A moção de censura ao Governo é "um cartuxo de pólvora seca", mas o PSD não podia deixar de a apoiar, diz David Justino. Ainda que acuse o partido de Cristas de querer apenas "disfarçar uma ausência de estratégia".
Corpo do artigo
Na guerra entre oposição e Governo, uma metáfora bélica: A moção de censura é, para David Justino, "um cartuxo de pólvora seca que faz muito barulho, mas que não mata nada. É perfeitamente inconsequente".
No dia em que a moção de censura ao Governo é discutida na Assembleia da República, o vice-presidente do PSD reitera que, ainda que ainda que a medida tenha qualquer efeito prático, o PSD não podia deixar de apoiar o CDS.
"Se temos uma crítica a fazer ao Governo não há razão objetiva" para não secundar a moção - o PSD tem, por isso, uma "posição coerente", defendeu no programa "Almoços Grátis" da TSF. "O atual Governo merece ou não merece uma censura? Merece."
Por outro lado, nota David Justino, existe da parte do CDS "algum taticismo político para disfarçar a clara ausência de estratégia".
O social-democrata confessa-se mesmo preocupado com o risco de "radicalização do discurso" do CDS. É possível, diz, que queira chegar a setores mais à direita, "com medo de os perder para o Aliança [de Santana Lopes] ou para o Chega [de André Ventura]".
As eleições europeias seriam a melhor altura para "mostrar um cartão amarelo ao Governo", considera. O eleitorado devia aproveitar, então, a oportunidade para mostrar que "este não é o caminho" e antes disso a oposição não devia "desperdiçar munições".
https://d2al3n45gr0h51.cloudfront.net/2019/02/carlos_cesar_20190220154056/hls/video.m3u8
Por seu lado, Carlos César defende que não há uma "relação direta" entre os resultados das europeias e os resultados das legislativas. O barómetro não é exato, e muitas vezes as ilações só se tiram à posteriori.
"Se o PSD tiver um mau resultado nas eleições europeias? Não acredito que o David Justino venha aqui ao programa dizer que os sociais-democratas levaram um cartão amarelo." "Porque não", responde-lhe o social-democrata.
O socialista diz que esta "moção de censura não serve para derrubar o Governo nem serve para apresentar propostas alternativas", antes reforça a união da maioria de esquerda.
"É um episódio da guerra das direitas, uma guerra de protagonismo entre o CDS e o PSD" e na qual, diz Carlos César, o partido de Rui Rio não sai bem na fotografia. "É triste" ver que o PSD abordou a situação com "equivoco e desorientação".
Além disso, "um partido que classifica esta iniciativa de inconsequente, de populismo, de taticismo acaba por abençoa-la, temeroso que os eleitores achem que o CDS é mais oposição à direita".
David Justino assegura, em resposta, que o seu partido não tem "complexos nem medo" de não ser líder da oposição - "queremos ser líderes da alternativa", diz.
"Depois de o ouvi, acho que ficou satisfeito com a iniciativa do CDS". Carlos César ri, mas não confirma nem desmente.
TSF\audio\2019\02\noticias\20\almocosgratis20
Com Anselmo Crespo e Nuno Domingues