"Qual é a pressa?" PSD defende Passos e acusa PS de partidarizar auditoria ao Novo Banco
Carlos César e David Justino estão de acordo na necessidade de uma auditoria ao Novo Banco. Porém, o social-democrata acredita que já está a haver partidarização com a chamada de Passos Coelho e Maria Luís Albuquerque ao Parlamento.
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O PSD acredita que o PS está a "partidarizar" a questão da auditoria ao Novo Banco por ter chamado ao Parlamento Passos Coelho e Maria Luís Albuquerque. "Qual é a pressa?", questiona David Justino, nos Almoços Grátis, na TSF.
"Um deputado do PS ter chamado à comissão para serem ouvidos Passos Coelho e Maria Luís Albuquerque... ainda não há auditoria", começa por dizer David Justino, acrescentando que "essa auditoria poderá esclarecer muitas das coisas" e que "já estão a politizar ou a partidarizar a discussão em torno de resultados que ainda não se conhecem".
"Qual é a pressa para estar já a chamar ex-primeiro-ministro e ministra das Finanças quando a auditoria ainda nem foi lançada?", questiona, reiterando que o PS devia ser "um pouco mais comedido, como se fez com a Caixa".
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"Há alguma precipitação mas não sei se é intencional ou não", afirma.
O socialista Carlos César recusa a crítica: "Não vejo onde está a partidarização onde quer que esteja." "Quer o primeiro-ministro Passos Coelho, quer a ministra das Finanças Maria Luís Albuquerque têm vastíssimas responsabilidades em todo este processo, estão associadas à segunda vaga dos pecados originais que vêm do BES e do Novo Banco e é justo que tenham uma opinião sobre esta matéria e que a possam tornar clara nestas audições", esclareceu.
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Na opinião do presidente do PS, os portugueses estão "a pagar um preço elevadíssimo [no caso do Novo Banco] que é o resultado de anos de má gestão, gestão danosa do BES e de uma péssima supervisão bancária".
"Estamos a pagar atos e negligência cuja verdadeira extensão e a totalidade dos responsáveis são anda desconhecidos", reitera, revelando que a auditoria é "importante" para contribuir para que, "pelo menos no período entre a resolução e a atualidade, se poder verificar o que se passou e como passou tudo isto".
Recordando que os governantes da altura disseram que "os portugueses não teriam encargos futuros com este processo", Carlos César afirma que "hoje sabemos que apenas dividiram um banco muito mau num banco péssimo e num banco mau que é manifestamente o Novo Banco".
O comentador de painel, David Justino, concorda que é relevante "promover a auditoria", apesar de acreditar que já devia ter sido pedida mais cedo. "[A auditoria] deve ser feita sobre últimos dois anos ou três, mas deve recuar aos processos de concessão de crédito dos tempos do BES para se saber até que ponto esse crédito foi ou não concedido e qual a lógica", acredita o social-democrata.
E no momento da auditoria, deve dar-se espaço para "que se possa deixar entidade auditora com a liberdade e algum recato para fazer uma auditoria como deve ser, exaustiva".
Carlos César recorda que este foi um problema "empurrado com a barriga" até 2015, o que tornou a venda "inevitável".
A liquidação e a nacionalização estavam em cima da mesa, mas o socialista não acredita que nenhuma das duas opções fosse melhor. "Ao longo deste tempo, se não se tivesse vendido, o que tinha acontecido? Tinha de ser liquidado, pondo em causa a confiança do sistema financeiro, implicando a perda dos postos de trabalho, riscos para os depósitos e a criação de mais uma geração de lesados", esclarece.
No mesmo sentido, acrescenta ainda que no caso da nacionalização, "à época, não havia uma cobertura por parte da legislação europeia para uma iniciativa com essa tipicidade, o seu custo financeiro imediato que seria pago por todos os portugueses".
* Almoços Grátis com Anselmo Crespo e Nuno Domingues