Passos Coelho entende que a pressa pode ser inimiga de uma responsabilização do Governo. Conselho Nacional chumba apelo para que Marcelo envie diploma das barrigas de aluguer para o TC.
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O PSD não tem pressa de governar, mas quer que o Governo liderado por António Costa tenha pressa em corrigir as atuais políticas. A ideia foi transmitida por Pedro Passos Coelho - à porta fechada - durante o Conselho Nacional em que o presidente dos social-democratas sublinhou que o partido, agora na oposição, está numa "corrida de fundo" e que é preciso haver uma "responsabilização" das atuais políticas.
Uma ideia repetida aos microfones, minutos mais tarde, pelo vice-presidente, Jorge Moreira da Silva: "O PSD não tem pressa absolutamente nenhuma. Quem tem de ter pressa são os portugueses, que não mereciam estar perante uma situação económica que acabará em mais austeridade e mais sacrifícios".
Questionado sobre a eventual necessidade de eleições e posicionamento dos sociais-democratas, o dirigente do PSD disse que o seu partido "tem interesse em que seja rapidamente corrigida a atual trajetória e modelo económicos".
Depois do Congresso e das eleições diretas que reelegeram Pedro Passos Coelho, o Conselho Nacional reuniu-se para fazer uma avaliação dos primeiros seis meses de governação e, abordando, em particular, as questões económicas e sociais, o balanço é negativo.
"Se o Governo não estivesse em campanha eleitoral, já estaria a corrigir esta estratégia económica enquanto é tempo, de forma a criar todas as condições para a recuperação da economia, criação de emprego, reforço das exportações e para atração de investimento", afirmou Jorge Moreira da Silva
Defendendo que o atual caminho seguido pelo executivo tem como base um modelo de desenvolvimento económico "anacrónico" e que assenta em "reversões estruturais que retiram a capacidade de crescimento", o vice-presidente do PSD deixou um apelo para que as correções sejam feitas com a maior brevidade possível, apelidando o executivo de " Internacional Syrizista".
"É da sua inteira responsabilidade a correção desta estratégia. O PSD faz o seu papel, escrutinando, avaliando, denunciando, propondo, agindo, ouvindo. Esse é o papel de um partido que sabe que pode servir os portugueses tanto no governo como na oposição", acrescentou.
Conselho Nacional chumba apelo para que Marcelo envie 'barrigas de aluguer' para o Tribunal Constitucional
Durante o Conselho Nacional foi rejeitada uma proposta de deliberação apresentada por um dos conselheiros - António Pinheiro Torres, ex-deputado e atual membro da Federação Portuguesa pela Vida - para que o PSD apelasse a Marcelo Rebelo de Sousa para que ponderasse enviar os diplomas da gestação de substituição - ou seja, as 'barrigas de aluguer '- e da Procriação Medicamente Assistida (PMA) para o Tribunal Constitucional.
A proposta, rejeitada pela maioria dos conselheiros, deixava um apelo para que o presidente da República ouvisse os partidos e a sociedade civil e suscitasse a fiscalização dos diplomas junto dos juízes do Palácio Ratton.
No parlamento, o PSD deu indicação de rejeição dos projetos sobre a PMA e gestação de substituição aos deputados, mas não impôs disciplina de voto. No momento da votação, vários deputados social-democratas votaram a favor dos diplomas - incluindo Passos Coelho, que votou a favor do projeto de lei do Bloco de Esquerda sobre a gestação de substituição.