PSP extingue 3.º grupo do corpo de intervenção em Lisboa após 44 baixas médicas e há ameaça de expulsão
Comandante da Unidade Especial de Polícia vai redistribuir os agentes pelos restantes grupos e reativou o 6.º da região, além de ter pedido a abertura de um inquérito.
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A direção nacional da Polícia de Segurança Pública anunciou esta quarta-feira a extinção do terceiro grupo operacional do Corpo de Intervenção (CI), uma decisão tomada pelo comandante da Unidade Especial de Polícia depois de 44 agentes do grupo terem apresentado baixa médica em simultâneo.
O terceiro grupo operacional era o que estava destacado para o jogo Benfica-Gil Vicente deste fim de semana e no qual os polícias em questão não fizeram policiamento por terem alegado estar doentes.
"Tendo em conta a situação inédita de 44 polícias de um grupo operacional terem apresentado baixa médica em simultâneo", e além de ter promovido a abertura de um "processo de inquérito visando apurar as circunstâncias do ocorrido", lê-se num comunicado da direção nacional, o comandante da UEP decidiu distribuir os polícias do terceiro grupo pelos restantes grupos operacionais do CI em Lisboa, "reativando o 6.º grupo operacional".
O CI é constituído por cinco grupos operacionais em Lisboa, dois no Porto e um outro em Faro.
No mesmo comunicado, o diretor nacional da PSP sublinha a "total confiança na sua Unidade Especial de Polícia e em todas as suas subunidades", mas avisa que "não permitirá qualquer ato que coloque em causa o normal funcionamento desta Unidade, nem de qualquer outra unidade da PSP", tomando para isso "todas as iniciativas e decisões que permitam a manutenção da ordem e paz públicas".
Expulsões prometidas se situação se repetir
Os vários grupos do CI foram informados desta decisão esta terça-feira e souberam, da boca do subintendente César Pontes, o comandante desta força, que basta: desta vez, extinguiu-se um grupo e separaram-se os 44 agentes que apresentaram baixa, mas ficou bem claro que, caso se repita algo do género, será mais duro e pode seguir-se a expulsão dos agentes desta unidade de elite.
Fontes do corpo de intervenção ouvidas pela TSF destacam que o puxão de orelhas caiu mal e que o castigo vai prejudicar o trabalho de todos porque, na prática, ao extinguir o terceiro grupo operacional, o comando está a distribuir os agentes pelos outros pelotões, mas como é criado um sexto grupo, significa que todas as equipas vão ser mexidas.
Assim, quebra-se uma das armas desta unidade especial: a profunda união e solidariedade entre os elementos de cada grupo, resultando a dispersão dos agentes num enfraquecimento de cada uma destas equipas.
A mesma fonte explicou que estes profissionais correm diversos riscos juntos, incluindo risco de vida, e desenvolvem ao longo do tempo uma ligação de confiança particularmente forte entre si, algo essencial para as missões que desempenham e que não é construído de um dia para o outro.
Contactado pela TSF, o gabinete do ministro da Administração Interna, José Luís Carneiro, fez saber que não vai comentar o caso, uma vez que é uma decisão operacional.