"Quem cala, consente. Quem protesta, alcança." Sindicatos satisfeitos com greve
CGTP e UGT esperam que Governo assuma um novo rumo nas negociações salariais.
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Terminada a greve da Função Pública, que esta sexta-feira levou às ruas milhares de pessoas, os sindicatos mostram-se satisfeitos com o número de participantes.
Em declarações à TSF, Arménio Carlos, líder da CGTP, estima que a adesão à greve tenha sido superior a 80%, o suficiente para que, nas suas palavras, o país tenha quase paralisado no que diz respeito a serviços públicos.
"Na educação, na saúde, no poder local, na justiça, um pouco por todo o lado o que se verificou foi um país praticamente paralisado no plano da prestação dos serviços públicos. Houve também uma grande compreensão por parte da população face a esta situação que se verificou, que não resultou da vontade expressa dos trabalhadores, mas que foi a resposta dos trabalhadores à falta de vontade do Governo em resolver um problema que, por via do diálogo e da negociação, já há muito podia estar resolvido", defendeu o sindicalista.
Depois desta greve, Arménio Carlos defende que é agora altura do Governo provar que é de esquerda e, para isso, parte de um provérbio popular.
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"Quem cala, consente. Quem protesta, alcança. Há bem pouco tempo tínhamos o Governo a dizer que não faria a atualização dos salários para 2019, agora estamos confrontados com uma posição do Governo, que fala em 50 milhões de euros para aumentar os salários de 650 mil trabalhadores ao mesmo tempo que anuncia que tem 400 milhões de euros para desviar, mais uma vez, para o Novo Banco", reitera.
Esta posição do Governo, diz o líder da CGTP, significa que "já valeu a pena os trabalhadores protestarem, contestarem e manifestarem a sua indignação. Se, porventura, o Governo não tiver em consideração esta contestação e este sentimento de unidade e coesão que se verificou, tudo isto levará a uma grande manifestação no dia 15 de novembro."
UGT surpreendida com adesão
Do lado da UGT, José Abraão reforça a ideia de que a insatisfação não se esfumou após esta sexta-feira. O sindicalista mostrou-se mesmo surpreendido com os números da adesão a esta greve e espera agora uma resposta concreta do Governo: no mínimo, uma proposta negocial para o aumento dos salários.
"Se assim não for, resta-nos lutar e manifestar permanentemente o nosso descontentamento até que o Governo perceba que há vida para além do défice", alerta José Abraão.