O líder parlamentar do PSD elogiou o PS por questionar o Governo e por propor a criação de uma Comissão de Acompanhamento do quadro comunitário. Ministro do Planeamento quer diálogo com PSD.
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A eleição de Rui Rio para a presidência do PSD ainda não levou a mudanças na estrutura do grupo parlamentar, mas, esta quinta-feira, depois do entendimento entre PS e PSD para o adiamento da votação das propostas sobre a transparência no exercício de cargos públicos, o parlamento registou, durante a interpelação ao Governo sobre os fundos comunitários pós-2020, uma maior proximidade entre as bancadas socialista e social-democrata.
"É uma oportunidade de conhecermos o pensamento do Governo sobre esta matéria e, por isso, queria felicitar o Partido Socialista", disse o líder parlamentar do PSD, Hugo Soares que saudou ainda a iniciativa do PS de criar uma Comissão Parlamentar de Acompanhamento do Portugal 2030. "Tem o mérito de dar o pontapé de saída para esta discussão", sublinhou.
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No arranque do debate, Pedro Marques, ministro do Planeamento e Infraestruturas, já tinha anunciado a "auscultação de todos os partidos" sobre o "modelo e papel" do Conselho Superior de Obras Públicas que o Governo quer "reconstituir" e que irá apoiar o Executivo na "definição dos programas de investimento" e nos "projetos de grande relevância".
Pouco depois, após a intervenção de Hugo Soares, o ministro deixou claro que o Governo socialista quer dialogar com todos os partidos. "É politicamente muito importante que este caminho se vá fazendo com todo o espetro político, mas, com certeza, com o maior partido da oposição, é isso que os portugueses esperam de nós", elogiando o PSD por, após a eleição de Rui Rio para presidente do partido, ter afirmado a sua "concordância com a estratégia" do país para os próximos anos.
O ministro do Planeamento e das Infraestruturas deu ainda conta do "objetivo" de "construir o mais amplo consenso em torno da estratégia para Portugal na próxima década", salientando que o Portugal 2030 e o Programa Nacional de Investimentos serão os dossiers "com impacto mais estrutural" no que resta da atual legislatura.
"São demasiado importantes para que alguém se possa excluir da procura de consensos", insistiu.
PSD elogia PS, mas quer saber com quem estão os socialistas
Depois de "felicitar" o PS por levar ao parlamento e interpelar o Governo sobre os fundos europeus de apoio ao investimento, o líder parlamentar do PSD, lembrando os acordos à esquerda, deixou uma pergunta ao líder da bancada socialista: "Senhor deputado Carlos César, o PS quer discutir esta matéria com quem tem uma visão antieuropeísta ou quer fazê-lo procurando um consenso nacional com aqueles que querem a construção de um projeto europeu para futuro".
Na resposta, Carlos César admitiu as divergências entre PS, PCP, BE e PEV sobre a "construção europeia", mas defendeu o diálogo com todas as partes. "Não sinto que este diálogo deva ser viciado, bloqueado ou inibido pelo facto de os partidos terem diferentes posições sobre a construção europeia".
MNE satisfeito com "concordância" sobre tema dos fundos comunitários
No debate marcou presença o número dois do Governo, o ministro dos Negócios Estrangeiros, Augusto Santos Silva, que salientou o facto de, durante a discussão, não ter existido qualquer "reserva crítica" por parte dos partidos sobre a "Estratégia Portugal 2030" para a captação e execução de fundos comunitários.
"Noto com muito agrado, em nome do Governo, que nenhuma reserva crítica foi feita neste debate à organização destas agendas, por isso mesmo, é um debate de convergência e é muito importante que haja essa convergência entre nós", disse, acrescentando que "com o contributo de todos" o Governo português vai "participar ativamente na negociação europeia".