(Quase) todos contra o “mamarracho” em Aveiro no debate onde dois irmãos são adversários políticos
No debate autárquico de Aveiro organizado pela TSF e pelo JN, o candidato do PSD/CDS ficou isolado na defesa do polémico projeto de um hotel de 12 andares e seiscentas camas, no Cais do Paraíso
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Luís Souto, que lidera a Assembleia Municipal e agora quer transitar para a Câmara, prefere deixar em família o que é da família, sem detalhar se o facto de concorrer contra o irmão, Alberto Souto, está a prejudicar o ambiente: “Se jantamos mais ou se jantamos menos, acho que isso é algo para ficar dentro de casa”, responde remetendo para o “debate político”.
Mas o irmão, que concorre pelo PS depois de já ter liderado a autarquia, levanta o véu, lembrando que se apresentou “primeiro” e “não contava que ele se apresentasse”.
“Criou uma circunstância familiar que é inusitada”, admite.
Na versão de Luís Souto, a história "é muito simples": “Um ano antes, eu anunciei numa rádio local que estaria disponível. O Alberto sabia que era uma das fortes possibilidades, acreditou que s outras seriam mais fortes, foi uma questão de cálculo. Teve tempo para retirar a candidatura. Não o quis fazer.”
Além dos irmãos em lados opostos da barricada política, concorrem à autarquia aveirense Diogo Machado (Chega), João Moniz (BE), Miguel Gomes (IL), Cristina Tavares (CDU) e Bruno Santos Fonseca (Livre).
Embalado pelo resultado das legislativas, o Chega ambiciona vencer nas eleições de 12 de outubro, contrariando o favoritismo da atual maioria PSD/CDS e do PS.
E se os socialistas prometem abertura para dialogar, com Alberto Souto a recordar que “95%” das decisões enquanto liderou a Câmara de Aveiro “em minoria, foram por consenso”, o candidato que defende a atual maioria (PSD e CDS) dramatiza para um cenário de uma vitória minoritária.
“Alertando porque já não estão habituados ao que seria uma não existência de uma maioria absoluta e que isso seria uma aventura de custos muito pesados”, refere.
Uma das polémicas da campanha passa pelo projeto de um hotel com 600 camas no Cais do Paraíso, uma das entradas de Aveiro, decisão aprovada em Assembleia Municipal ao cair do pano que a oposição pretende reverter.
O PS promete tentar revogar sem custos para a autarquia, o Chega considera que o projeto é “um crime de lesa-Aveiro”, a IL defende que o volume é um “exagero”, o Bloco de Esquerda chama-lhe “mamarracho” e o PCP “uma aberração”. Já o Livre alerta contra o perigo ambiental de uma estrutura como esta num local “frágil”.
Luís Souto contra-ataca avisando os opositores que “vão ver o hotel voar e com ele os postos de trabalho, o pequeno comércio, a restauração”.
No debate TSF/JN, o atual presidente da Assembleia Municipal considerou que as críticas da oposição são “opiniõezinhas de café” e deixou um repto: “Tenham a coragem de sair daqui, ir ao Ministério Público e apresentar queixa contra o Presidente da Câmara e contra os tais que foram favorecidos”, desafiou.
Na resposta, o Chega afirmou que “o Presidente da Câmara Municipal de Aveiro vai ser chamado à comissão competente na Assembleia da República para aí prestar os conhecimentos” e que vai ser apresentada queixa no Ministério Público.
Já Alberto Souto, irmão de Luís Souto, indignou-se contra “esta desqualificação que o candidato da Aliança acabou de fazer dos candidatos à Câmara como sendo uma conversa de café”.
“Nós estudámos as matérias, temos opiniões próprias e estamos a transmiti-las com a responsabilidade de sermos candidatos à Câmara“, rematou.
O assunto promete continuar durante e depois das autárquicas de 12 de outubro.