram mesmo as áreas mais afetadas, tendo tido a "pior taxa da última década".