PS/Madeira insiste que Marcelo deve manter "critério" e convocar eleições na região
O líder parlamentar dos socialistas na região aponta que, tal como no continente, também foi um "caso judicial" que fez sair Albuquerque do Governo Regional e, por isso, deve ser seguido mesmo o critério que foi aplicado após a saída do primeiro-ministro, António Costa.
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O PS/Madeira defende que a libertação dos três arguidos que estavam detidos no âmbito da investigação sobre corrupção naquela região não mudou as circunstâncias e que se mantém a necessidade de realizar "novas eleições" para a Assembleia Regional.
"Quer o senhor presidente do Governo, por um lado, quer o senhor representante da República e o senhor Presidente da República só têm um caminho a tomar, que é tratar a Madeira da mesma forma que tratou o país", defendeu o líder parlamentar socialista na região, Vítor Freitas, referindo-se à marcação de eleições antecipadas por Marcelo Rebelo de Sousa na sequência da demissão de António Costa, também como consequência de buscas.
Os socialistas madeirenses sublinham o pedido a Marcelo de que este siga "o mesmo critério" que aplicou ao continente "perante um caso que foi também um caso judicial, mas que levou à demissão do senhor Presidente do Governo com a retirada, por parte do PAN, do seu apoio parlamentar".
Marcelo Rebelo de Sousa recebe, esta sexta-feira, o representante da República na Madeira, Ireneu Barreto. Depois dessa reunião, o PS/Madeira espera que o Presidente da República anuncie a decisão de "manter o atual Governo em funções até à realização de novas eleições".
PSD admite "todos os cenários"
O PSD/Madeira, por seu lado, através do seu líder parlamentar, Jaime Filipe Ramos, considerou que, com a libertação dos três arguidos detidos no âmbito da investigação sobre corrupção na região, as circunstâncias se alteraram e "todos os cenários estão em aberto".
"É inevitável que as circunstâncias se tenham alterado", disse o dirigente social-democrata aos jornalistas no intervalo do plenário da Assembleia Legislativa da Madeira, reagindo à decisão judicial de libertar o ex-presidente da Câmara do Funchal Pedro Calado e os empresários da construção civil Avelino Farinha e Custódio Correia, anunciada na quarta-feira.
Jaime Filipe Ramos considerou que "muita gente sentenciou [os arguidos] antes do tempo" e defendeu que a nova situação deve ser levada em conta pelo chefe de Estado, Marcelo Rebelo de Sousa, e pelo representante da República no arquipélago, Ireneu Barreto.
No plano político, sublinhou, o PSD "sempre disse, desde a primeira hora, que tinha uma solução" para esta crise, não excluindo a possibilidade de uma recandidatura do presidente do Governo Regional demissionário, Miguel Albuquerque.
Se o representante da República "desafiar" o PSD, o partido "está preparado para qualquer cenário".
"Não criamos a instabilidade. A sociedade madeirense está expectante", afirmou.
Jaime Filipe Ramos lembrou que Miguel Albuquerque se mantém como líder do PSD/Madeira, já que "apenas se demitiu do Governo Regional".
Questionado sobre a possibilidade de uma recandidatura caso haja eleições, o líder parlamentar respondeu que a pergunta deve ser feita "ao Presidente da República e ao representante da República", insistindo na necessidade de serem céleres na divulgação de uma solução para a crise política.
O ex-autarca do Funchal Pedro Calado (PSD), que entretanto renunciou ao cargo, e os empresários Avelino Farinha (líder do grupo de construção AFA) e Custódio Correia (principal acionista do grupo ligado à construção civil Socicorreia) foram detidos há três semanas no âmbito da investigação a suspeitas de corrupção na Madeira e ficaram na quarta-feira em liberdade, sob termo de identidade e residência.
Segundo o despacho do juiz Jorge Bernardes de Melo, do Tribunal Central de Instrução Criminal, em Lisboa, não foram encontrados indícios da prática "de um qualquer crime".
O Ministério Público tinha pedido prisão preventiva, a medida mais gravosa, para os três arguidos, detidos em 24 de janeiro.
